[CamaraDas] Bilionário aos 37 anos

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  • Date: Mon, 15 May 2006 16:24:08 -0300

Aos 37 anos, André Esteves fecha o maior negócio da história do País, vende o 
Pactual por US$ 3,1 bilhões para o UBS e se torna o novo titã do capitalismo 
brasileiro

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Por Leonardo Attuch, Alexandre Teixeira e humberto franco (fotos) 
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Terça-feira 9, 16h30: Esteves (à esq.) é flagrado ao deixar o Pactual ao lado 
do CEO do UBS após o anúncio da fusão
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"A força global do UBS faz do Pactual uma plataforma de operações no 
continente" 
André Esteves, nomeado presidente do UBS Pactual                 "Ficarei 
desapontado se os negócios não cumprirem a meta de crescer " 
Huw Jenkins, CEO do UBS Investment Bank 

        O sorriso estampado no rosto do jovem de terno escuro na foto acima diz 
tudo. Ele acaba de trocar a letra "m" pela letra "b". Seu nome é André Esteves 
e ele, aos 37 anos, já não é mais um simples milionário. Sua fortuna chegou à 
casa do bilhão. De dólares. Esteves é o principal acionista do Pactual, o maior 
banco de investimentos brasileiro, que acaba de ser vendido para o grupo 
financeiro suíço UBS - conforme noticiado, em primeira mão, pelo site da 
DINHEIRO na tarde da segunda-feira 8, instantes após a conclusão do negócio. Ao 
todo, a transação poderá chegar a inacreditáveis US$ 3,1 bilhões, que serão 
pagos a uma empresa com apenas 517 funcionários. É mais do que o Itaú pagou 
pelo BankBoston (US$ 2,2 bilhões). Mais do que o banqueiro Aloysio Faria 
embolsou ao vender o Real ao ABN Amro (US$ 2,3 bilhões). E muito mais ainda do 
que o lendário Jorge Paulo Lemann recebeu ao se desfazer (em uma operação de 
US$ 700 milhões) do Garantia, um banco similar ao Pactual. É também mais do que 
o valor de qualquer aquisição de empresa brasileira feita fora das 
privatizações. Mas o que torna a história de Esteves surpreendente não é só o 
valor astronômico da venda. Ele construiu o seu primeiro bilhão de dólares mais 
rápido do que qualquer outro financista brasileiro e em condições mais 
adversas. Nascido de uma família humilde da Tijuca, no Rio de Janeiro, este 
analista de sistemas introspectivo, torcedor do Fluminense, ingressou no 
Pactual aos 22 anos como técnico em informática, brilhou na mesa de renda fixa 
quando teve sua primeira oportunidade e chegou ao topo num piscar de olhos. 
Hoje tem cerca de 30% do capital do banco. Mas abre mão de uma sala reservada e 
mantém o hábito de sentar-se à mesa de operações. Tímido, o novo Midas do 
capitalismo brasileiro diz que todo o dinheiro que receberá do grupo suíço será 
aplicado em fundos do novo UBS Pactual. "Fui feito para ganhar dinheiro; não 
para gastar", disse Esteves à DINHEIRO (leia entrevista inédita na próxima 
página). Seu carro, um Audi, tem quatro anos de uso. Jatinhos e helicópteros 
não fazem parte de seus planos.
