28/12/2005 Em 2005, Brasil só cresceu mais do que o Haiti O Brasil chega ao final de 2005 em posição constrangedora entre os países da América Latina e do Caribe. Levantamento da Cepal informa que o país amargará o segundo pior índice de crescimento econômico da região: 2,5% do PIB. O Brasil só não é o lanterninha porque conseguiu superar o Haiti (1,5%), o país mais pobre do continente. O desempenho da economia brasileira foi muito inferior ao da Venezuela (9%) e ao da Argentina (8,6%), os dois países que mais cresceram na região em 2005. Ficou abaixo também de nações como Chile, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, que cresceram entre 5,5% e 7%. Perdeu ainda para Bolívia, Colômbia, Honduras e Nicarágua, que registraram crescimento ao redor de 4%. Os dados constam de relatório anual que acaba de ser fechado pela Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), organismo da ONU. O trabalho foi elaborado a partir de informações oficiais dos países. Além de medir o desempenho de 2005, o trabalho fixou as perspectivas para 2006. Em suas últimas manifestações públicas, Lula e o ministro Antonio Palocci (Fazenda) previram que o Brasil crescerá 5% em 2006. Nesta quarta-feira, o Banco Central projetou crescimento de 4%. Menos otimista, a Cepal avalia que a taxa não vai passar de 3%. Confirmada a previsão, o Brasil terá, de novo, o segundo pior desempenho da região. Superará apenas o índice de crescimento de El Salvador (2,5%). Brasil (2,5%), El Salvador (também 2,5%) e Haiti (1,5%) puxaram para baixo em 2005 a média anual de crescimento da economia dos países da América Latina e do Caribe: 4,3%. Segundo a Cepal, este é o terceiro ano consecutivo de crescimento da região , beneficiada pelo "entorno favorável da economia mundial, que cresceu 3,3% em 2005". Para 2006, a Cepal prevê que o crescimento médio da região será ligeiramente inferior: 4,1%. Considerando-se o período de 2003 a 2006, o desempenho positivo da economia da América Latina e do Caribe se manterá "levemente superior a 4% por ano". É pouco se for considerada a média registrada no mesmo período no conjunto dos países em desenvolvimento de todo o mundo: 5,7%. No trecho dedicado especificamente ao Brasil, o documento da Cepal afirma que o crescimento estimado para 2005 (2,5%) é menor que o de 2004 (4,9%) por causa da política econômica restritiva, temperada a altas taxas de juros. O relatório menciona também a austeridade fiscal, que produziu um superávit de 5,9% do PIB entre janeiro e outubro de 2005, acima da meta oficial de 4,25%. A desaceleração afetou os três grandes setores da economia brasileira, anota o estudo da Cepal. "Até o terceiro trimestre de 2005, o setor agrícola cresceu 1,5% (5,3% em 2004), a indústria 2,9% (6,2% em 2004) e o setor de serviços 2,1% (3,3% em 2004)." Diante do comportamento da taxa de câmbio -valorização de 18% do real frente ao dólar nos 12 meses até outubro-, o bom desempenho das exportações brasileiras foi considerado "surpreendente". O impacto do câmbio sobre o saldo da balança comercial, diz o relatório da Cepal, foi contido por dois efeitos que tendem a se esgotar: concessão de créditos que reduzem os riscos dos exportadores e comportamento cauteloso dos importadores. Para ler a versão integral do documento da Cepal, em espanhol, pressione AQUI <http://www.eclac.cl/publicaciones/DesarrolloEconomico/2/LCG2292PE/LCG2292_e_Balance%20preliminar.pdf> . Se preferir a versão resumida, em inglês, clique AQUI <http://www.eclac.cl/publicaciones/DesarrolloEconomico/2/LCG2292PI/LCG2292_i_briefing_%20paper.pdf> . Escrito por Josias de Souza às 22h48