[CamaraDas] ENC: Referendo/comentário

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  • Date: Tue, 25 Oct 2005 09:06:27 -0200

 

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São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005         
        
        
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ARTIGO 

A mensagem dos cidadãos 

DEMÉTRIO MAGNOLI 
COLUNISTA DA FOLHA 

Eles armaram o circo, instalaram a confusão e fabricaram uma pergunta capciosa. 
Contrataram os fogos e a fanfarra. Programaram a comemoração. Mas o povo disse 
"não!".
No referendo de ontem, o povo derrotou o governo, a maioria absoluta da elite 
política, a organização hegemônica de mídia e as ONGs milionárias. 
Agora, os santarrões têm de substituir a festa por uma narrativa política e já 
começam a manufaturar uma nova mentira: inspirados num Pelé de 30 anos atrás, 
dizem que o povo não sabe votar. Que o povo é "conservador" e vota contra seus 
próprios interesses. E que eles, os "esclarecidos" e "progressistas" isto é, 
Lula, Márcio Thomaz Bastos, Chico Alencar, Sarney, ACM Neto, Raul Jungmann, 
Marco Maciel e Renan Calheiros continuarão a lutar "pela paz", explicando ao 
povinho burro que a culpa pela criminalidade não é do Estado mas dos cidadãos 
ávidos por armas e sempre prontos a atirar uns nos outros. 
Eles destilaram uma santimônia pegajosa, abraçaram lagoas e cristos, mas não 
conseguiram falar em nome do povo. Agora, precisam seqüestrar a mensagem do 
povo e torcer seu significado. Indiferentes ao ridículo, chegam a sugerir que 
os cidadãos votaram contra o "mensalão", não contra a proibição, como se a 
quadrilha dos corruptores já não estivesse exposta dois meses atrás, quando o 
"sim" tinha dois terços das intenções de voto. 
O povo não é burro: decifrou a pergunta, desarmou a armadilha e enviou uma 
série de mensagens claras e nítidas.
1 - A esmagadora maioria dos brasileiros não tem armas. Mesmo assim, os 
eleitores disseram que o Estado não pode tomar-lhes um direito natural, que é o 
direito de defender a sua casa e a sua vida; 
2 - Os eleitores disseram que o Estado não pode dividir os cidadãos em duas 
classes jurídicas, permitindo a proliferação de empresas de segurança privada 
enquanto proíbe a autodefesa armada dos homens de poucas posses; 
3 - Os eleitores votaram contra o governo, mas com pertinência. Eles exigiram o 
fim da empulhação e do papo furado. Disseram que o culpado pela liberdade do 
crime é o governo, que não cumpriu a promessa de elaborar um plano nacional de 
segurança pública e não reformou, unificou e limpou as polícias. 
Que ninguém se engane. Ficou registrado na memória coletiva que, em dezembro 
passado, os ministros do Trabalho, Ricardo Berzoini, e da Cultura, Gilberto 
Gil, negociaram com os traficantes do Complexo da Maré as condições da visita à 
favela da Vila São João, onde lançaram um programa de qualificação 
profissional. Por imposição do tráfico, as autoridades subiram o morro sem 
segurança armada, protegidos pela milícia dos bandidos. 
Os cidadãos disseram "não!" exatamente a isso. Os brasileiros não correram 
atrás dos brucutus armados que têm saudade da ditadura. Simplesmente, estão 
fartos das autoridades que "são da paz". Querem guerra à corrupção e à 
violência policial. Querem guerra às prerrogativas dos traficantes, não uma 
hipócrita "guerra às drogas" que criminaliza os usuários e provoca chacinas de 
crianças. Querem a restauração da ordem pública e dos direitos das pessoas. Os 
candidatos a presidente deveriam tomar nota. 

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Demétrio Magnoli é doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo e 
colunista da Folha


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