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Rodrigo Xavier é o gestor de fundos do Pactual, com US$ 18 bi a seus cuidados
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        Tido pelos sócios e pelos raros amigos como workaholic ao extremo, 
Esteves toma café, almoça e janta Pactual. Se não está no escritório, o que é 
raro, refugia-se em sua fazenda nas proximadades de Juiz de Fora, em Minas 
Gerais, e devora livros sobre finanças. Graças ao estilo discreto, até a semana 
passada, costumava circular incógnito pela Avenida Faria Lima, em São Paulo, 
onde ficam os escritórios do banco. Avesso a todo tipo de badalação, ele jamais 
se deixou fotografar - a imagem que estampa esta reportagem é um furo 
jornalístico do repórter fotográfico Humberto Franco, da DINHEIRO, que captou o 
momento exato em que Esteves se despedia de Huw Jenkins, CEO do UBS, logo após 
anunciar por teleconferência o negócio à imprensa mundial, na terça-feira 9. A 
partir de agora, Esteves não poderá mais viver no anonimato. Com seu bilhão de 
dólares, ele se torna um dos capitalistas de proa do País. E é pelo menos 10 
anos mais jovem do que qualquer concorrente. "Se fosse só por dinheiro, ele já 
poderia ter parado de trabalhar antes mesmo da venda ao UBS", diz um executivo 
sênior de um banco de investimento rival. "Mas a ambição do André é fazer 
história no mercado brasileiro". O próprio Esteves admite que se inspira em 
ninguém menos que Jorge Paulo Lemann, de quem se tornou amigo.
Biô Barreira    
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Porto Filho, o Totó, é o sócio veterano de uma equipe com idade média de 35 anos
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        A venda do Pactual ao UBS produziu um segundo bilionário ainda mais 
moço. É Gilberto Sayão, de 35 anos, que, assim como Esteves, veio de uma 
família de classe média do Rio. Giba, como é conhecido pelos amigos, começou na 
área de manutenção de computadores e acabou na mesa de câmbio em um ano em que 
o Pactual ganhou muito dinheiro. Seu bônus foi enorme e pago em ações, o que 
lhe abriu as portas da sociedade. Hoje, sua participação acionária é igualmente 
de 30%. As semelhanças com Esteves não param aí. Sayão também nunca permitiu 
que se fizesse uma foto dele. Um de seus hobbies é andar de bicicleta, anônimo, 
pelas ruas do Leblon. Os esportes são sua paixão. Já foi campeão de motocross, 
luta jiu-jitsu e um pouco de boxe, joga tênis e veleja. Recentemente, bateu um 
recorde mundial em motonáutica, numa travessia entre Santos e Rio de Janeiro. 
Sayão é um dos sócios do empresário Eike Batista na lancha Spirit of Brazil e, 
embora você não o veja na imagem abaixo, é um dos quatro tripulantes da 
embarcação. A um amigo, logo após fechar o negócio, ele revelou seu estado de 
espírito. "Vou fazer a mesma coisa que faria nos próximos cinco anos, só que 
com muito mais dinheiro no bolso." Explica-se: tanto Esteves quanto Sayão 
ficarão no UBS Pactual pelo menos até 2011. É uma das pré-condições para que 
recebam todo o pagamento acordado. Depois, estarão livres para fazer o que bem 
entenderem.
Divulgação      
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US$ 1 bilhão caberá a Sayão, sócio do Pactual e do empresário Eike Batista, na 
lancha Spirit of Brazil (acima)
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        No primeiro momento, a cifra de US$ 1 bilhão já está sendo desembolsada 
à vista. Outros US$ 500 milhões serão usados para reter os principais talentos 
do Pactual pelos próximos cinco anos. E há ainda US$ 1,6 bilhão que poderão vir 
a ser pagos, dependendo dos resultados do banco. Mas os sócios estão seguros de 
que essa parcela também será alcançada. Esteves será o CEO das operações em 
toda a América Latina. Sayão cuidará da empresa de participações do grupo, que 
já tem ativos importantes, como o controle da Light, a distribuidora de energia 
do Rio de Janeiro. No seu radar, ele vislumbra novas oportunidades na área 
elétrica e também nos setores imobiliário, de mídia e agribusiness.
