:::Nefelibatas::: "Não caio sozinho"

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  • Date: Thu, 21 Jul 2005 14:56:57 -0300

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS

Mulher do ex-presidente da Câmara sacou R$ 50 mil de conta da SMPB; deputado
vê chance de cassação, fala em renúncia e diz "que não cai sozinho"

Após saque, João Paulo cogita renunciar
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) cogitou ontem renunciar
ao mandato ao ler nos jornais a repercussão sobre o saque de R$ 50 mil que
sua mulher, Márcia Milanesio, fez na conta da SMPB, empresa do empresário
Marcos Valério Fernandes de Souza.
Depois de se consultar com amigos, políticos e assessores, João Paulo
recuou. Decidiu não se manifestar por enquanto. Constituiu Alberto Zacharias
Toron como advogado.
A idéia de João Paulo é não fazer pronunciamentos até que fique mais clara a
sua situação. Ele acha que pode ser cassado. Ficará aguardando para tomar
alguma decisão num sítio de um amigo, nos arredores de São Paulo.
Sobre o dinheiro que sua mulher retirou da conta da empresa de Valério, a
justificativa será uso em campanha eleitoral. João Paulo reconhecerá que
cometeu um erro, mas dirá que os recursos não foram para uso pessoal.
"Estou me sentindo usado", afirmou João Paulo a pessoas com quem se
relaciona em Brasília. Antes de decidir-se pelo auto-retiro, falou
pessoalmente com o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). Também esteve na
casa do senador José Sarney (PMDB-AP), quando se avistou com o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
João Paulo já estava inclinado a recuar de sua primeira decisão -a
renúncia-, mas Sarney e Renan foram decisivos para demovê-lo dessa saída
extrema.
"Há uns 20 dias tinham me falado que não iria aparecer nada. Que o saque era
único e muito pequeno. Por isso eu havia mandado aquela explicação [sobre
pagamento de contas de TV a cabo]. Foi um erro, pois agora veio essa
surpresa para mim", disse o ex-presidente da Câmara para congressistas
ontem. Ele estava desanimado. Considera irreversível a crise para si e para
o governo. Chegou a fazer previsões ruins para o presidente da República -em
quem acredita que o escândalo acabará respingando em "questão de dias".
"Marcos Valério tem ainda muitas cartas na mão", afirmou ontem João Paulo.
Nos bastidores, o ex-presidente da Câmara tem declarado que não demorará
para ruir a versão de que ninguém no Palácio do Planalto, no PT e nos
partidos governistas sabia detalhes da atuação do empresário Marcos Valério.

Erro de interpretação
A interpretação de João Paulo sobre não saber que o nome de sua mulher
apareceria nos registros dos saques das contas de Marcos Valério coincide
com a reação também verificada no PP. Segundo a Folha apurou, esse partido
estava seguro de que o nome do assessor parlamentar João Cláudio Genu não
surgiria -Genu fez retiradas das contas de mais de R$ 1 milhão.
João Paulo demonstra revolta pela sua incômoda situação. Presidiu a Câmara,
desejava disputar o governo de São Paulo e agora se vê com o mandato
praticamente perdido. "Não vou cair sozinho", tem repetido.
O que irritou João Paulo nos últimos dias foi a informação -não confirmada
oficialmente- de que integrantes da cúpula petista teriam procurado a
oposição para um acordo. No acerto, o PT entregaria João Paulo e José Dirceu
para cassação . O caso arrefeceria e o governo voltaria ao controle do
cenário político.






    NickeLeus L. P. Zemborian         Presidente do P.R.F

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