[CamaraDas] RE: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] RE: [CamaraDas] PM nega falha em negociação de refém em Praia Grande

  • From: jair francelino ferreira <jairfrancelino@xxxxxxxxxxx>
  • To: analistas câmara <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Tue, 20 Nov 2007 23:45:09 +0300

Rapaz, pensei que esse dia nunca ia acontecer: concordo quase que inteiramente 
com a análise do Cantarino. So não tenho certeza se nesse caso, a ação imediata 
da polícia realmente se impunha. Mas concordo que ela seria bem mais 
justificável que no do ônibus 174. A questão é que, se agissem e desse errado, 
os policiais seriam criticados; como não agiram e deu errado, estão sendo. 
Nesses casos o "certo" acaba se confundo com o "bem-sucedido". Lembor-me de 
dois casos idênticos envolvendo tentativa de suicídio, divulgados pela TV em 
época mais ou menos recente. No primeiro, o bombeiro, disfarçado de repóter, 
consegue desviar a  atenção da suicida e num gesto rápido  dá-lhe uma gravata e 
a puxa para longe da beira do préido de onde ameaça pula. Um herói. No outro, 
tudo quase idêntico, mas o bote saí errado, a mulher se assusta, perde o 
equilíbrio e cai. Fica dependurada pela saia, desespera-se tentado segurar-se 
(a idéia do suicído obviamente já tinah sido posta de lado), o bombeiro tenta 
alcançá-la, mas a roupa se solta e ela cai para a morte. A diferença entre o 
herosmo de um e o desastre do outro, foi só o bote certo ou errado. É o segundo 
provavelmente agiu inspirado no sucesso do primeiro.
 
Jair


Date: Tue, 20 Nov 2007 17:32:47 -0200From: jmcantarino@xxxxxxxxxxx: 
analistas2002@xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] RE: [CamaraDas] 
PM nega falha em negociação de refém em Praia Grande
Vou usar da deferência que o comandante concedeu aos psicólogos para fazer 
algumas considerações. Procurarei deixar claro por que, na minha opinião, a 
polícia errou ontem ao não invadir a farmácia, tanto quanto já havia errado há 
alguns anos, ao tentar invadir o ônibus 174. 
Dada uma contingência, o comportamento que produzir um efeito satisfatório tem 
aumentada sua probabilidade de ocorrência no futuro, em uma contingência 
semelhante. Esse é uma princípio básico da aprendizagem, formulado pelo 
psicólogo americano Edward Thorndike ainda no início do século XX. Ocorre em 
toda parte, o tempo todo, sendo facilmente observável – em uma criança, em nós 
mesmos, em um cachorro. Assim sendo, não é de todo improvável que ontem a 
polícia tenha raciocinado da seguinte forma: "como da outra vez invadimos o 
ônibus e o resultado foi o que já sabemos, desta feita vamos esperar e 
negociar". 
O raciocínio, e portanto a decisão de não invadir a farmácia, estariam então 
corretos, e não haveria motivos para críticas à polícia. Isso seria verdade 
apenas se as duas situações fossem semelhantes o suficiente a ponto de 
justificar o uso da lei do efeito, conforme descrita acima. Mas elas são mesmo 
semelhantes? À primeira vista sim. Em ambas um seqüestrador acuado, uma arma e 
uma refém. Mas as semelhanças param por aí. No restante, em tudo os eventos são 
diferentes. E infelizmente, neste caso, as diferenças são mais importantes que 
as semelhanças. Para piorar, os dois casos diferem justamente em dois aspectos 
fundamentais para que se possa entender um ser humano: emoções e motivações. 
As motivações que levaram os dois seqüestradores até seus respectivos destinos 
finais são totalmente diferentes. Assim sendo, presume-se que as motivações 
para suas ações futuras tb o sejam. O policial afirmou que não pode adivinhar o 
que se passa na cabeça dos outros. Errado. Com mais ou menos sucesso, nós, 
seres humanos, fazemos isso o tempo inteiro em nossas vida. Um bom 
profissional, naquele momento, deve ser capaz de adivinhar o que "se passa na 
cabeça do outro". Em termos menos leigos, deve ser capaz de descrever as 
motivações subjacentes ao comportamento do seqüestrador, pois dessa descrição 
depende a ação da polícia. 
No caso do 174, o seqüestrador era quase uma vítima das circunstâncias, sem 
nenhuma ligação emocional com a seqüestrada. Que motivação ele teria pra matar 
a refém? Nenhuma. Ele estava com medo, é claro, mas também ansioso para que a 
situação acabasse logo, da melhor maneira pra ele. Era uma questão de tempo 
para que ele se entregasse. Não havia razão nenhuma, pois, para que a polícia 
invadisse o ônibus e colocasse em risco a vida da refém. 
Nada disso é verdadeiro no caso ocorrido ontem. Ali o seqüestrador estava 
emocionalmente envolvido com a refém, já havia manifestado sua intenção de 
atingi-la fisicamente, e tinha – concordemos ou não com eles – motivos 
suficientes para matá-la. A polícia, neste caso, não pode esperar demais, pois 
a tendência é que o sistema emocional insista em informar ao sujeito o quanto a 
situação presente é distante da situação ideal – digamos, por exemplo, ele e a 
namorada juntos, sorrindo, tomando sorvete no shopping, enquanto escolhem nomes 
para os filhos que um dia virão. 
Tudo isso vai fazendo das emoções uma força opressora muito maior que qualquer 
ameaça externa. De repente, não importa mais a polícia, não importa mais a 
cadeia. É só ele, a menina e a emoção que os une. Em pouco tempo isso também 
deixa de fazer sentido, e já não importa a namorada. Por fim ele próprio deixa 
de ter importância. 
A polícia lá fora o cerca e ameaça prendê-lo, mas ele já está preso há muito 
tempo, preso nas suas próprias emoções e crenças distorcidas sobre si mesmo, 
sobre a ex-namorada, sobre o que significa ser feliz nesta vida. O resultado 
todos nós vimos ontem na TV. 
Em 20/11/07, jair francelino ferreira <jairfrancelino@xxxxxxxxxxx> escreveu: 