Biô Barreira    
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Ganhos dos sócios do Pactual vão para fundos geridos pela equipe do banco 
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        As cifras envolvidas na compra do Pactual deixaram o mercado entre o 
perplexo e o eufórico. "Mesmo com este prêmio para manter as melhores cabeças 
no banco, US$ 3 bilhões é muito", avalia o presidente brasileiro de um banco de 
investimentos estrangeiro. "Tudo o que o UBS fazia o Pactual também faz, o que 
significa sobreposição", pondera ele. A compra, bem mais em conta, do Boston 
pelo Itaú é citada por muita gente no mercado para elogiar os talentos de 
negociação de Esteves e companhia. "Foi uma operação genial, que põe os preços 
dos ativos brasileiros em outro patamar", diz o vice-presidente de um banco de 
varejo estrangeiro. Vale lembrar que, ao contrário do Boston (um banco que não 
tinha escala para competir no varejo bancário nacional), o Pactual é um 
eficiente banco de investimentos, de padrão global. "O preço é compatível com 
uma operação desse nível no mercado internacional", diz Martin Liechti, 
responsável pela área de gestão de fortunas do UBS.
        Até que a venda para o UBS se consumasse, foram necessários cinco meses 
de um namoro que começou na virada do ano, quando a Goldman Sachs, pretendente 
inicial, desistiu da compra do Pactual. Esteves e seus sócios decidiram, então, 
aproveitar o bom momento do mercado acionário brasileiro para buscar uma 
alternativa, que seria a abertura de capital do próprio Pactual. E procuraram o 
UBS para assessorá-los na operação. As conversas, surpreendentemente, evoluíram 
para uma aquisição. "Sempre fomos assediados com cartas de amor, e desta vez 
decidimos aceitar", diverte-se Esteves. Na época da transação com a Goldman, o 
Pactual chegou a ser oferecido aos suíços, mas o antigo CEO do UBS, John 
Costas, tinha certa aversão ao Brasil. Quando Huw Jenkins assumiu seu posto, a 
operação renasceu. 
        Na nova empresa, deve predominar o time do Pactual, que responderá pela 
área de banco de investimentos e gestão de fundos. Do UBS, virá o executivo 
para comandar a administração de grandes fortunas. "Numa transação dessas, o 
que você compra são pessoas e o difícil é mantê-las", diz um banqueiro de 
investimento que passou recentemente por essa experiência. "Quando a primeira 
bolada cai na conta, o cara quer mais é ir pescar." No caso do UBS Pactual, o 
risco de saída de profissionais é grande em razão do choque cultural. O UBS é 
um banco global com controles e processos rígidos. O Pactual é bem mais 
flexível, o que garante a agilidade que o caracteriza. "Por quanto tempo você 
acha que um desses novos milionários vai ter paciência para se reportar a um 
gringo em Nova York?", pergunta um banqueiro concorrente.
        Sediado no Rio de Janeiro, o Pactual nasceu como corretora em 1983, 
passou a administrar fundos no ano seguinte e virou banco de investimentos em 
1986, comandado por Luiz Cezar Fernandes, Paulo Guedes, André Jacurski e outras 
estrelas do mercado nos anos 80. A atual geração, Esteves à frente, isolou Luiz 
Cezar na década passada, quando este quis transformar o Pactual num banco de 
varejo, e instaurou ali uma república de jovens fanaticamente devotados ao 
banco. A idade média dos atuais sócios é de 35 anos, e eles têm de 10 a 12 anos 
de experiência no grupo. A política da sociedade não permite que nenhum deles 
invista em negócios fora do Pactual. A política de RH do banco é resumida em 
relatório da agência Fitch Ratings: "Pagamento de salários fixos baixos que são 
complementados por generosas gratificações semestrais, a título de participação 
nos resultados." 
        Há mais de 20 bancos de investimentos no Brasil, mas nenhum combina as 
áreas de gestão de recursos e operações de mercado de capitais como o Pactual. 
Em fundos, só perde para bancões como Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. Entre 
2004 e 2005, participou das mais importantes aberturas de capital feitas no 
Brasil, liderando operações como as da Localiza, Porto Seguro, Grendene e ALL. 
