Direita, volver
*BRASÍLIA -* A posse de Michel Temer deve marcar a mais brusca guinada
ideológica na Presidência da República desde que o marechal Castello Branco
vestiu a faixa, em abril de 1964. Após 13 anos de governos reformistas do
PT, o país passa ao comando de uma aliança com discurso liberal na economia
e conservador em todo o resto. O eleitor não foi consultado sobre as
mudanças.
O cavalo de pau fica claro na escalação do ministério
<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1770528-veja-quem-serao-os-ministros-do-governo-temer.shtml>,
que sugere desprezo à representação política das minorias. Ao substituir a
primeira presidente mulher, Temer montou uma equipe só de homens, o que não
acontecia desde a era Geisel. Os negros também foram barrados na Esplanada.
O Ministério da Educação foi entregue ao DEM, partido que entrou no Supremo
contra as ações afirmativas. A pasta do Desenvolvimento Social, responsável
pelo Bolsa Família, acabou nas mãos de um deputado do PMDB que já se
referiu ao benefício como uma "coleira política".
Para a Justiça, Temer escolheu o secretário de Segurança de São Paulo. Ele
assume com explicações a dar sobre violência policial e maquiagem de
estatísticas de criminalidade.
A fauna do Planalto também mudou radicalmente em poucas horas. Além dos
políticos que restaram ao seu lado, Dilma Rousseff se despediu cercada por
gente de esquerda, como sindicalistas, ex-presos políticos e militantes de
movimentos sociais.
A chegada de Temer encheu o palácio de representantes da direita brucutu do
Congresso, como os deputados Alberto Fraga e Laerte Bessa, da bancada da
bala, e o ruralista Luis Carlos Heinze, que já se referiu
<http://www1.folha.uol.com.br/colunas/bernardomellofranco/2015/10/1698139-ameaca-aos-indios.shtml>
a
quilombolas, índios e homossexuais como "tudo que não presta".
Depois do pronunciamento de estreia
<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1770723-temer-critica-situacao-do-pais-e-defende-manutencao-da-lava-jato.shtml>,
o presidente interino se reuniu a portas fechadas com líderes religiosos e
parlamentares evangélicos. Estavam presentes os pastores Silas Malafaia e
Marco Feliciano, que defendem ideias como o projeto da "cura gay". Eles
voltaram para casa entusiasmados com o novo regime.
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*Niquele*