-----Mensagem original----- Enquanto isso, nos jornais de Brasília, nem uma linha. (Embedded image moved to file: pic14989.gif) Essa saiu no Jornal Opção, de Goiânia (GO) (www.jornalopcao.com.br). Curioso, que não vi uma linha sobre isso em bsb... alguém viu? ============ Manchete CONEXÃO BRASÍLIA/GOIÂNIA PF apreende dinheiro, ouro e armas de auxiliar de Roriz Uma operação simultânea da Polícia Federal em Goiás e no DF tenta desvendar como a Qualix (Enterpa) opera no Distrito Federal. MP investiga contrato de meio bilhão de reais HÉLMITON PRATEADO - Em Brasília (Embedded image moved to file: pic32702.jpg) Joaquim Roriz: governador peemedebista está novamente no centro de mais uma denúncia do Ministério Público do DF que envolve 500 milhões de reais O Ministério Público do Distrito Federal conseguiu desferir, na semana passada, um duro golpe no contrato que a empresa Qualix Serviços Ambientais mantém com o Distrito Federal, por intermédio do Serviço de Ajardinamento e Limpeza Urbana do Distrito Federal (Belacap). Com mandados de busca e apreensão nas mãos, agentes da Polícia Federal entraram no escritório da Belacap em Brasília e em dois apartamentos de Goiânia. Em uma das residências de Goiânia, os policiais encontraram documentos e duas armas, além de 138 mil reais em espécie e 8 mil dólares. A surpresa maior dos agentes ficou por conta das pepitas de ouro que estavam no cofre do proprietário, o diretor-geral da Belacap, Luiz Antônio Peres Flores. Tudo sem comprovação de origem e sem declaração fiscal. O apartamento fica em um setor nobre de Goiânia (Bela Vista) e o prédio tem o sugestivo nome de Taj Mahal. Luiz Antônio Peres Flores é primo da primeira-dama do DF, Weslian Roriz. No segundo apartamento, onde mora o assessor especial da Belacap, Divino Barbosa Cintra, os policiais encontraram a porta fechada. O delegado que comandava a operação deu ordem para arrombá-la e prudentemente quem estava do lado de dentro resolveu facilitar o serviço, abrindo-a. Segundo os investigadores, Divino Cintra foi o responsável pela confecção do edital de concorrência vencido pela Enterpa, antiga denominação da Qualix, para cuidar da limpeza urbana em Goiânia e foi levado para Brasília no início do governo Roriz para desenvolver o mesmo trabalho. PERSONAGENS BELACAP-QUALIX (Embedded image moved to file: pic03195.jpg) Clique para ampliar A partir do contrato entre Belacap e a Qualix, em 1999, o Ministério Público identificou um grande aumento no patrimônio de Luiz Antônio Peres Flores (primo da mulher de Joaquim Roriz), de seus filhos e de seu assessor especial, Divino Barbosa. Nas contas-corrente foram descobertos depósitos em dinheiro vivo de 2 milhões de reais, além de propriedades rurais em vários municípios goianos. Superfaturamento - As investigações sobre a relação da Qualix com o GDF começaram desde o início das atividades da multinacional em Brasília, logo em janeiro de 1999, pouco depois da posse de Joaquim Roriz. Para os promotores que cuidam do caso, a mudança nos serviços de limpeza foi feita exclusivamente para entregar a coleta, transporte e tratamento de lixo para a Enterpa Ambiental, atual Qualix. No início de 1999 a Belacap, já sob o comando de Luiz Antônio Peres Flores e com Divino Barbosa Cintra como assessor especial, cancelou os contratos com as outras empresas que prestavam o serviço e fez um contrato emergencial com a Enterpa. "Um detalhe mostra como foi feito o negócio entre o GDF e a empresa. O preço da tonelada de lixo coletado e transportado era de 16 reais 30 centavos. Acontece que isto representava apenas o aluguel dos caminhões e motoristas, pois os coletores (trabalhadores que vão atrás dos caminhões recolhendo o lixo) eram fornecidos pelo GDF. Depois da licitação o preço pulou para 38 reais 50 centavos", explica o promotor Eduardo Gazinelli, do núcleo de Defesa do Patrimônio Público. O valor que o GDF passou a pagar era o dobro de um dia antes, no contrato