[CamaraDas] Humor: Os Dez Mandamentos do Homem Feio, por Xico Sá

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  • To: CamaraDas <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Fri, 25 Oct 2013 02:06:35 -0200

Como ser feio, digo, como ser mal-diagramado pela própria natureza, e
vencer na vida. Vencer não é bem o termo, um empate com gosto de vitória,
aos 48 do segundo tempo, está valendo. A única vitória da existência é a da
Velha da Foice, impiedosa e fatal, bem sabemos.

Ai de mim, Copacabana. O certo é que estou ouvindo aqui o “Cidadão
Instigado”, uma das melhores bandas, há séculos seculorum, do país. Donde
me deparo de novo com um verso magnífico do Catatau, o gênio cearense à
frente do referido conjunto: “Um defeito de Deus é sempre perfeito”.

Isso explica porque lembrei dessa arte de ser feio etc. Daí aproveito para
responder a muitas consultas de leitores que se sentem passados para o fim
da fila por causa da suposta fealdade ou ausência de beleza.

Rapazes de todos os recantos do Brasil, como Plácido, 28, de Pato Branco
(PR), que culpa, impiedosamente, a sua feiura, por toda uma antologia de
infortúnios e insucessos  com as mulheres.

À guisa de encorajamento, reescrevo, faço um remix de uma velha tábua
filosófica deste blog e faço saber:

1) Que a beleza  passageira e a feiura é para sempre, como repetia o
mal-diagramado Sérge Gainsbourg –o francês que só pegava mulher fraca, como
a Brigitte Bardot e a Jane Birkin, entre outros colossos. Sim, aquele mesmo
francês cabra-safado autor do maior hino de motel de todos os tempos, “Je
t´aime moi non plus”, claro.

II) Que as mulheres, ao contrário da maioria dos homens, são demasiadamente
generosas. E não me venha com aquela conversinha miolo-de-pote de que as
crias das nossas costelas são interesseiras. Corta essa, meu rapaz. Se
assim procedessem, os feios, sujos e lascados de pontes e viadutos não
teriam as suas bondosas fêmeas nas ruas. Elas estão lá, bravas criaturas,
perdendo em fidelidade apenas para os destemidos vira-latas.

III) Que o feio, o mal-assombro propriamente dito, saiba também e repita,
no troco da generosidade,  um velho mantra deste cronista de costumes:
homem que é homem não sabe sequer a diferença entre estria e celulite.

IV) Que mulher linda até gay deseja e encara, quero ver é pegar
indiscriminadamente toda e qualquer assombração e visagem que aparecer pela
frente.

V) Que homem que é homem não trabalha com senso estético. Ponto. Que não
sabe e nunca procurou saber sequer que existe tal aparato “avaliatório’’do
glorioso sexo oposto.

VI) Que as ditas “feias” decoram o Kama Sutra logo no jardim da infância.

VII)  Que para cada mulher mal-diagramada que pegamos, Deus nos manda duas
divas logo depois do enlace.

VIII)  Que mulher é metonímia, parte pelo todo, até na mais assombrosa das
criaturas existe uma covinha, uma saboneteira, uma omoplata, um cotovelo,
um detalhe que encanta deveras.

IX) Que me desculpem as muito lindas, mas um quê de feiura é fundamental,
empresta à fêmea uma humildade franciscana quase sempre traduzida em
benfeitorias de primeira qualidade na alcova, como o melhor sexo oral do
planeta, para não esticarmos demais a prosa.

X) Saiba, por derradeiro, irmão de feiura, que a vida é boxe: um bonitão
tenta ganhar uma mulher sempre por nocaute, a nossa luta é sempre por
pontos, minando lentamente a resistência das donzelas.

Porque, meu bem, como diz o meu amigo Conde do Brega, ninguém é perfeito e
a vida é assim.

....................
Niquele
Enviado de meu iPedra

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