> SALVE-SE QUEM PUDER! VALE TUDO! > BLOG DO ILIMAR FRANCO (O GLOBO) > > O levantamento feito pelo líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), > relacionando a ida de funcionários e familiares de deputados do PT à agência > do Banco Rural em Brasília com saques feitos numa agência de Belo Horizonte > foi uma das maiores monstruosidades que já vi desde que cheguei em Brasília, > em 1987. Não estou surpreso que isso tenha ocorrido, pois tive a certeza > desde o dia em que esta crise começou que ela seria cruenta. > > A tentativa de envolver nesse escândalo um homem como o deputado Sigmaringa > Seixas (PT-DF), (em quem nunca votei, pois quem me conhece sabe que não tenho > por hábito votar em candidatos do PT), é um crime contra o que existe de > decência na vida política. Não posso falar pelos demais, pois não os conheço > tanto quanto a Sigmaringa, mas se aqueles que são dignos estão sujeitos à > toda sorte de vilania, somente delinqüentes continuarão participando da > atividade política. Quem perde com isso é a democracia. > > Acredito que estamos vivendo o apogeu daquilo que batizei, ainda no governo > Fernando Henrique (O Paulo Félix, que foi assessor de imprensa dos ministros > da Justiça, Nelson Jobim, do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, e da > campanha de Fernando Henrique em 1998, deve lembrar.), de jornalismo > insinuativo. Esse tipo de jornalismo, do qual eu mesmo não estou imune de > práticá-lo eventualmente, funciona assim: um adversário político produz um > dossiê que aponta indícios, sinuosidades, passa para a imprensa que não faz > investigação alguma sobre a veracidade dos fatos apontados ou a razoabilidade > das insinuações, e dá-se divulgação. > > Não esqueço de uma cena na redação do GLOBO em Brasília que, se a memória não > me falha, ocorreu em 2001. O editor do jornal era o Merval Pereira (hoje > colunista do GLOBO) e o chefe da sucursal o Dácio Malta. O > ex-secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas Pereira, acabara de > derrubar a versão (veiculada como verdade em todos os jornais) de que > ligações que recebia do juiz Nicolau relacionavam-se com a liberação de > recursos para a obra do TRT de São Paulo. O Merval Pereira disse que era > preciso "mais responsabilidade". Acredito que, em nome da responsabilidade, > está na hora do nosso ceticismo, quanto a honestidade dos políticos, também > ser uma ferramenta para avaliar denúncias e os propósitos honestos de seus > autores. > > O mais terrível desta luta política, que apenas começa, é que uma crise nunca > teve tanta cobertura da mídia. Nunca tivemos tantas transmissões ao vivo. > Nunca verdades e mentiras foram propagadas em tempo real como agora. A > informação objetiva por si só já tem um efeito bombástico sobre o público. > Isso se eleva a "n" potência acrescida de doses diárias de sensacionalismo. > > Nós, brasileiros, ainda veremos cenas mais degradantes e pouco edificantes > daqui para frente. Vou ficar num fato recente. Gente, se o líder do PSDB no > Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), pode subir a tribuna e tratar o PT como > uma quadrilha, é normal que ele seja tratado da mesma forma. Se a empresa > Skymaster está envolvida num esquema de corrupção neste governo é razoável > supor, pelos padrões vigentes, que o tenha feito em governos anteriores. Se > esta empresa é tratada como uma entidade criminosa é razoável supor que quem > quer que tenha recebido doações dela, ou de seus proprietários, também tenha > um pé no crime. Ou será que o devemos tratar como idiota? Em favor do tucano > devemos dizer que ele faz agora a mesma coisa que os petistas fizeram em oito > anos do governo Fernando Henrique. > > Estamos assistindo ao fim da política. Estamos no meio de uma guerra. É duro > ver tanta paixão jogada na lata do lixo da história. Daqui para frente pode > ser assim: "ladrão prá lá, ladrão para cá". E no fim o público sairá > convencido: "é mesmo, eles têm razão: são todos ladr> ões!" Acho que alguém > disse que os militares um dia inventariam uma arma tão perfeita que eles > fariam o disparo, o tiro daria a volta ao mundo e os acertaria pelas costas. > Esta arma ainda não existe, mas os políticos encontraram uma forma de > auto-aniquilamento. >