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  • Date: Tue, 5 Jul 2005 19:21:20 -0300

05/07/2005
Como Lula pode resistir à crise (Murillo de Aragão)




Com amigos como Dirceu, Genuíno, Delúbio e Silvinho. E aliados como
Jefferson, Valério, PL, PP e PTB o governo Lula naufragou politicamente.
Salvou-se pela credibilidade pessoal – já danificada – e pelo controle da
economia.



Imaginem se o país estivesse vivendo um ataque especulativo? Dólar subindo
acima de R$3,50, investidores abandonando o Brasil, governo tendo que buscar
o apoio do FMI. Seria um cenário catastrófico para Lula.



Graças a Deus, à condução da política econômica, ao ambiente externo
favorável e, finalmente, à confiança existente nas instituições políticas, o
Brasil atravessa a crise política sem danos maiores. Poderia ser bem pior.
Muito pior.



Considerando o quadro econômico e internacional, Lula pode reagir e retomar
o comando do governo. Para tal deve tomar medidas duras, contrariar amigos e
testar suas qualidades de líder.



Neste momento, Lula depende de três fatores para sobreviver. Da sua
capacidade de se reinventar, da possibilidade de reabrir os entendimentos
com a oposição e da manutenção da blindagem de Palocci.



Depende, ainda, do não aparecimento de fato comprometedor que o envolva
diretamente. Caso apareça algo realmente constrangedor a presente avaliação
deixa de ter validade.



Para se reinventar, Lula precisa tomar medidas duras que contrariem seus
amigos e aliados. Afastar Genuíno, Delúbio e Silvinho da direção do PT,
adiar as eleições para a presidência do partido marcadas para outubro e
afastar os petistas incompetentes do governo. São muitos.



Deve, ainda, reduzir dramaticamente o número de ministérios e de cargos de
confiança.



O eixo do eventual apoio das oposições a Lula está fundamentado em três
pilares: investigações justas, manutenção da estabilidade econômica e
respeito ao jogo democrático.



Com base nesses pilares, Lula deve buscar a reabertura de entendimentos com
a oposição. Quem sabe  buscar FHC e estabelecer um pacto de governabilidade
em torno de uma agenda mínima de reformas.



A crise política se apresenta como uma bela oportunidade para as reformas.



Lula deve aumentar a blindagem de Palocci para que o país não seja atacado
por uma onda especulativa. A proposta do déficit zero em seis anos é
excelente para aumentar a credibilidade do país. Se o Brasil bobear, o
mercado leva nos dólares em algumas semanas. Como nos episódios
pré-desvalorização.



No limite, Lula depende de Palocci, de FHC e dele mesmo. Seus amigos o
deixaram na mão com tantas incompetências e inconveniências. Agora é hora de
ele agir por si, sacrificar quem o traiu, aprofundar o lado bom do governo e
ter uma postura de estadista.



Ainda bem que o mercado não está dando bola para a crise. Com a condução
responsável das políticas fiscal, monetária e cambial, Lula conseguirá
atravessar a crise política sem ter que se preocupar muito com eventuais
ataques especulativos.



Sua popularidade ainda resiste. Porém, uma pesquisa divulgada pela revista
Época neste fim de semana revela que, para o eleitorado paulista,  Lula
perderia para Geraldo Alckmin em 2006. Sem reagir adequadamente, o
presidente poderá se transformar num fantasma e comprometer suas chances em
2006.



Todos devem reconhecer que Lula tem uma admirável resistência à crise
política. Mesmo com ela rondando a sua ante-sala há mais de um mês. No
entanto, sua blindagem poderá não resistir.



É hora de reagir com uma reforma ministerial que não decepcione e com a
reabertura dos entendimentos com a oposição em torno de uma agenda em favor
do país.



Murillo de Aragão é cientista político






NickeLeus L. P. Zemborian
     Presidente do P.R.F

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