No caso do ônibus 174, um POLICIAL matou a refém, numa ação desastrada, no 
momento em que o assaltante desci do ônibus para se entregar. Em represália, 
EXECUTARAM o bandido, rendido e algemado, no camburão. Por isso "crucificaram" 
a PM... Não precisava estar lá, pra saber que não é isso queesperamos dos 
nossos polciais. No caso agora, agiram corretamente e   ninguém pode culpá-los 
pelo final trágico. Jair  Date: Tue, 20 Nov 2007 00:20:10 -0200 Subject: 
[CamaraDas] PM nega falha em negociação de refém em Praia GrandeFrom: 
cdlobo@xxxxxxxxxxxx: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx 




No caso do ônibus 174, "crucificaram" a PM porque fez uma intervenção brusca e 
o seqüestrador matou a refém.
Neste caso, a PM - seguindo os procedimentos padrão -  ficou 12 horas 
conversando com o cara e, no final, ele matou a refém e se matou também.
Talvez se tivessem feito uma "intervenção brusca" tivessem conseguido salvar 
pelo menos a vida da moça.
Não se sabe.
Só quem sabe é quem tá lá, na hora, com o sangue latejando nas têmporas e uma 
arma e algumas vidas nas mãos.
 
Abs,
Claudio Lobo
 
 
 
 
- - - -

PM nega falha em negociação de refém em Praia Grande




A Polícia Militar (PM) afirma que as negociações com Jilmar Leandro da Silva 
Filho, que manteve por quase 12 horas a ex-namorada refém em uma farmácia de 
Praia Grande, no litoral paulista, foram todas feitas "dentro do padrão". O 
comandante do 45º Batalhão ds Polícia Militar do Interior, José Américo Franco 
Peixoto, afirmou que a área foi isolada e que não foi permitido o contato 
visual com o seqüestrador. Segundo o comandante, a PM avalia que não houve 
nenhuma falha na negociação. O seqüestro terminou com a morte da ex-namorada, 
Evelin Ferreira Amorim, e do seqüestrador. "Foi tudo dentro do padrão conforme 
a doutrina manda", afirmou. "Infelizmente a gente não sabe o que passa na 
cabeça do ser humano naquele momento, uma vez que ele já era reincidente. Acho 
que quem poderia avaliar melhor seriam psicólogos, psiquiatras", justificou. 
"Não houve nenhuma forma de pressão contra ele, tentávamos acalmá-lo, 
tranqüilizá-lo". O soldado da PM, Severino Celestino de Lima Filho, é primo do 
motoboy e foi convocado para ajudar nas negociações. O delegado titular do 1º 
DP de Praia Grande, Luiz Evandro de Souza Medeiros, afirma que a polícia 
trabalhou desde o princípio com a hipótese de que Silva mataria a jovem. "A 
diretriz número um que seguimos foi de que ele foi lá para matar e dificilmente 
faria a mesma palhaçada que da primeira vez (ele já havia feito a namorada 
refém). Ele é um psicopata daqueles que pensa 'se não é minha não é de 
ninguém'". Medeiros afirma que em nenhum momento Silva exigiu algo em troca e 
dizia o tempo todo que iria se entregar.  

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