Colocou, assim, US$ 1,85 bilhão em papéis no mercado.
        A rodada final de conversas entre Pactual e UBS aconteceu no fim de 
semana passado, no número 4 da Times Square, em Nova York, no famoso edifício 
Condé Nast. É lá também que fica a sede da firma Skadden Arps, que atuou em 
nome do Pactual juntamente com os advogados do escritório Barbosa, Mussnich, 
Aragão. Esteves, Sayão e o controller Horta passaram o sábado e o domingo 
trancados com os advogados revisando os últimos detalhes dos contratos. Saíram 
apenas para jantar no próprio hotel onde estavam hospedados, o luxuoso The 
Peninsula, da 5ª Avenida. Quanto tomaram o vôo de volta para São Paulo, 
acompanhados de Huw Jenkins e muitos outros executivos do UBS, no domingo à 
noite, eles já estavam certos de que o negócio seria selado. No fim da tarde da 
segunda-feira 8, quando Esteves e Jenkins finalmente firmaram todos os papéis, 
eles trocaram sorrisos, apertos de mão e o protocolar "congratulations". E a 
comemoração? Champanhe? Charutos? Festa fechada num transatlântico? "Vou só 
fazer um almoço de Dia das Mães na fazenda", diz Esteves. E o futuro? "Agora 
vamos ter que trabalhar muito mais", disse o novo bilionário aos demais sócios. 
"Boa parte do pagamento ainda depende da nossa performance". Alguém duvida que 
eles conseguirão? 
        Com reportagem de Aline Lima e Daniella Camargos
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US$ 200 milhões foi o lucro do Pactual em 2005. O banco gere US$ 23 bi em 
ativos de terceiros
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Gigante global, com US$ 2,27 trilhões em ativos, o UBS, no Brasil, só 
administra US$ 900 milhões
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US$ 1,8 bilhão em ações foram colocados no mercado pelo banco Pactual em 
aberturas de capital
 
"Fui feito para ganhar dinheiro"
Em uma rara entrevista, concedida na quinta-feira 11, André Esteves, CEO do UBS 
Pactual, diz que não deixará o banco para seguir carreira solo nas finanças. A 
bolada que lhe cabe na transação de US$ 3,1 bilhões, ele garante, será aplicada 
em fundos geridos pelo banco. Esteves é bem humorado e fala rápido, com o 
sotaque carioca que a Tijuca lhe deu e a clareza cartesiana que sua formação de 
matemático lhe confere. Sem amargura, ri por último dos "banqueiros 
intelectuais" que desdenhavam de sua geração de "cabeças de sistema" no 
Pactual. "A resposta está aí. Fora as privatizações, fechamos o maior negócio 
do País"
DINHEIRO - Sempre houve no Pactual uma cultura de os sócios investirem onde 
está o capital do cliente. E agora, com todo esse dinheiro?
ESTEVES - Vai continuar. Mais do que nunca, vai continuar, porque todo o 
dinheiro recebido pelos sócios vai ser reinvestido nos produtos que a gente 
mesmo gere e dos quais os clientes participam. Ou seja, os sócios não vão ter 
dinheiro no bolso.
E depois dos cinco anos que vocês se comprometeram a passar no banco para 
receber o pagamento integral?
Eu não vejo motivo para sair do banco. Pelo contrário. Nosso compromisso é 
incorporar essa cultura ao UBS e realizar um projeto latino-americano. 
Ciete Silvério  
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Lemann, investidor: Fundador do Banco criou uma cultura empresarial. "Admiro o 
Jorge Paulo Lemann e, de certa forma, me inspiro nele"
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Alguns banqueiros dizem que sua ambição é ser um novo Jorge Paulo Lemann (o 
lendário criador do Garantia, que virou investidor e hoje é sócio da InBev e 
das Lojas Americanas).
