[CamaraDas] Dupla do arraso!

  • From: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
  • To: "Ana Beatriz Ferreira Groba" <ana.groba@xxxxxxxxxxxxx>, <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Tue, 23 May 2006 23:03:05 -0300

Tourinho foi ministro de janeiro de 1999 até fevereiro de 2001, depois vieram, 
respectivamente, José Jorge e Pedro Parente.
Realmente parece ser dele a maior parte da "culpa".
Entretanto parece que o estigma do "apagão" ficou mesmo com JJ.
Vejam os textos abaixo...
 
 
SALTO NO ESCURO (21/08/01)



Ex-ministro afirma que governo não investe em energia e coloca privatização 
como maior vilã da crise

Racionamento é culpa de FHC, diz Tourinho 

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA 

O governo Fernando Henrique Cardoso deixou de investir em energia desde 1995 e 
houve erro no modelo de privatização.
As acusações são do ex-ministro de Minas e Energia Rodolpho Tourinho. Ele foi 
demitido do cargo por FHC no começo do ano, após desentendimentos do presidente 
com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que o indicou para o cargo.
"Todo o governo sabia da fragilidade do sistema elétrico desde o blecaute de 
1999", disse.
Embora não tenha sido citado nominalmente no relatório da Comissão de Análise 
do Sistema Hidrotérmico, ligada ao "ministério do apagão", Tourinho pode ser 
considerado culpado porque a comissão atribui ao Ministério de Minas e Energia 
durante sua gestão a principal responsabilidade pela crise de energia elétrica.
De acordo com Tourinho, o governo sabia, por meio da Eletrobrás, que precisava 
investir R$ 8,5 bilhões por ano para manutenção e ampliação do sistema 
elétrico. "Mas o orçamento da Eletrobrás só dava para R$ 2,3 bilhões."
Segundo ele, a Eletrobrás recomendava, desde 1996, que se aumentasse em cerca 
de 3.000 megawatts por ano a capacidade instalada no país. "Mas, de 1995 a 
1998, no governo FHC, a média foi de 1.660 megawatts por ano."
O ex-ministro disse que, na sua gestão, iniciada em janeiro de 99, a capacidade 
instalada aumentou para 4.700 megawatts em 2000.
Tourinho afirma que, desde o início do governo FHC, foi feita metade das linhas 
de transmissão recomendadas pelos relatórios técnicos da Eletrobrás.
Ele contesta o modelo de privatização adotado. "Não podia privatizar geração 
porque era preciso investimento. Mas, mesmo assim, o governo colocou as 
geradoras no PND [Programa Nacional de Desestatização" e elas não puderam mais 
investir", disse.
A intenção era substituir o investimento estatal pelo privado, mas só as 
distribuidoras -que não produzem energia- foram vendidas. Tourinho criticou o 
relatório elaborado pela comissão, coordenada pelo diretor-presidente da 
Agência Nacional de Águas, Jerson Kelman. "É uma coleção de obviedades", disse 
ele. Procurado, Kelman informou, por meio da assessoria, que não iria se 
manifestar.

 

SALTO NO ESCURO (27/07/01)

Informação contradiz relatório da GCE

FHC sabe o que se passa nas Minas e Energia, diz ministro José Jorge 

DA SUCURSAL DO RIO 

O ministro de Minas e Energia, José Jorge, afirmou ontem que o presidente FHC 
toma conhecimento de todos os fatos importantes que acontecem dentro do 
ministério. Segundo ele, nenhum ministério tem autonomia em relação ao 
presidente.
A informação contradiz o resultado do relatório da GCE (Câmara de Gestão da 
Crise de Energia Elétrica), o "ministério do apagão"), que analisou as causas 
do racionamento. O documento aponta o ex-ministro Rodolpho Tourinho como 
principal responsável pela crise do setor elétrico. Ele não teria informado 
adequadamente FHC sobre o baixo nível dos reservatórios.
Questionado como seria possível o presidente não saber da crise, José Jorge 
respondeu: ""Não me cabe julgar o presidente". E completou: ""Há coisas em meu 
ministério que nem eu sei".
José Jorge disse ainda que não é possível culpar uma ou duas pessoas por uma 
crise como a energética. Ele reiterou a informação do relatório de que é 
preciso investir na expansão da capacidade de geração de energia brasileira.
A GCE está estudando a formação de um leilão que garanta a compra de energia de 
térmicas pela Eletrobrás. Em duas semanas, será definido o modelo do leilão e o 
volume de energia que será adquirido pela estatal.

 

