Grupo de Analistas Legislativos da CD - T.L. Nefelibatas, CamaraDas, Analistas 2002,3,4,5 Comunidade no Orkut: "Nefelibatas" analistas2002@xxxxxxxxxxxxx Viva o Fredo!!! hahahahaha Pessoa de bem, pessoa do mal, parece meio simplista. Meus pais têm uma chácara onde, vez ou outra, passam dias. Eu me sinto muito mais tranqüilo sabendo que o caseiro e meu pai têm como se defender. Acredito que qualquer pessoa desse grupo, seja partidário do sim ou do não, vai concordar comigo. Eu sou a favor da paz, mas vivemos em mundo de contradições. Um homem pode, por exemplo, a fim de buscar a paz para consigo mesmo, roubar e até matar para dar o que comer a seus filhos. Existem pessoas essencialmente más e essencialmente boas em todas os níveis sociais, e todas elas são capazes de atos contrários à sua natureza, incluindo vc e eu. -----Mensagem original----- De: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx [mailto:analistas2002@xxxxxxxxxxxxx] Enviada em: terça-feira, 18 de outubro de 2005 10:22 Para: Jules Rodrigues Pereira; analistas2002@xxxxxxxxxxxxx Assunto: [CamaraDas] Re: Homem de bem Grupo de Analistas Legislativos da CD - T.L. Nefelibatas, CamaraDas, Analistas 2002,3,4,5 Comunidade no Orkut: "Nefelibatas" analistas2002@xxxxxxxxxxxxx Viva o Fredo!!! hahahahaha Touché! Irretocável; irretorquível. >From: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx >Reply-To: jules.pereira@xxxxxxxxxxxxx >To: <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx> >Subject: [CamaraDas] Homem de bem >Date: Tue, 18 Oct 2005 09:41:53 -0200 > >IDÉIAS > >MARCO AURÉLIO WEISSHEIMER > >17/10/2005 > > > >Cuidado, aqui mora um homem de bem! > >O debate sobre o referendo trouxe à tona, com força, a figura do homem >de bem. Como saber se você é um homem de bem? O jornal Zero Hora >oferece ensinamentos preciosos sobre como deve se portar um homem de >bem diante do referendo sobre o comércio de armas e na vida em geral. > > > >Um dos méritos do referendo sobre a proibição do comércio de armas de >fogo e munição é o striptease ideológico que vem propiciando, um >processo que ajuda a ver com maior nitidez um perfil médio de >pensamento que, aparentemente, vem ganhando força e espaço na sociedade >brasileira. Esse perfil revela, ao menos no plano discursivo, o >surgimento de uma nova categoria social: o homem de bem. Adotado à >exaustão pelos defensores da continuidade do comércio de armas de fogo >e munição, esse discurso consegue concentrar em uma só expressão todos >os preconceitos enraizados em nossa >cultura: preconceitos de gênero, de classe, étnicos e culturais. > >Pode parecer uma bobagem, mas é interessante notar a aparente >inexistência de "mulheres de bem" na sociedade. São os "homens de bem" >que têm seus direitos ameaçados pela proposta de proibição desse >comércio. Esses "deslizes lingüísticos" talvez revelem mais do que >aparentam. Mas os preconceitos revelam apenas a ponta do iceberg. Um >iceberg que indica claramente a existência de um caldo de cultura >radicalmente conservador, que faz do direito à propriedade a mãe de >todos os direitos, e que não vem sendo adequadamente tratado pelos defensores >do "sim". > >É interessante notar que o discurso dos defensores do "não" vem >conquistando adeptos mesmo entre uma parcela da sociedade que se >considera de esquerda. Parte dela assimila sem maiores dificuldades o >argumento dos "homens de bem" que, diante da ineficácia do Estado em >garantir a segurança pública, teriam o direito de se defender por conta >própria. Uma outra parte adota argumentos mais curiosos, como o do >"direito de auto-defesa dos trabalhadores" e da "origem elitista do >referendo". Além disso, há também um certo caráter plebiscitário em >torno do governo Lula que atravessa, com diferentes inflexões, todas >essas posições. Mas a força principal da campanha do "não" parece estar mesmo >em torno da figura do "homem de bem". > >Para entender o que é exatamente essa figura, algumas perguntas são >pertinentes: Quantos "homens de bem" existem entre a população brasileira? >E quantos "homens do mal"? Quantos "homens de bem" têm armas em suas >casas ou pensam em comprar uma? O que define, afinal de contas, um >"homem de bem"? Como ele deve se portar? > >"Um não responsável" >A edição desta segunda-feira (17 de outubro) do jornal Zero Hora, de >Porto Alegre, ajuda a entender melhor o que pensam os "homens de bem". >A publicação do Grupo RBS decidiu, finalmente, sair do armário e >assumiu, em editorial, a defesa do "não" no referendo. Um "não >responsável", como diz o título do editorial, o que sugere a existência de um >"não irresponsável". >Na mesma edição, o jornal publica uma pesquisa do Centro de Estudos e >Pesquisas em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul >(Cepa/UFRGS) indicando que dois terços dos gaúchos apóiam o comércio de >armas. > >O editorial de ZH comemora o resultado e ajuda a entender também >algumas questões de fundo que não vêm sendo explicitadas no debate do >referendo. >Uma delas diz respeito ao próprio recurso ao instrumento do referendo. >"Tudo é equivocado nesta consulta popular que lança sobre o cidadão a >responsabilidade de decidir sobre um tema extremamente complexo, como >se o gravíssimo problema da segurança pública no país pudesse ser >resolvido apenas com uma lei respaldada pelo resultado de um referendo >popular". > >Pobre cidadão brasileiro, chamado a opinar sobre "temas extremamente >complexos". O que isso quer dizer? Em primeiro lugar, com a licença do >Conselheiro Acácio, quer dizer exatamente o que diz: os cidadãos não >devem ser chamados a opinar sobre temas complexos, só sobre temas >simples. Que outros temas podem ser considerados "extremamente >complexos", pela lógica desse argumento? Vejamos alguns possíveis: Qual >deve ser a política de educação do Estado brasileiro? E a política de saúde? E >a de comunicação? >Quais devem ser as prioridades de investimento do Estado? Sobre o que >os cidadãos devem opinar? > >Segundo o editorial de ZH, os cidadãos devem ser poupados destes temas >"extremamente complexos", deixando-os a cargo dos especialistas que >realmente entendem do assunto. Sobre o que os cidadãos poderiam opinar, >então? Quais seriam os temas simples, sobre os quais suas mentes >simples poderiam dar conta? O editorial não avança sobre isso, mas, em >um caderno de educação, publicado na mesma edição, trata de um tema que >diz respeito ao cotidiano de todos os cidadãos e homens de bem: como educar >seu filho? >Mais uma vez, repete-se o "deslize lingüístico" de gênero. O título do >caderno é "Meu filho". Um detalhe menor, certamente. Um descuido. >Coerente com a linha do editorial, o caderno ensina a população como >tratar de um "tema extremamente complexo", como a educação das crianças. > >Como educar seu filho: mercado financeiro, facas e garfos E dá dicas >preciosas. "Ensine seu filho a lidar com dinheiro desde cedo. É na >infância que ele deve fazer suas primeiras experiências na área >financeira. A partir dos 10 anos, apresente seu filho ao gerente de um >banco, abra uma conta e explique o funcionamento da agência", ensina >Cássia D'Aquino Filocre, consultora em Educação Financeira. Mas, nem >tudo é dinheiro na vida e ZH ensina também como as crianças devem se >portar à mesa. O ensinamento começa com uma advertência que deve ser >dirigida às >crianças: cuidado, você está sendo observado! E a consultora de >etiqueta Célia Ribeiro avisa: garfo na esquerda, faca na direita! "Se a >criança ainda não consegue manusear os dois talheres juntos, deve >deixar a faca em diagonal depois de cortar a carne, à direita do prato, >passando o garfo para a mão direita. Uma etiqueta mais rígida não >permite isso, mas os americanos, práticos, adotaram o sistema". > >Ufa! Se esses temas já são complexos, imagine só o absurdo de exigir >dos cidadãos que opinem sobre temas relacionados à segurança pública. >Sempre haverá um consultor para ensiná-los didaticamente a como agir em >relação a esses temas. > >E o editorial de ZH se propõe a executar essa tarefa. "Diante de >tamanha deformação (exigir que os cidadãos opinem sobre temas >complexos), a melhor alternativa para os brasileiros já parecer ter >sido identificada pela maioria dos rio-grandenses: rejeitar o >autoritarismo que retira dos cidadãos o direito básico de providenciar >a própria defesa, quando se sabe que o poder público tem sido >incompetente para fazê-lo". Ou seja, diante da falência do Estado (de >sua ineficácia crônica como não se cansam de repetir os editoriais do >mesmo jornal), cada cidadão que providencie sua própria defesa. > >"A vida real não deixa dúvidas: os delinqüentes não vão entregar suas >armas, nem o Estado tem mostrado capacidade para desarmá-los", >acrescenta o texto. "Defendemos que os cidadãos tenham liberdade para >exercer todos os direitos assegurados pela Constituição, entre os quais >o de decidir a melhor forma de se defender da violência que os ameaça >cotidianamente. Por isso, o voto no "não" nos parece ser o que melhor >atende aos interesses dos cidadãos", emenda. > >Em defesa do risoto de rúcula e do Möet Chandon Afinal de contas, como >um pai (para manter a lógica do deslize lingüístico) vai levar seu >filho de 10 anos, com segurança, ao banco para ensinar-lhe as primeiras >experiências na área financeira? No lado de fora da agência, há uma >legião de "homens do mal", prontos para tentar cercear esse direito. >Como um "homem de bem" vai ensinar ao seu filho que ele "deve deixar a >faca em diagonal depois de cortar a carne, à direita do prato, passando >o garfo para a mão direita", se a sua casa pode ser invadida a qualquer >momento por um "homem do mal" e ele não tem o direito de estourar os >miolos deste sujeito na frente do seu filho? > >Como um "homem de bem" vai garantir uma noite de princesa para sua >filha, na sua festa de 15 anos, com uma recepção para 600 convidados, >como revela a coluna social "RSVip", de ZH, se ele não pode cuidar por >si próprio da segurança do evento? Como proteger um jantar à base de >'risoto de rúcula e mostarda dijon, camarões orientais e espaguete >pupunha", tudo regado a Möet Chandon, da invasão de algum "homem do mal"? > >Então, como diz o colunista Paulo Sant'Ana, na mesma edição de ZH, só >escritores, intelectuais, sociólogos e jornalistas são favoráveis ao >desarmamento. "A elite gaúcha é a favor do desarmamento, o povo está >contra", afirma. O povo quer garantir seu direito a comer risoto de >rúcula com camarões orientais, com um 38 ao lado do prato para qualquer >emergência. O povo quer ter o direito de iniciar seus filhos no mundo >do mercado financeiro com um cartão de crédito na mão e uma pistola na outra. >Só mesmo intelectuais elitistas podem defender o desarmamento, diz >Paulo Sant'Ana. > >O direito de ter uma arma e um carro estrangeiro Intelectuais como Luís >Fernando Veríssimo que, na mesma edição de ZH, abre seu voto pelo >"sim", dizendo, entre outras coisas, que "dizer que o desarmamento da >população a deixaria vulnerável ao crime equivale a dizer que, até >agora, a população armada fez um bom trabalho de se defender, o que não >é o que mostram as estatísticas". Jornalistas como Rosane de Oliveira, >também de ZH, que acredita que "reduzindo o número de armas em >circulação pouparemos vidas tiradas em brigas de trânsito, crimes >passionais ou acidentes com crianças e adolescentes". > >Conversa de elitistas, diz Sant'Ana, que conclui: "Devemos votar não >para incrivelmente manter o direito que temos de um dia, quem sabe, é >um sonho, podermos ter uma arma ou um carro estrangeiro em casa". > >Aí está o sonho dos "homens de bem" que os intelectuais elitistas >desprezam: uma arma em casa, um carro estrangeiro na garagem (sem pagar >muito imposto, de preferência), camarões orientais e Möet Chandon na >geladeira, o filho bem informado sobre o funcionamento do mercado >financeiro e sobre o correto uso de garfos e facas. O Estado é uma >ameaça a esses direitos sagrados. Cabe aos homens de bem resistir a >ele, à bala se for preciso. Assim, chegará finalmente um dia em que >poderemos ver, na frente da casa de todo cidadão, uma placa advertindo >a legião dos "homens de mal" que anda ameaçadoramente pelas ruas: >"cuidado, aqui mora um homem de bem"! > > > > >Marco Aurélio Weissheimer é jornalista da Agência Carta Maior (correio >eletrônico: gamarra@xxxxxxxxxxx) ................. "Humor is by far the most significant activity of the human brain." Edward De Bono ---------------------------------------------------------- Grupo de Analistas Legislativos da Câmara dos Deputados - Atribuição Técnica Legislativa - empossados a partir de 17/01/02. E-mail: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx //www.freelists.org/list/analistas2002 http://nefelibatas.zip.net http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2570511 Administrador: El patrón Nql ---------------------------------------------------------- ................. ................. "Humor is by far the most significant activity of the human brain." Edward De Bono ---------------------------------------------------------- Grupo de Analistas Legislativos da Câmara dos Deputados ? Atribuição Técnica Legislativa ? empossados a partir de 17/01/02. E-mail: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx //www.freelists.org/list/analistas2002 http://nefelibatas.zip.net http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2570511 Administrador: El patrón Nql ---------------------------------------------------------- .................