emergencial. Como se não bastasse isso, os promotores conseguiram provar em juízo, para conseguir a ordem de busca e apreensão, que os valores eram substancialmente superiores aos cobrados em outras capitais. Outro detalhe, relatado pelos promotores, é que a legislação prevê uma exorbitância de 180 dias para contratos emergenciais. No caso do contrato entre o GDF e a Enterpa, a "emergência" foi limitada a "meros" 551 dias. Portanto, o triplo do prazo máximo permitido pela Lei de Licitações. OS NÚMEROS Investigação mostra que auxiliares do governador Joaquim Roriz (e primo de sua mulher) depositaram 2 milhões de reais em suas contas. Não se sabe como filhos de Luiz Antônio Peres Flores conseguiram 1 milhão de reais para comprar fazenda em Crixás Ignorando a suspeita de que o contrato possa ter sido celebrado em preços superiores aos de mercado, há outros agravantes. A Comissão de Licitação era composta de três pessoas. Até aí tudo conforme manda a legislação. A Lei de Licitações e Contratos determina que as comissões de licitação sejam compostas por, no mínimo, dois servidores efetivos e o terceiro pode ser gratificado. Muito bem. O primeiro indicado foi Cláudio Rachid Dias. A segunda, funcionária de carreira, Patrícia Bulhões de Carvalho, disse que sequer leu o edital da licitação e teria sido colocada na comissão apenas para completar o mínimo legal. O terceiro integrante da comissão era Divino Barbosa Cintra, assessor especial do diretor-geral. Ele já havia participado da licitação da mesma Enterpa com a Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg), empresa que cuida da limpeza da capital goiana. Curiosamente, os policiais federais apreenderam no escritório da Belacap uma cópia desse mesmo edital da Comurg e que foi vencido pela Enterpa. No contrato inicial, feito com dispensa de licitação e sob a justificativa de emergência, o total beirava 5,9 milhões de reais. Houve termos aditivos posteriores, inclusive com aumento do valor, e mais um novo contrato emergencial (nº 07, de 20/3/2000), também seguido de termo aditivo, novamente com aumento de valor, conforme documentos juntados pelo Ministério Público. (Embedded image moved to file: pic20485.jpg) Policiais federais encontraram, no apartamento de Luiz Antônio Peres Flores, no Edifício Taj Mahal, pepitas de ouro, 138 mil reais e 8 mil dólares Acontece que o valor cobrado pela Enterpa nesse contrato emergencial era bastante próximo daqueles cobrados pelas empresas contratadas pelo Serviço de Limpeza Urbana do DF (SLU-DF) - antecessora da Belacap para prestação do mesmo serviço nos anos de 1998, 1999 e início de 2000. (Veja quadro abaixo) nccrnaau aceeanr/axaip, oarpsto eooeerlasu l rd s6es0easoteddru d bo las apto svps r3ri5cto p na. "Isso representava, e ainda representa, um valor 136 por cento maior do que aquele que a própria Enterpa recebia um dia antes da vigência do contrato advindo da licitação", denunciam os promotores. Luiz Antônio Flores, seus auxiliares e a Qualix tiveram seus bens tornados indisponíveis pela Justiça do Distrito Federal através de uma ação de improbidade administrativa movida pelo MP. Luiz Flores e Divino Barbosa conseguiram no Tribunal de Justiça suspender o bloqueio. Entretanto, a Qualix e os demais réus na ação continuam com os bens indisponíveis. Tramitam contra eles também outras duas ações civis e duas criminais. (Embedded image moved to file: pic03093.jpg) Clique para ampliar Enriquecimento ilícito - A investigação do Ministério Público está em fase adiantada, informou uma fonte da Polícia Federal que auxilia os trabalhos. Aliás, a entrada da PF no caso gerou um embaraço para as autoridades. A Polícia Civil também atua nas investigações e não foi acionada para cumprir os mandados de busca e apreensão. Segundo a mesma fonte, a ordem para que os mandados fossem cumpridos pela PF partiu da Procuradoria-Geral da República por temer que as informações vazassem, e a operação teria