10/06/01

Tourinho faz dossiê sobre crise energética e protege FHC 

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR 

Enquanto seu padrinho político, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, ataca o 
presidente da República um dia sim e no outro também, o ex-ministro de Minas e 
Energia Rodolpho Tourinho toma outro caminho: preparou um extenso dossiê sobre 
a crise energética para contar uma história semelhante à divulgada pelo Palácio 
do Planalto.
Tourinho vai além. Em entrevista à Folha na tarde de sexta-feira, fez o que 
pôde para não constranger Fernando Henrique Cardoso e a equipe econômica. "Não 
sou político", diz o ex-ministro.
Aos 59 anos, o economista que foi ministro de Minas e Energia de janeiro de 99 
a fevereiro deste ano tem opinião idêntica à de FHC: o problema maior da crise 
atual é a falta de chuva.
As 103 páginas de seu dossiê contêm inúmeras tabelas e gráficos que explicam em 
parte como o Brasil entrou na atual barafunda energética.
Não é uma história que exime FHC e sua equipe de culpa. Mas dilui a 
responsabilidade para todos os presidentes desde 87, ano a partir do qual houve 
uma queda brutal dos investimentos no setor elétrico do país.
Tourinho poupa FHC até no que considera um dos erros do atual governo -sem 
nunca pronunciar a palavra "erro"-, que foi não ter resolvido o problema do 
preço do gás para as 49 termelétricas anunciadas em fevereiro do ano passado.
O governo ficou com medo de prometer aos investidores que o preço do gás 
importado, em dólar, seria compensado com o reajuste nas tarifas quando 
houvesse desvalorização do real.
O ex-ministro diz ter recebido o apoio de Armínio Fraga (presidente do Banco 
Central) e de Pedro Parente (ministro da Casa Civil) na discussão do risco 
cambial do gás.
Sobre o presidente, diz que FHC entendia do assunto. O máximo de crítica que se 
permite é uma citação velada ao ministro da Fazenda, Pedro Malan: "Por que a 
equipe econômica demorou a ver isso?". Nada mais.
Ataque mais direto só para a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), 
única entidade identificada por Tourinho como frontalmente contra o regime de 
proteção cambial para o gás importado.
Tourinho diz não guardar mágoa do presidente da República. Mesmo depois de ter 
sido demitido de forma humilhante, por meio de uma nota distribuída à imprensa, 
ainda produziu um dossiê que poderia ser muito útil ao governo nas explicações 
sobre a crise energética. Pelo menos, tem mais informações nessas 103 páginas 
do que em todas as declarações dos integrantes do "ministério do apagão".
A seguir, os principais trechos da entrevista do ex-ministro:


Folha - O sr. já disse que avisou o presidente da República sobre o risco de 
crise. Por que ele diz ter sido surpreendido?
Rodolpho Tourinho - Eu separaria duas coisas. A crise estrutural era conhecida 
de todos. Já os dados sobre os reservatórios preparados pelo ONS [Operador 
Nacional do Sistema Elétrico" não continham ainda em dezembro de 2000 
informações específicas sobre a crise que estava para começar. E é inegável que 
o nível das chuvas deste ano é o mais baixo dos últimos 70 anos.


Folha - O plano de construir 49 termelétricas e gerar até 12 mil MW novos 
empacou por causa da falta de solução para o risco cambial do preço do gás. Por 
que esse assunto demorou tanto para ser solucionado?
Tourinho - Era uma questão política. A Aneel estava contra. Entidades 
empresarias estavam contra também.


Folha - Quem era a favor e quem era contra a adoção da correção cambial?
Tourinho - Eu era a favor. Era a única saída que dispúnhamos para suprir o país 
com energia no curto prazo, recuperando o déficit acumulado no passado recente. 
Eu sempre disse que o programa das termelétricas era apenas uma ponte até que o 
Brasil resolvesse o "gap" existente entre oferta e demanda.


Folha - Sim, mas quem no governo foi contra oferecer a correção cambial?
Tourinho - A Aneel era contra. Mas não havia uma pessoa ou outra entidade 
específica contrária. O problema era mesmo político. O ministro da Casa Civil, 
Pedro Parente, era a favor. O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, era a 
favor.


Folha - Mas e o presidente? E o ministro da Fazenda?
Tourinho - Nas reuniões, ninguém era contra. Havia apenas dois problemas que 
precisavam ser resolvidos. Um deles era o político. O outro era o Plano Real, 
que impedia a indexação em dólar.


Folha - E houve alguma solução proposta?
Tourinho - Depois de muita discussão, os investidores concordaram em não 
receber o reajuste trimestral. Ficou tudo para o que se chama de "tracking 
account", que é a forma de carregar o custo de uma eventual desvalorização e 
fazer um acerto ao final de cada ano.


Folha - No seu dossiê sobre a crise de energia elétrica, o sr. relata que houve 
uma reunião de investidores com o presidente da República no dia 4 de julho do 
ano passado. Ali, ficou mais ou menos tudo acertado. O presidente da República 
não tomou providências depois dessa reunião?
Tourinho - O presidente tinha conhecimento do assunto, mas o que aconteceu é 
que havia apenas uma proposta a ser encaminhada. O problema não estava 
superado. Talvez por problemas políticos. Havia ainda divergências dentro do 
governo.


Folha - O sr. poderia explicitar essas divergências?
Tourinho - Não posso identificar exatamente quem era contra ou a favor. Mas as 
medidas não saíram. Acho que acabaram politizadas. Apareceu nos jornais como 
dolarização de tarifa.


Folha - E não era dolarização?
Tourinho - Em parte. Você teria uma parcela muito pequena, apenas na conta de 
uma distribuidora que comprasse energia de uma termelétrica. Como a imensa 
parte da energia produzida no país é hidráulica, o impacto seria pequeno. Num 
cálculo em que houvesse desvalorização cambial de 10% num ano, o impacto seria 
de apenas 1% a 2% na tarifa do ano seguinte.


Folha - O presidente FHC disse que a capacidade de geração do país aumentou, em 
média, 3.100 MW por ano desde 95. Os números do seu dossiê são diferentes. Por 
quê?
Tourinho - Não sei. De 95 para cá houve um aumento médio anual de 
aproximadamente 2.500 MW na capacidade de geração. Pouco para a necessidade do 
país. Mas isso não é o mais grave. O problema é que o pico foi nos últimos dois 
anos. Nos anos anteriores, de 1995 a 1998, houve um déficit grande acumulado, 
com um aumento sempre apenas entre 1.000 e 2.000 MW.



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