Eu tenho grande admiração pelo Jorge Paulo e, de certa forma, me inspiro nele. 
Não só porque ele soube criar riquezas. O Jorge Paulo também criou uma cultura 
empresarial e soube transmitir seus valores num país onde muita gente não tem 
tanto apreço pelo capitalismo. Ele é o maior empresário da geração dele.
Como o senhor compara a venda do Pactual aos outros grandes negócios do setor 
nos últimos anos?
Esta é a maior operação do setor financeiro da história do Brasil. Em termos de 
investimento estrangeiro direto no País, é também a operação mais importante 
que já tivemos, fora as privatizações. Todos devem ficar orgulhosos disso: 
empresários, governo, reguladores, clientes, investidores, brasileiros em geral.
Vocês têm uma cultura empresarial admirada pelo mercado. Ao vender o banco para 
o UBS deixarão de ser empreendedores para ser empregados?
Não, de jeito algum. O capitalismo brasileiro está se modernizando. Então, o 
empresário vai perceber que, para empreender, não precisa ter 51% das ações 
ordinárias. Se você olhar para as grandes empresas globais, os maiores 
acionistas têm 2%, 3% das ações e nem por isso deixam de ser empreendedores. O 
mundo mudou muito. Os Estados Unidos têm o capitalismo mais socialista do 
mundo, e a China tem o socialismo mais capitalista do planeta.
Cale    
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Cezar, banqueiro: Legado do criador do Pactual é o foco na gestão de pessoas. " 
Luiz Cezar percebeu, mais que ninguém, o peso do capital intelectual" 
 <http://www.terra.com.br/istoedinheiro/images/1px_invisivel.gif>       
O Pactual, comprado por um grupo suíço, vai se tornar um banco mais 
conservador, mais "cintura dura"?
Não, eu acho que a idéia do UBS é preservar aquilo que a gente tem de bom. 
Claro que, como parte de uma organização global, nós vamos passar a seguir 
alguns padrões. Mas nada que nos obrigue a reduzir a competitividade que temos 
hoje. Pelo contrário. O desafio que nos anima é, a partir de toda a força de 
uma organização global, tornar o banco mais competitivo. Por exemplo: o UBS é 
um dos poucos bancos do mundo que é "AA+", o melhor rating (classificação de 
risco) de todos. Isso abre uma porção de janelas de oportunidade para o banco, 
lidando com investidores estrangeiros e no próprio mercado local.
E num banco assim haverá espaço para manter o estilo de gestão de vocês?
O UBS talvez seja a organização global que mais absorveu cultura da empresas 
que adquiriu. Ele é fruto de várias aquisições, que moldaram uma cultura 
empreendedora verdadeiramente global que funciona muito bem. 
No Brasil, vocês é que vão estar à frente da integração. E há áreas de 
sobreposição, como o departamento de análise de mercados e empresas. O que vai 
acontecer com a equipe do UBS?
Esta é uma associação que não é movida por redução de custos. A gente tem uma 
agenda de crescimento tão importante que a nossa sensação é que temos que 
juntar os dois times. Não está sobrando gente. E ainda há o horizonte 
latino-americano para explorar. 
Como é este projeto do UBS Pactual para a América Latina?
O objetivo é a nossa operação ser uma plataforma latino-americana. O UBS tem 
algumas operações de médio porte no México. Nós vamos integrar isso. E levar a 
nossa maneira de fazer negócios aos países que tiverem escala para isso. 
Argentina e Chile, com certeza. E os outros países também têm um grupo de 
empresas, de famílias que sempre requerem adviser qualificado internacional.
Fora da área de banco de investimento, vocês criaram uma empresa de 
participações que participa do controle da Light. Há algum foco definido para 
essa empresa? Alvos e estratégias?
Não, na verdade a idéia é desenvolver fundos de private equity que vão buscar 
oportunidades no setor real da economia brasileira.
