[CamaraDas] Artigo: Martha Medeiros

  • From: Niquele <niquele@xxxxxxxxx>
  • To: CamaraDas <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Sun, 8 May 2016 17:39:57 -0300

O mundo não é maternal

É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.
Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é um
erro de cálculo. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de
tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.

O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga
se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por
maus elementos.

O mundo quer defender o seu, não o nosso.
Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada
com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente
fume, que a gente beba.

O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não
detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo
não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de
bolo feito em casa.

O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui.
O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir. O mundo
pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de
instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas
no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego.

Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial,
metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se
oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no lugar da gente, se preocupa
com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o
mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais
bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo.

Mãe é de graça!

Other related posts:

  • » [CamaraDas] Artigo: Martha Medeiros - Niquele