[CamaraDas] Direita + esquerda: O medo venceu... Perderam os medrosos!

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  • Date: Sun, 23 Oct 2005 20:46:38 -0200

23/10/2005 - 08h09 
Referendo aproxima discursos da direita e da esquerda 
EPAMINONDAS NETO
da Folha Online

O referendo sobre a venda de armas de fogo e munição no Brasil provocou o 
inusitado efeito de aproximar representantes de correntes ideológicas muito 
diferentes. Embora uma avaliada rápida mostre que os partidos de esquerda se 
inclinam pelo "sim" e os de direita, pelo "não", o quadro ideológico é mais 
embaralhado se visto em detalhes. 

O PSTU, por exemplo, é um partido reconhecidamente de esquerda que ergueu 
bandeiras em torno do "não" e promete manifestações neste domingo para marcar 
posição. No PFL, que tem vários representantes em torno do "não", há um 
minoritário representante do "sim" que não se afasta da ideário liberal para 
defender sua opinião.

O PT fechou em torno do "sim" e fundamenta sua bandeira com base em 
estatísticas, que mostram o nível de homicídios por armas de fogo no país, com 
destaque para as mortes ocorridas entre a população jovem. Em termos puramente 
ideológicos, o Partidos dos Trabalhadores defende o monopólio da violência nas 
mãos do governo. 

"Temos que ter um Estado cada vez mais capaz de garantir essa segurança, com 
profissionais treinados para isso", afirma o líder do PT na Câmara, Henrique 
Fontana (RS).

Ironicamente, o PSTU refuta a argumentação com base em argumentos tanto de 
direita quanto de esquerda, fundamentando uma idéia de "autodefesa dos 
trabalhadores". 

Para membros do PSTU, o argumento de que o Estado deve deter o monopólio da 
violência "não é sério", já que as instituições burguesas, em última análise, 
não são confiáveis do ponto de vista da sociedade civil.

O representante do diretório nacional, Américo Gomes, usa o patriarca dos EUA, 
Benjamin Franklin, para justificar o "não" ao citar: "Quando todas as armas 
forem propriedade do governo e dos bandidos, estes decidirão de quem serão as 
outras propriedades". E coloca: "O direito democrático que está sendo atacado 
não é só o de se defender contra um assaltante, mas o de se rebelar contra a 
exploração, uma ditadura ou um golpe."

À direita

O deputado José Roberto Arruda (PFL-DF) é uma voz praticamente solitária em seu 
partido na defesa do "sim". A Frente Parlamentar Pelo Direito de Legítima 
Defesa é liderada por um colega de partido, Alberto Fraga (DF), que declara: 
"Defendo a posse de arma para que o cidadão possa defender sua propriedade, sua 
família e sua própria vida" e utiliza um argumento histórico para justificar 
sua tese: "O desarmamento dos cidadãos é historicamente uma das bases do 
totalitarismo", citando Stálin, Fidel Castro e Mao Tsé-Tung.

Para o deputado Arruda, isso é "bobagem". "Você combate o totalitarismo, o 
fascismo é com democracia e liberdade. E o Estado é mais forte em qualquer 
situação." 

Em relação aos direitos individuais, diz: "O Estado existe para definir os 
direitos. E eu prefiro viver em um Estado em que ninguém tivesse o direito de 
usar armas". Na opinião do deputado, o direito individual de usar armas 
"atrapalha" o direito coletivo. "No Brasil, estamos vendo uma banalização do 
uso de armas", acrescentou.

Para ele, a vitória do "não" deve provocar um "desastre duplo": a população vai 
continuar armada e vai consolidar o que chama de "equívoco coletivo", que para 
ele, é a idéia: "se eu tenho uma arma, eu estou seguro". "Isso é uma falsa 
segurança", diz ele.

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