[CamaraDas] Heridas...

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  • Date: Fri, 2 Feb 2007 15:44:23 -0200

Política        
Aldo sai com mágoas e feridas   
Gustavo Krieger 



Tema do Dia - Congresso 


Candidato comunista adota tom moderado após derrota, mas destaca falta de apoio 
do Planalto na disputa pela reeleição. Ciro Gomes fala em “seqüelas 
gravíssimas” na base governista

Aldo Rebelo ao deixar a cabine de votação: discurso lembrou lealdade ao 
presidente Lula e fez referência ao corneteiro de Pirajá, símbolo da campanha


Até a última hora, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) acreditou que tinha chances de vencer 
o segundo turno e reeleger-se presidente da Câmara. Mal terminou o primeiro 
turno ele foi para o gabinete reunir-se com os coordenadores de campanha. 
Começou um intenso movimento para reverter a vantagem de Chinaglia. Telefonou 
para vários governadores, incluindo os tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves 
(MG). Não deu. Quando o resultado saiu, faltaram 18 votos. Aldo voltou ao 
gabinete da Presidência pela última vez. Consolou seus aliados e esfriou a 
cabeça antes de dar a primeira entrevista. Quando falou, adotou o tom moderado 
e quase monocórdio de sempre, mas não escondeu a mágoa e as feridas deixadas 
pela disputa na base aliada. “Quem teve a votação que eu tive não pode 
sentir-se abandonado”, disse. “Tive muito apoio dos deputados, mas não tive e 
nem pedi apoio do governo.” Ele considerou o resultado democrático, mas 
advertiu: “Disputei a eleição contra Arlindo Chinaglia porque tínhamos idéias 
diferentes sobre o país e sobre a Câmara. Essas idéias continuam”. 

Quem explicitou melhor a crise foi o deputado eleito Ciro Gomes. “Essa fissura 
na base governista simboliza o que eu chamei de marcha da insensatez”, avaliou. 
“Duas bandas da sustentação do governo se enfrentaram e deram ao PSDB o 
protagonismo de decidir a eleição na Câmara”. O deputado previu que os próximos 
dias serão cheios de declarações diplomáticas e juras de pacificação, mas não 
acredita nelas. “Essa crise deixa seqüelas gravíssimas. Elas não serão 
confessadas de público, mas existem.” 

Ciro é um dos personagens centrais nessa divisão. A união do PSB, PCdoB e PDT 
em torno da candidatura de Aldo Rebelo vai muito além da eleição na Câmara. Os 
três partidos organizaram um bloco partidário e querem se manter juntos. 
Pretendem formar uma terceira força dentro da coalizão governista, até aqui 
dominada pelo PMDB e PT. O bloco é o embrião do esquema político de sustentação 
da provável candidatura à Presidência da República em 2010. O deputado Ciro 
Gomes (PSB-CE) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) têm 
pretensões de concorrer ao Planalto na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula 
da Silva. 

A disputa pela hegemonia dentro da coalizão e pela eleição de 2010 já existia, 
mas tornou-se mais dura com a eleição da Câmara. Os líderes do PSB e PCdoB 
acusaram o PT de jogar pesado demais para eleger Chinaglia, negociando cargos 
no governo e liberando emendas de parlamentares ao orçamento em troca de votos. 
Ontem, o clima de suspeita era tão grande que Aldo e seus aliados mantiveram 
uma equipe de assessores conectados durante todo o dia ao Siafi, o sistema de 
dados que registra todos os gastos do governo. O objetivo era rastrear qualquer 
liberação suspeita de verbas. 

Desabafo 
No discurso que fez em plenário, Aldo deixou escapar um tom de desabafo e 
lembrou os sacrifícios que fez em apoio ao governo Lula. “Fui companheiro do 
presidente Lula em oito campanhas presidenciais”, recordou. Falando de sua 
gestão, marcada pelos escândalos do mensalão e dos sanguessugas, disse que 
“mais presidi a crise que a Casa, mas não fugi. Enfrentando momentos difíceis, 
a cada quarta-feira julgando cassações de colegas, enfrentando grupos 
desesperados que invadiram a instituição. Mas em nenhum momento fugi”. No 
discurso, citou a figura símbolo de sua campanha, o corneteiro de Pirajá, que 
afugentou as tropas portuguesas ao tocar o hino de “Avançar” em vez do toque de 
recolher durante uma das batalhas pela independência. Seus apoiadores usaram 
ontem um pingente com uma corneta dourada. 

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