[Camaradas/Unalegis] Vai ser bom pra você

  • From: João Marcos <jmcantarino@xxxxxxxxx>
  • To: Analistas <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Mon, 7 Sep 2009 13:53:23 -0300

Pequena contribuição para a saúde sexual dos Camaradas. Se faltar argumento,
vai esse mesmo. Mas atenção: mulher não perde a chance de se sentir usada,
manipulada, invadida e/ou indignada, principalmente quando o assunto é sua
liberdade sexual. Por isso não deixe pra falar em cima da hora, pois tudo
que vc vai ganhar é um literal pé na bunda, isso se conseguir ser rápido o
bastante no giro defensivo. Introduza o assunto, digamos, na hora do almoço.
Quem sabe ela engole.Via Rainha Vermelha, com adaptações.


O sexo oral, apesar de ser parte do que entendemos como ato sexual, não
parece trazer nenhuma vantagem reprodutiva direta. Para a natureza, esperma
lançado fora do corpo da fêmea é nada mais que um tremendo desperdício. E a
natureza tende a ser extremamente econômica.

Mas então porque os humanos fazem sexo oral? Porque é muito bom, você vai
dizer. Bem, infelizmente essa resposta não é suficiente para a seleção
natural (e também encerraria o meu artigo aqui). Além disso, não são apenas
os humanos que fazem sexo oral. Você nunca viu os cães cheirando e lambendo
as partes: próprias ou alheias?! Os primatas, incluindo nossos primos
chimpanzés, fazem a mesma coisa. É um comportamento bastante difundido no
reino animal. Será que eles fazem isso também só porque é bom? Sim, só por
ser bom já é motivo suficiente para fazer, mas então porque é bom? Você
nunca pensou nisso? Não é um prazer racional e sim instintivo. E se é
instintivo, geralmente tem uma razão de ser.

De alguma forma, o que biologicamente parece um desperdício, na verdade
aumenta as chances de reprodução. Parece um dilema, mas é um investimento.

Apesar do nosso sistema nervoso central (SNC) estar ligado conscientemente
em detalhes da aparência humana, como roupas, carros e cortes de cabelo, ele
também está ligado inconscientemente em outras coisas, mais básicas, como
cheiros, sons, formas e movimentos.

Muito bem, um cara sai com uma menina: cinema, jantar, vinho e quando chega
a hora o SNC (dele) está atento a cor da calcinha e do sutiã (dela), da
cueca e da meia (dele), se ela se depilou e se ele rói as unhas; ao mas o
SNC também está atento atento a várias outras coisas: a relação entre a
cintura e o quadril (dela), a relação entre a largura dos ombros e a cintura
(dele) e a freqüência da voz (dele), que são os elementos mais óbvios de
saúde física reprodutiva. Outros sinais são mais sutis e precisam de uma
aproximação maior.

Por exemplo, um odor ou gosto desagradáveis na genitália da fêmea podem ser
sinais de doenças. Mas além disso, ao cheirar e lamber a genitália da fêmea,
o macho pode perceber a presença do esperma de outro macho. Uma informação
muito importante, quer ela seja a sua fêmea estável, quer não.

A fêmea por outro lado também está buscando informação quando manuseia ou
leva o membro do macho a boca. Não, o tamanho não é o mais importante. Mais
importante é o tempo que o homem leva para alcançar a ereção. Esse é um
tremendo sinal de saúde sexual. Nossos ancestrais tinham que estar atento
aos predadores durante a cópula e não havia tempo a perder. Uma fêmea não
queria um cara que demorasse para crescer. Nem que demorasse para ejacular
já que a quantidade, a cor e o odor do sêmen também são elementos
fundamentais para a avaliação da fêmea. Uma porra branca, viscosa e sem odor
é preferível a uma amarelada, liquefeita e com cheiro forte. O volume é uma
questão a parte, já que depende sempre de outros fatores.

Então a natureza masculina concorda em esbanjar um pouco de sêmen porque
isso pode aumentar as chances dele copular no futuro (um futuro próximo).
O que os especialistas não conseguiram, ou não tentaram, explicar, é o
costume das fêmeas engolirem o sêmen dos machos. Em princípio, todas as
informações necessárias poderiam ser obtidas com a manipulação e o contato
oral. A deglutição inclusive impediria o importante exame visual. Qual o
propósito então?