Além do Jorge Paulo Lemann, quem mais atrai a sua admiração?
O Luiz Cezar Fernandes, que fundou o Pactual e criou a cultura focada em 
recursos humanos que nos diferencia da concorrência. O investimento em pessoas 
integralmente focadas no banco está no nosso DNA. Mais do que ninguém, ele 
soube perceber que o sucesso das empresas depende do capital intelectual. 
E na economia real?
Não quero citar nomes para não cometer injustiças. Mas esses empresários que 
estão chegando à bolsa, em especial no Novo Mercado, serão os grandes agentes 
de transformação do capitalismo brasileiro. Eles chegam ao mercado com uma 
cultura de transparência e valorização do acionista minoritário.
E lá fora, o senhor tem um ídolo? Warren Buffet talvez?
O Buffet é muito interessante. Ele diz abertamente o que faz no mercado 
acionário, mas só ele faz. O segredo dos grandes empresários está menos na 
estratégia e mais na execução. Qualquer estudante de administração da FGV é 
capaz de fazer o business plan de um banco de investimento. Mas o que importa 
não é a teoria. É saber fazer direito.
O Brasil caminha para um capitalismo de empresas sem dono?
A gente está caminhando para um capitalismo mais democrático, onde tanto os 
investidores locais como os internacionais e os gestores de recursos de 
poupadores menores passam a ser players mais importantes nos conselhos e na 
gestão das companhias. Essa é uma evolução do capitalismo brasileiro. Isso vai 
nos levar mais longe.
Esse movimento vai chegar também às empresas médias?
Já está chegando. Há mais empresas com acesso ao capital da Bolsa de Valores, 
que é um capital de qualidade muito nobre. Empresas de um porte que até então 
não as fazia clientes de um banco de investimento. 
Isso pode trazer de volta bancos de investimento estrangeiros que estavam menos 
confiantes no Brasil?
Os bancos de investimento estrangeiros historicamente tiveram uma política de 
stop and go no Brasil. Quem ficou no País foram aqueles que fizeram algum tipo 
de investimento em aquisição. Esses vão ficar por aqui em qualquer cenário. 
Como o mercado sofreu uma mudança econômica e institucional importante, eu 
diria que o ambiente deve ser de bancos de investimento globais presentes no 
Brasil. Há cinco anos, você tinha cinco dias no ano para fazer um IPO (abertura 
de capital) no Brasil. Hoje, deve haver cinco dias em que não dá para fazer uma 
abertura de capital. Final de Copa do Mundo, por exemplo.
O Brasil caminha para virar investment grade rapidamente?
Rapidamente, eu diria que não. Não acho que seja uma trajetória fulminante. 
Agora, eu acho que é uma trajetória consistente. A lógica econômica que vem 
sendo implementada no Brasil é correta e apartidária. Essa é a política 
econômica que está gerando emprego, está aumentando a renda, criando essa 
transformação no mercado de capitais que gera mais investimento. É isso que a 
gente quer, independente de o governo ser de esquerda ou de direita. Essa 
política econômica não é de nenhum partido brasileiro. É a política econômica 
da Inglaterra, da Espanha, dos Estados Unidos, da Rússia, do México. São os 
mesmos ensinamentos que a gente tem nas nossas casas. A gente pode gastar mais 
do que a gente ganha? Não pode.
Seus sócios têm hobbies como motocross ou automobilismo. E você, o que faz para 
relaxar? Como vai comemorar o negócio fechado?
Olha, a minha vida é isso aqui (o Pactual). E a minha família. Não tenho hobby, 
não. Gosto de ler. Fui feito para ganhar dinheiro; não para gastar. Meu carro 
tem quatro anos e funciona bem. Não tenho porque trocar. Avião, não tenho. E 
não sou de festa. Vou levar a família para a fazenda no domingo, para comemorar 
o Dia das Mães.  
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