Niquele, Você sempre nos surpreendendo com textos interessantíssimos. Obrigado. Leandro. Em 25 de outubro de 2013 02:06, Niquele <niquele@xxxxxxxxx> escreveu: > Como ser feio, digo, como ser mal-diagramado pela própria natureza, e > vencer na vida. Vencer não é bem o termo, um empate com gosto de vitória, > aos 48 do segundo tempo, está valendo. A única vitória da existência é a da > Velha da Foice, impiedosa e fatal, bem sabemos. > > Ai de mim, Copacabana. O certo é que estou ouvindo aqui o “Cidadão > Instigado”, uma das melhores bandas, há séculos seculorum, do país. Donde > me deparo de novo com um verso magnífico do Catatau, o gênio cearense à > frente do referido conjunto: “Um defeito de Deus é sempre perfeito”. > > Isso explica porque lembrei dessa arte de ser feio etc. Daí aproveito para > responder a muitas consultas de leitores que se sentem passados para o fim > da fila por causa da suposta fealdade ou ausência de beleza. > > Rapazes de todos os recantos do Brasil, como Plácido, 28, de Pato Branco > (PR), que culpa, impiedosamente, a sua feiura, por toda uma antologia de > infortúnios e insucessos com as mulheres. > > À guisa de encorajamento, reescrevo, faço um remix de uma velha tábua > filosófica deste blog e faço saber: > > 1) Que a beleza passageira e a feiura é para sempre, como repetia o > mal-diagramado Sérge Gainsbourg –o francês que só pegava mulher fraca, como > a Brigitte Bardot e a Jane Birkin, entre outros colossos. Sim, aquele mesmo > francês cabra-safado autor do maior hino de motel de todos os tempos, “Je > t´aime moi non plus”, claro. > > II) Que as mulheres, ao contrário da maioria dos homens, são > demasiadamente generosas. E não me venha com aquela conversinha > miolo-de-pote de que as crias das nossas costelas são interesseiras. Corta > essa, meu rapaz. Se assim procedessem, os feios, sujos e lascados de pontes > e viadutos não teriam as suas bondosas fêmeas nas ruas. Elas estão lá, > bravas criaturas, perdendo em fidelidade apenas para os destemidos > vira-latas. > > III) Que o feio, o mal-assombro propriamente dito, saiba também e repita, > no troco da generosidade, um velho mantra deste cronista de costumes: > homem que é homem não sabe sequer a diferença entre estria e celulite. > > IV) Que mulher linda até gay deseja e encara, quero ver é pegar > indiscriminadamente toda e qualquer assombração e visagem que aparecer pela > frente. > > V) Que homem que é homem não trabalha com senso estético. Ponto. Que não > sabe e nunca procurou saber sequer que existe tal aparato “avaliatório’’do > glorioso sexo oposto. > > VI) Que as ditas “feias” decoram o Kama Sutra logo no jardim da infância. > > VII) Que para cada mulher mal-diagramada que pegamos, Deus nos manda duas > divas logo depois do enlace. > > VIII) Que mulher é metonímia, parte pelo todo, até na mais assombrosa das > criaturas existe uma covinha, uma saboneteira, uma omoplata, um cotovelo, > um detalhe que encanta deveras. > > IX) Que me desculpem as muito lindas, mas um quê de feiura é fundamental, > empresta à fêmea uma humildade franciscana quase sempre traduzida em > benfeitorias de primeira qualidade na alcova, como o melhor sexo oral do > planeta, para não esticarmos demais a prosa. > > X) Saiba, por derradeiro, irmão de feiura, que a vida é boxe: um bonitão > tenta ganhar uma mulher sempre por nocaute, a nossa luta é sempre por > pontos, minando lentamente a resistência das donzelas. > > Porque, meu bem, como diz o meu amigo Conde do Brega, ninguém é perfeito e > a vida é assim. > > .................... > Niquele > Enviado de meu iPedra >