Não, não é porque é nutritivo, apesar de ser rico em frutose. Também não
parece ser pelo gosto, já que apesar de ser um açúcar, a frutose não é doce.
Uma lenda urbana que até já foi citada em um episódio de "Sex and the city"
afirma que o gosto melhora se o homem tiver comido abacaxi no dia anterior,
mas isso não foi comprovado cientificamente. Umas amigas afirmam que o gosto
só é bom quando é do homem que elas amam. Apesar disso também não ter sido
comprovado, essa teoria pode estar mais próxima da verdadeira razão: a
ativação do sistema imune. Engolir porra é uma maneira da mulher desenvolver
tolerância aos antígenos do seu macho.

Um artigo publicado no ano 2000 por um grupo holandês na revista de
imunologia reprodutiva, mostrou que o sêmen é rico em uma série de compostos
chamados de HLA, a sigla em inglês para "antígeno dos leucócitos humanos".
São as famosas proteínas do complexo de histocompatibilidade maior, aquelas
proteínas específicas produzidas na superfície das nossas células e que
ajudam o nosso corpo a reconhecer o que pertence a ele e o que é estranho.
São as mesmas proteínas que fazem com que o organismo tente rejeitar um
órgão transplantado, por exemplo.

E do que serviria essa 'tolerância' as partes do corpo do homem para uma
mulher apaixonada que não precise de um transplante de coração? Bom, existe
sim uma parte, na verdade uma célula, do homem na qual a mulher está
interessada que seja transplantada para o seu corpo, e para a qual o corpo
dela pode sim, apresentar algum tipo de rejeição: o espermatozóide.

A razão pela qual muitas mulheres não conseguem engravidar é a rejeição ao
embrião, ou ao feto. Não é de todo insensato. Biologicamente, ele (o feto) é
um 'corpo estranho', ou pelo menos 50% estranho, que se comporta como um
parasita no corpo da mulher.

O estudo mostra que o sêmen rico em HLA ajuda a desenvolver a tolerância da
mulher ao macho, fazendo com que na hora que o sistema imune for reconhecer
as proteínas na superfícies das células do feto, aqueles outros 50% de
moléculas estranhas, não sejam tão estranhas assim.

Você pode achar que é brincadeira, mas o fato é que existe uma correlação
direta entre mulheres que tem contato oral intimo (engolem sêmen) com o
parceiro antes da concepção e a frequência de eclampsia (uma doença da
gravidez que pode levar ao aborto natural e até a morte da mãe). Mulheres
que engolem, tem menos eclampsia. Quanto maior a freqüência da deglutição,
menor a chance de eclampsia.

E não é só isso. O muco que preenche o cérvix feminino (mais conhecido como
aquela babinha que geralmente escorre depois da relação sexual) é cheio de
glóbulos brancos que defendem a entrada da cavidade abdominal contra
bactérias e agentes infecciosos. Mas que também atacam os espermatozóides
que nadam pelos canais do muco para chegarem nas trompas. A tolerância as
células do macho também reduz o ataque desses linfócitos.

Abre parênteses: As mulheres ainda são capazes de 'filtrar' o esperma de um
homem concentrando linfócitos no muco. Essa é uma resposta inconsciente que
tende a favorecer a fecundação por um ou outro macho com quem ela tenha
estado em contato (e que não é necessariamente o seu macho frequente), mas
essa é uma outra história. Fecha parênteses

A natureza não dá ponto sem nó. Um comportamento pode aparecer por acaso, ou
como um subproduto de outro (até cultural), mas para ele se tornar uma
estratégia difundida por grande parte do reino animal, se ele não teve um
propósito, acabou tendo alguma utilidade.

Então podemos corrigir a proverbial intuição das meninas, que tendem mesmo a
confundir tudo com emoção. Não serve qualquer porra, não precisa ser a porra
do homem que elas amam, tem de ser a porra do homem com quem elas querem
reproduzir. Que, todos sabemos, nem sempre é o mesmo sujeito.

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