Para embolsar salários extras, PT ignora estatuto Para receber os dois salários adicionais (R$ 25.694,40) pagos durante o período de autoconvocação extraordinária do Congresso, nada menos que 92 parlamentares do PT rasgaram o estatuto do partido. Ao todo, 12 senadores e 80 deputados petistas ignoram o estatuto da legenda. O código interno que rege o funcionamento do Partido dos Trabalhadores proíbe expressamente o recebimento de remunerações extras. Mais do que isso: prevê que os parlamentares eleitos pela legenda devem combater com vigor esse tipo de anomalia. A vedação consta item número três do artigo 69. Diz o seguinte: Art. 69: Desde o pedido de indicação como pré-candidato a cargo legislativo, o filiado comprometer-se-á rigorosamente a: (...) III- se eleito, combater rigorosamente qualquer privilégio ou regalia em termos de vencimentos normais e extraordinários, jetons, verbas especiais pessoais, subvenções sociais, concessão de bolsas de estudo e outros auxílios, convocações extraordinárias ou sessões extraordinárias injustificadas das Casas Legislativas e demais subterfúgios que possam gerar, mesmo involuntariamente, desvio de recursos públicos para proveito pessoal, próprio ou de terceiros, ou ações de caráter eleitoreiro ou clientelista. Entre todos os parlamentares petistas –12 senadores e 82 deputados- só dois, Dr. Rosinha (PR) e Vicentinho (SP) abriram mão do recebimento do adicional de salário da autoconvocação extraordinária do Congresso. Os outros 92 já receberam a primeira parcela (R$ 12.847,20), paga na semana passada. E manifestam a disposição de embolsar a segunda parcela, de mesmo valor, prevista para fevereiro. O deputado Dr. Rosinha decidiu enviar ao presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), ele próprio um transgressor do estatuto, exigindo a aplicação das normas internas da legenda. Provocado, o PT será obrigado a se posicionar. Dr. Rosinha (leia entrevista na seção ao lado) pedirá ao partido também que volte onze anos no tempo. Deseja que seja ressuscitada a “carta compromisso” que todos os candidatos petistas eram obrigados a assinar em 1994. O documento abre assim: “O PT é hoje uma alternativa real de governo, nos diferentes níveis. Isso aumenta o nosso grau de exigências e responsabilidades. O crescimento institucional do partido exige que nossos dirigentes partidários, nossas personalidades públicas e os detentores de mandatos eletivos tenham consciência de que sãi filiados com deveres superiores aos demais.” Num instante em que o poder não é mais uma “alternativa”, mas uma realidade, o PT deixou para trás os compromissos com a “responsabilidade, ética, disciplinares e maior controle partidários”. Esqueceu também o compromisso de apesentar “projetos de lei e medidas judiciais para que o salário reflita o rendimento real, sem expedientes escusos, como sessões extraordinárias duplas, ajudas de custo indevidas, etc.” Escrito por Josias de Souza às 02h23