que ocorrer simultaneamente em duas Unidades da Federação (Goiás e DF), o que limitaria a competência da Polícia Civil do DF. Houve um protesto informal da direção da Polícia Civil pela entrada da PF no caso. Outro ingrediente apimenta a fogueira das vaidades. A PC-DF dispõe de equipamentos de última geração, como um aparelho para interceptar ligações telefônicas chamado Reliant, de fabricação israelense. Com ele é possível grampear todo tipo, modelo e sistema de telefonia celular ou fixa, até mesmo interceptar e-mails e rastrear buscas na Internet. É um colosso tecnológico que custa alguns milhões de dólares. A Polícia Federal ainda opera um equipamento chamado Guardião, que, se comparado ao da Civil do DF, é um fusquinha, enquanto o outro é uma Ferrari último tipo. Ou seja, a Polícia Civil do DF tem condições até de saber o que a PF está fazendo sem que os federais saibam que estão sendo vigiados. (Embedded image moved to file: pic14343.jpg) Clique para amplir O relatório da Justiça do DF que os policiais federais tinham nas mãos para realizar as buscas na Belacap e na casa de seu diretor dão indícios de como o contrato com a Qualix foi produtivo. "No mesmo período da contratação da Belacap-Qualix, ou seja, desde o início do governo de Joaquim Roriz, foram identificados aumentos no patrimônio de Luiz Antônio, seus filhos e de Divino Barbosa Cintra incompatíveis com os rendimentos declarados à Receita Federal. Em suas contas-correntes foram identificados depósitos em dinheiro vivo da ordem de 2 milhões de reais, além de aquisições de terras em diversos municípios goianos", constata o relatório. A Receita Federal multou Luiz Antônio Peres Flores, primo da mulher de Joaquim Roriz, em mais de 1 milhão de reais por não comprovar a origem do dinheiro que apareceu. Divino Cintra também foi multado em 800 mil reais por não convencer o Leão sobre a origem do dinheiro. "Há um estranhamento generalizado sobre a razão de Luiz Antônio Flores fazer de seus próprios filhos supostos laranjas. Eles compraram uma fazenda no município de Crixás, em Goiás, no valor de 1 milhão de reais. Todos querem saber como conseguiram dinheiro para tudo isto", pondera um dos investigadores. (Embedded image moved to file: pic30523.jpg) Clique para ampliar Dados fornecidos pela Belacap indicam que até junho de 2004 a empresa pagou para a Qualix pouco mais de 425 milhões de reais. O contrato expira em setembro deste ano e ainda resta muito a ser feito, mostra relatório da Câmara Legislativa do DF. "A Qualix foi contratada para realizar as tarefas de coleta, transporte, tratamento do lixo e adequação do aterro sanitário", diz um dos técnicos nomeados pela Câmara Legislativa. Até agora o trabalho no aterro sanitário foi limitado ao plantio de algumas árvores. A coleta é um capítulo à parte, explicam os técnicos da CL. "Pelo contrato, a Qualix deve recolher o lixo diariamente em caminhões com motorista e quatro coletores [trabalhadores que pegam o lixo]. Acontece que 90 por cento dos veículos são servidos apenas por dois coletores, o que dá uma economia de 50 por cento para a Qualix, enquanto o GDF paga por quatro", relata um dos técnicos. Não bastasse isso, a Qualix não executou um dos principais pontos que é a coleta seletiva do lixo. Esse trabalho tem um alcance muito maior, porque evita a presença dos catadores no lixão, em um trabalho degradante em meio a ratos e urubus, e deveria promover sua reinserção social, dando-lhes oportunidade de um trabalho dignamente remunerado. Um dia antes das buscas feitas pela PF, Luiz Antônio Peres Flores esteve na Câmara Distrital para dar explicações sobre o contrato, e os deputados analisam a possibilidade de abrir outra Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o caso. MEMÓRIA Comurg e Enterpa inventaram o dia de 76 horas A relação da Enterpa com o Centro-Oeste é antiga. O primeiro contrato da antecessora da Qualix com a capital goiana foi denunciado por ser