[CamaraDas] ENC: Educação na Coréia do Sul

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  • Date: Thu, 28 Sep 2006 10:12:55 -0300

Artigo interessante postado no Blog do Noblat.
 

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O Exemplo da Coréia do Sul

Carlos Henrique Araújo e Nildo Luzio 


Como um dos quatro tigres do sudeste asiático, a Coréia do Sul bateu o recorde 
mundial em crescimento com forte desenvolvimento tecnológico. O aparente 
milagre do crescimento dos tigres possui bases reais no estreito relacionamento 
do governo com o setor produtivo, ofertando crédito direto, restrições de 
importações e grande investimento sobre a força de trabalho.


Há muito tempo que a Coréia do Sul elegeu a educação e a formação do capital 
humano como um pilar de grande importância para o desenvolvimento nacional. 
Isso pode ser medido pela erradicação do analfabetismo, que hoje é de apenas 
2%. Porém, a prioridade dada à educação não é uma característica exclusiva da 
agenda governamental. É um elemento da cultura do povo coreano. As famílias 
atribuem alta relevância à formação de seus filhos e acompanham sua trajetória 
escolar. Como resultado da prioridade dada à educação, a população adulta 
atingiu 11 anos em média de escolarização.


A prioridade dada à educação pode ser medida por alguns indicadores. Cerca de 
98,7% dos estudantes do nível primário estão matriculados em instituições 
públicas. No nível secundário 79,4% estão inscritos em instituições tipicamente 
públicas e 20,6% em instituições não públicas, mas que recebem subvenção 
governamental. No nível superior, 48,2% dos universitários freqüentam 
instituições públicas e 51,8% instituições com financiamento público. 


O investimento nacional, público e privado, em educação básica é de 4,1% do 
PIB. A distribuição desse valor mostra 3,3% de investimentos diretos do poder 
público e 0,9% oriundo do setor privado. Este patamar é um pouco inferior à 
média dos países membros da OCDE, que é de 3,5% do produto interno, para o 
setor público.


Em se tratando de ensino superior, os recursos investidos são da ordem de 2,2% 
do produto interno bruto. As inversões se dividem em 0,3% originado do setor 
público e 2,2% do setor privado. Os investimentos totais no setor terciário da 
educação são superiores à média da OCDE, que é de 1,7% do produto.


Considerando todos os níveis educacionais, inclusive programas e instituições 
de pesquisa, a Coréia investiu, em 2002, cerca de 7,1% do seu produto. Este 
valor inclui o gasto das famílias. Trata-se de um patamar superior à média da 
OCDE (6,1%). 


A aplicação de recursos por aluno, em 2002, foi de U$ 3.553 (PPC). Na média da 
OCDE, o valor é de U$ 5.313. No nível secundário os coreanos têm investido U$ 
5.882. As matrículas líquidas, no nível secundário, foram de 95% da população 
potencial, no ano de 2000. 


No nível superior a Coréia tem investido U$ 6.047 dólares por aluno. A taxa 
bruta de matrícula neste nível é superior a 77%, em 2002. Existem sete 
categorias de instituições de curso superior, são elas: Faculdades e 
Universidades; universidades industriais; universidade para formação de 
professores; cursos de curta duração; curso a distância; cursos tecnológicos e 
outras com artes e ofícios. É um leque bastante amplo e vincula-se fortemente 
com os eixos de desenvolvimento promovidos pela nação Sul Coreana. Vale 
ressaltar que desde 1979, o governo estimula a oferta de cursos de curta 
duração para atender as demandas da industrialização do país.


A carreira de professor é valorizada, inclusive em termos salariais. Um 
professor primário ao final de carreira percebe, em média, de U$ 74.965 que é 
2,42 vezes superior ao que recebia no início de sua trajetória profissional. A 
média OCDE é de U$ 40.539. Por sua vez, os docentes da educação média recebem 
uma retribuição próxima a dos  professores do  primário. A média da OCDE é de 
U$ 43.477 dólares PPC.  


O percentual do gasto público em educação é da ordem de 15,5% do produto. A 
distribuição dos gastos por nível educacional mostra 34% aplicado na educação 
primária, o secundário recebe 43,4% e o nível superior 18,1%. O restante dos 
recursos públicos se divide em 1,2% para o pré-primário e 3,3% em programas de 
pesquisa e inovação. 


O ingresso obrigatório das crianças na escola ocorre aos seis anos de idade. As 
taxas de repetência são praticamente residuais. Os indicadores até então 
relacionados evidenciam a qualidade da educação na Coréia. Em termos 
comparativos o país também se destaca, conforme demonstra os resultados de 41 
países, que participaram do PISA, em 2003. 


A média de proficiência dos estudantes coreanos em matemática foi de 542 
pontos, atrás apenas de Hong Kong e da Finlândia. A Coréia tem 74% de seus 
estudantes entre os níveis 3 e 6 da escala de letramento em matemática 
expressando uma alta qualidade do seu sistema de ensino básico no aprendizado. 


Em leitura, a média dos jovens coreanos foi de 534 pontos, ficando atrás apenas 
da Finlândia. Os estudantes coreanos estão localizados, em sua maioria 76,5%, 
entre os níveis adequados de desempenho. Em ciências, o desempenho médio da 
Coréia do Sul alcançou 538 pontos, ficando atrás de apenas três países: 
Finlândia, Japão e Hong Kong.


Brasil, por favor, esse é um exemplo a ser seguido.

 

Carlos Henrique Araújo,  Mestre em Sociologia, ex-diretor de avaliação da 
educação básica do Inep/MEC e secretário-executivo da Missão Criança, e Nildo 
Luzio, Mestre em História, é gestor de políticas públicas do Governo Federal.

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