[CamaraDas] O Brasil melhorou?

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  • Date: Wed, 16 Sep 2009 13:40:17 -0300

*Para os neopanglossianos...*

O Brasil melhorou?
<http://blog.estadao.com.br/blog/claudia?title=o_brasil_melhorou&more=1&c=1&tb=1&pb=1>

por *Cláudia Trevisan *(colunista do Estadão)

O Brasil se tornou uma das coqueluches dos mercados internacionais e não há
seminário no qual o país não receba elogios de economistas encarregados de
aconselhar os endinheirados do mundo. Cada vez que escuto essas análises, me
pergunto o quanto a vida real dos milhões de brasileiros realmente melhorou.
Estive em São Paulo há um mês e a sensação é a de que todos os dramas
cotidianos continuavam intactos: a escandalosa desigualdade de renda, a
pobreza gritante e a violência que paira sobre todos.

*Sei que a renda aumentou e a desigualdade diminuiu, mas a distância que
estamos de um patamar minimamente decente é tão grande que o país não
poderia se dar ao luxo de não ter um sentido de urgência para enfrentar
essas questões. *

Na semana passada estive em Dalian, cidade do nordeste da China, para cobrir
o encontro de verão do *Fórum Econômico Mundial *_que realiza sua reunião
mais célebre em Davos, na Suíça, durante o inverno europeu. *O Brasil foi um
dos destaques positivos do relatório sobre competividiade da
instituição,*que basicamente mede a capacidade dos países de crescerem
de maneira
sustentável e eficiente e, assim, melhorarem a renda e a qualidade de vida
de seus habitantes.

*O Brasil subiu impressionantes oito posições e foi apontado como uma das
nações que devem sofrer menos com a crise atual*, ao lado de China e Índia,
que tiveram melhoras mais modestas no ranking, de apenas uma posição. Mesmo
com o salto, o Brasil está em 56º lugar em um universo de 133 países
pesquisados, atrás da China (29º) e da Índia (49º). Entre os BRICs, só a
Rússa aparece em pior posição, 63ª.

*Mas o que chama atenção na performance brasileira são os setores onde o
país NÃO melhorou ou avançou muito pouco: educação primária, saúde e
segurança*, essenciais para mudar a maneira como a população experimenta sua
vida cotidiana. Todas são áreas básicas, sem as quais o Brasil não poderá ir
muito longe, por mais sofisticado que seja seu sistema financeiro e seu
mercado de capitais.

*No quesito saúde e educação primária, o Brasil permaneceu na mesma posição
em que estava no ano passado, a 79ª em um universo de 133, atrás de países
como México (65), Malásia (34), Tailândia (61) e Colômbia (72)*. Entre os
BRICs, o Brasil está atrás da China (45) e da Rússia (51), ganhando apenas
da Índia (101). *O país aparece em 93º lugar no item segurança, dentro do
qual o “crime organizado” nos coloca em 111º*.

Como disse a economista Jennifer Blanke, uma das autoras do trabalho,* o
Brasil melhorou em áreas mais sofisticadas e avançou pouco ou nada nas mais
elementares*. *O país ficou em 91º nos chamados “requisitos básicos”, que
englobam instituições, infraestrutura, estabilidade macroeconômica e saúde e
educação primária*. É a pior posição entre os integrantes dos BRICs _a China
aparece 36º lugar, a Rússia em 64º e a Índia em 79º.

“É difícil avançar no resto sem melhorar a qualidade da educação primária”,
disse Blanke. *O país também não avançou no quesito “educação superior”*,
ainda que registre posição mais alta, 58ª, a mesma que ocupava no ano
passado.

No item “ética e corrupção” amargamos a 125º posição, o que deixa apenas
sete países em situação pior. A ineficiência do poder público é outro flanco
aberto, no qual estamos na 120º posição.

Os terrenos onde o Brasil avançou são importantes, mas estão a anos luz de
distância dos moradores da favela de Heliópolis, em São Paulo, ou da
Rocinha, no Rio. *No item “mercados financeiros”, o país escalou 13
posições, para o 51º lugar, enquanto o uso de tecnologia subiu 10 pontos,
para a 46ª posição. *

Outra área em que o Brasil saltou 13 posições foi a “estabilidade
macroecômica”, que inclui o tamanho da dívida pública em relação ao PIB,
déficit público e inflação. Mas mesmo com a melhoria, nós estamos na 109ª
posição, com apenas 24 países em situação pior.

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