conhecida a empresa vencedora antes mesmo da abertura dos envelopes da licitação. O último contrato, que está em vigor, foi motivo de investigação do Ministério Público de Goiás e objeto de uma Comissão Especial de Inquérito da Câmara Municipal de Goiânia, que deu em pizza com a aprovação de um substitutivo empurrado pela administração municipal. A Enterpa já doou avião para campanha de deputado federal, já bancou a eleição de parlamentares e sua atuação em nível nacional é investigada pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça. No relatório 08012.007704/2004 há uma declaração sugestiva, dando conta de suspeitas de "máfia do lixo no país, com monopólio e superfaturamento dos serviços em várias cidades". O presidente da CEI da Enterpa na Câmara Municipal de Goiânia, vereador Elias Vaz (PSOL), explicou que na montagem do edital está o "ovo de Colombo". A maior parte do serviço, que é varrição de ruas, coleta, transporte e tratamento do lixo, tem dezenas de concorrentes. Acontece que nos editais são enxertadas exigências como "experiência mínima de cinco anos" em gestão de aterros sanitários, o que desclassifica a esmagadora maioria das demais empresas que poderiam prestar o serviço por preços substancialmente menores e que não operam os lixões, cujo serviço representa 10 por cento do preço total do contrato. Os vereadores de Goiânia ouviram de Roberto Rocha, ex-diretor da Enterpa, que em declaração a uma CPI de São Paulo afirmou que a empresa "pagava propina para manter a vigência de seus contratos, inclusive em outras cidades brasileiras". Em Goiânia aconteciam aberrações maiores, como a Comurg pagar 78 horas de trabalho de uma pá-carregadeira por dia ou mesmo de a Enterpa subempreitar parte do serviço do aterro sanitário para outra empresa de Goiânia e manter os mesmos rendimentos. Isto significa que o valor pago pela prefeitura era suficiente para sustentar duas empresas. Talvez em Goiânia o dia dure mais que em outras localidades. É isto o que os vereadores decifraram na CEI da Enterpa e que a prefeitura não deixou ser mostrado no relatório final. Dados oficiais da Comurg indicam que em uma fatura foi relacionado um quesito sobre um trator de esteiras. A Enterpa cobrou e a prefeitura pagou por 3.976 horas trabalhadas no mês, a um preço unitário de 49 reais 70 centavos a hora, o que totalizou 197,6 mil reais. "Ocorre que no aterro só havia dois tratores trabalhando. O absurdo é que só os dois tratores trabalharam 3.976 horas e, considerando 26 dias úteis trabalhados no mês, cada um dos tratores teria sido utilizado durante 76,46 horas ininterruptas por dia. Como o dia tem apenas 24 horas, evidencia-se o absurdo do cálculo", relataram os vereadores que compuseram a CEI. Há, no Ministério Público de Goiás, um inquérito civil público em andamento que visa apurar possíveis ilegalidades no contrato entre a Comurg e a Enterpa. Segundo o promotor Umberto Machado de Oliveira, serão solicitadas informações ao MP do Distrito Federal para instruir o procedimento. "As investigações deverão ser mais contundentes com essas novas informações e em breve poderemos relatar o procedimento", diz o promotor. (Hélmiton Prateado) OUTRO LADO Diretor não se pronuncia O Jornal Opção procurou o diretor-geral da Belacap, Luiz Antônio Peres Flores, na sede da empresa, e foi informado pela secretária de que ele estaria de licença médica desde quarta-feira, 22, e que só retornaria na próxima semana. Luiz Antônio Peres Flores foi encontrado em seu celular (61) 9224-xxxx e disse que estava em reunião no Palácio do Governo e que não iria se pronunciar, pois quem se manifesta sobre esse assunto é o porta-voz do GDF, Paulo Fona. A reportagem procurou o porta-voz em seu gabinete. Sua secretária informou que ele estaria em reunião e que retornaria a ligação. Até o fechamento da edição, na quinta-feira, 23, Paulo Fona não se manifestou. (. .)
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