[CamaraDas] Parabéns a todas as mulheres por seu dia!

  • From: Niquele <niquele@xxxxxxxxx>
  • To: CamaraDas <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Thu, 8 Mar 2012 14:34:08 -0300

Não devemos nada ao feminismo

Talyta Carvalho


Na história da espécie humana, a ideia de que a mulher deveria trabalhar
prevaleceu com frequência muito maior do que a ideia de que deveria ficar
em casa cuidando dos filhos.

Não raro, o trabalho que cabia à mulher era árduo e de grande impacto
físico. Para a mulher comum na pré-história, na Idade Média, e até o século
19, não trabalhar não era uma opção.

Uma das conquistas do sistema econômico foi que, no século 20, a
produtividade havia aumentado tanto que um homem de classe média era capaz
de ter um salário bom o suficiente para que sua esposa não precisasse
trabalhar.

No período das grandes guerras e no entreguerras, a inflação, os altos
impostos e o retorno da mulher ao mercado de trabalho (que significou um
aumento da mão de obra disponível) diminuíram de tal modo a renda do homem
comum que já não era mais possível que maioria das mulheres ficasse em casa.

Esse movimento forçado de saída da mulher do lar para o trabalho as
feministas chamaram de libertação.
Óbvio que não está se defendendo aqui que as mulheres não possam trabalhar,
não casar, não ter filhos ou que não possam agir de acordo com as suas
escolhas em todos os âmbitos da vida. Não é essa a questão para as mulheres
do século 21 pensarem a respeito.

O ponto da discussão é: em que medida a consequência do feminismo, para a
mulher contemporânea, foi o estrangulamento da liberdade de escolha?

Explico-me. Por muito tempo, as feministas reivindicaram a posição de luta
pelos direitos da mulher, exceto se esse direito for o direito de uma
mulher não ser feminista.

Assumir uma posição crítica ao feminismo é hoje o equivalente a ser uma
mulher que fala contra mulheres. Ilude-se quem pensa que na academia há um
ambiente propício à liberdade de pensamento.
Como mulher e intelectual, posso afirmar sem pestanejar: nunca precisei
"lutar" contra meus colegas para ser ouvida, muito pelo contrário. A
batalha mesmo é contra as colegas mulheres, intolerantes a qualquer outra
mulher que pense diferente ou que não faça da "questão de gênero" uma
bandeira.

Não ser feminista é heresia imperdoável, e a herege deve ser silenciada.
Até mesmo porque há muito em jogo: financiamentos, vaidades, disputas de
poder, privilégios em relação aos colegas homens -que, se não concordam,
são machistas e preconceituosos, claro.

Outro direito que a mulher do século 21 não tem, graças ao feminismo, é o
direito de não trabalhar e escolher ficar em casa e cuidar dos filhos
-recomendo, sobre a questão, os livros "Feminist Fantasies", de Phyllis
Schlaffly, e "Domestic Tranquility", de F. Carolyn Graglia.

Na esfera econômica, é inviável para boa parte das famílias que a esposa
não trabalhe. Na esfera social, é um constrangimento garantido quando
perguntam "qual a sua ocupação?". A resposta "sou só dona de casa e mãe" já
revela o alto custo sóciopsicológico de uma escolha diferente daquela que
as feministas fizeram por todas as mulheres que viriam depois delas.

O erro do feminismo foi reivindicar falar por todas, quando na verdade
falava apenas por algumas. De fato, casamento e maternidade não são para
todas as mulheres. Mas a nova geração deve debater esses dogmas modernos
sem medo de fazer perguntas difíceis.

De minha parte, afirmo: não devo nada ao feminismo.

TALYTA CARVALHO, 25, é filósofa especialista em renascença e mestre em
ciências da religião pela PUC-SP

-- 
NickL
______________________________________
Women cannot complain about men anymore
until they start getting better taste in them.
Bill Maher

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