<http://www.cartacapital.com.br/index.php?ID_EDICAO_EXIBICAO=ultima> 07 de Dezembro de 2005 - Ano XII - Número 371 Seções Home <http://www.cartacapital.com.br/index.php?ID_EDICAO_EXIBICAO=ultima&id_secao=6> Índice <http://www.cartacapital.com.br/indice.php?id_secao=25> Destaque <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=7> A Semana <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=13> Nós e o Mundo <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=36> Cultura <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=12> Lances <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=50> Crônica <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=14> Colunas <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=8> Linha de Frente <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=15> Saúde <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=16> Prazer de Ponta <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=20> Retratos Capitais <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=22> Direto da Redação <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=40> Edições Anteriores <http://www.cartacapital.com.br/edicoes_anteriores.php?id_secao=26> Grampos e Espionagem <http://www.cartacapital.com.br/estatica.php?miolo_selecionado=mioloGrampos.php&id_secao=17> Assine <http://www.mercadocapital.com.br/?id_secao=21> Cadastre-se <http://www.cartacapital.com.br/cadastra_leitor.php?oper=cadastra&id_secao=5> MAIS ADMIRADAS <http://www.cartacapital.com.br/exibe_materia.php?id_materia=1698> A oitava edição da pesquisa CartaCapital/TNS Interscience elege as companhias que mais se destacam, de maneira equilibrada, em quesitos como ética, responsabilidade social e solidez financeira. <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=3399> Crônica Busca: DE BONNER PARA HOMER O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal Nacional Por Laurindo Lalo Leal Filho* Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro. Perfil. Ele é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão. Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico. A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático "bom-dia", Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento. A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson. "Essa o Homer não vai entender", diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia. Pauta. Na reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos - atender ao Homer -, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes. Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas "praças" (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe. A primeira reportagem oferecida pela "praça" de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da "oferta" jornalística informa que a empresa venezuelana, "que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível" para serem "vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano". Uma notícia de impacto social e político. O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente. Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela "praça" de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. "Esse juiz é um louco", chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência. Notícia. A decisão do juiz Livingsthon Machado, de soltar presos, é considerada coisa de "louco" Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês - matéria oferecida por São Paulo -, o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão. "Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS", ouve-se. E sobre os grevistas? Nada. De Brasília é oferecida uma reportagem sobre "a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública". Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global. Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope. E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo. Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac - o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá - os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos. * Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=3590#> <http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=3590#> Anuncie <http://www.cartacapital.com.br/estatica.php?miolo_selecionado=mioloAnuncie.php> Expediente <http://www.cartacapital.com.br/estatica.php?miolo_selecionado=mioloExpediente.php> Contato <http://www.cartacapital.com.br/estatica.php?miolo_selecionado=mioloContato.php> Aviso Legal <http://www.cartacapital.com.br/estatica.php?miolo_selecionado=mioloAvisolegal.php> © 1999 - 2005 Editora Confiança Ltda. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste website.