Re: [CamaraDas] Debate: Aborto, violinistas e trompetistas

  • From: Érika Maia <erikamaia@xxxxxxxxx>
  • To: NiQueLe <niquele@xxxxxxxxx>
  • Date: Fri, 25 Apr 2014 09:44:21 -0300

Concordo plenamente com a argumentação a favor da vida. O direito de um
termina onde começa o direito do outro. A mulher tem liberdade de
engravidar, ou não. Se o faz porque não tomou as precauções que devia, deve
assumir seu ato. Não é possível defender o assassinato do inocente bebê
para que sua mãe tenha "liberdade" sobre seu corpo. Ela teve. E não soube
usar. Se não quiser ficar com o filho depois que nascer, há uma fila ENORME
de pessoas esperando por adoção, basta doá-lo. Mas não matá-lo.



2014-04-25 1:03 GMT-03:00 Niquele <niquele@xxxxxxxxx>:

> Aborto, eleição e violinistas
> *Hélio Schwartsman*
>
> *SÃO PAULO -* É só as eleições se aproximarem para os principais
> candidatos darem início a um concurso de coroinha e ver quem fica melhor
> com o eleitor religioso. O lance mais recente desse espetáculo foi dado por
> Eduardo Campos, que se deslocou a Aparecida para dizer que é contra o
> aborto.
>
> É claro que Campos, como cidadão e como político, tem o direito de
> posicionar-se da forma que melhor lhe convier, mas, neste caso, deveria ter
> a decência de riscar o termo "socialista" do partido que comanda, já que a
> defesa do direito das mulheres de decidir se vão levar em frente uma
> gravidez é uma bandeira clássica desse movimento. Um socialista contra o
> aborto soa quase tão mal quanto um padre a favor da prática.
>
> Não é, porém, da inconsistência ideológica dos partidos que eu queria
> falar hoje, mas sim do aborto.
>
> Uma argumentação provocante em sua defesa é o experimento mental proposto
> pela filósofa Judith Jarvis Thomson: Uma bela manhã você acorda e constata
> que foi cirurgicamente ligado a um famoso violinista. É que ele sofre de
> uma doença fatal dos rins e você é a única pessoa do planeta com tipo
> sanguíneo compatível com o dele. Por isso, a Sociedade dos Amantes da
> Música o sequestrou e realizou o procedimento que coloca os seus rins para
> filtrar o sangue de ambos. A boa notícia é que, após nove meses, o virtuose
> terá condições de viver por conta própria e vocês serão separados.
>
> O ponto de Thomson é que você não tem nenhuma obrigação moral de manter-se
> ligado ao violinista e, assim, garantir que ele viva. Fazê-lo é até
> meritório, um gesto de abnegação, mas de modo algum um dever.
>
> O interessante no argumento da filósofa é que o feto é reconhecido como um
> ser independente e titular de direitos plenos, como gostam os adversários
> do aborto. Mas ele mostra que, ainda assim, é possível construir um bom
> caso em favor da autonomia da mulher.
>
>
> ............................................................................................................................................................................................................................................
> Direito à vida
> *Rogério Gentile*
>
> *SÃO PAULO -* O excelente jornalista Hélio Schwartsman defendeu ontem
> neste espaço a liberação do aborto e citou em sua argumentação a filósofa
> norte-americana Judith Jarvis Thomsom.
>
> A filósofa imaginou uma situação em que você é a única pessoa do planeta
> com o tipo sanguíneo compatível com o de um famoso violinista que está
> inconsciente devido a uma doença renal gravíssima. Para ele sobreviver,
> você é forçado a se ligar ao músico por nove meses, de modo que os seus
> rins passem a ser utilizados para filtrar o sangue de ambos.
>
> Segundo a argumentação, embora ajudar o violinista seja um gesto
> meritório, de abnegação, você não tem nenhuma obrigação moral de manter-se
> ligado a ele e, assim, garantir a sua vida. A mulher, por raciocínio
> paralelo, teria o mesmo direito de autonomia em relação ao feto.
>
> Engravidar, porém, na maioria dos casos, não é resultado de uma relação
> sexual forçada. E os métodos anticoncepcionais, atualmente, inclusive a
> chamada "pílula do dia seguinte", são mais do que conhecidos. Não dá para
> comparar, portanto, com o caso de alguém que acorda de manhã e se vê ligado
> a um paciente que usufrui do seu rim.
>
> Melhor, então, seria cotejar o aborto de um feto com o caso de uma pessoa,
> quem sabe um trompetista, que respira por aparelhos. Você, que está num
> leito hospitalar ao lado e, por algum motivo, não suporta a companhia dele,
> vai lá e desliga o equipamento ou paga a alguém para tirá-lo da tomada,
> matando o sujeito. Isso é crime ou não é?
>
> Nas duas hipóteses, no entanto, de todo modo, para ser mais fidedigna a
> analogia com a situação de alguém que resolve fazer um aborto, seria
> necessário considerar um fator agravante: nem o violinista com problema nos
> rins nem o trompetista que respira por aparelhos seriam pessoas quaisquer.
> Eles seriam filhos de quem se recusa a salvá-los. Tais situações, para usar
> a expressão da filósofa, são moralmente aceitáveis?
>
> *:::*
> *Niquele*
>

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