[CamaraDas] Lulla Lelé 3.0?

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  • Date: Wed, 20 May 2009 14:54:47 -0300

    :::CamaraDas:::


Sem Dilma, a carta de Lula 3.0 virá da rua

Elio Gaspari

Adoença da ministra Dilma Rousseff acordou o fantasma de uma emenda
constitucional que abra o caminho para Nosso Guia disputar nas urnas
um terceiro mandato. Como sempre acontece, essas tempestades nascem na
periferia. O projeto, que prevê um referendo popular, virá do deputado
Jackson Barreto (PMDB-SE), e há uma semana a proposta foi trazida pelo
sindicalista Paulo Vidal, que nos anos 70 antecedeu Lula na
presidência dos Metalúrgicos de São Bernardo. Nas suas palavras, com
seu estilo:

"Imaginar pura e simplesmente que politicamente seria importante
cumprir as normas constitucionais e tirar o Lula da Presidência, eu
acho que todos nós temos que repensar isso. (...) A companheira Dilma
que me desculpe."

(Num lance pérfido, Lula já contou que, durante a ditadura, "muitos
companheiros presos disseram que o Paulo Vidal era quem tinha dedado.
Eu, sinceramente, não acredito". Se não acreditasse, não deveria ter
dito, sobretudo quando se sabe que, na oficina de ourivesaria
stalinista do mito de Nosso Guia, Vidal é colocado no papel de
policial.)

Se a candidatura da doutora Dilma Rousseff sair do trilhos, são fortes
os sinais de que a carta petista será a emenda constitucional que
permita a disputa do terceiro mandato. A manobra exige que até
setembro três quintos do Congresso votem a favor da medida, para
levá-la a um referendo. Pode-se antever dificuldades no Senado, que já
negou essa maioria ao governo no caso da prorrogação da CPMF, mas uma
coisa é certa: se a nação petista for para esse caminho, ela não se
fará ouvir com maiorias parlamentares, virá com o ronco das ruas.

A expressão "terceiro mandato" trai a abulia política em que se
prostrou a oposição. O que Lula pode vir a pedir é o direito de
disputar uma terceira eleição. A ideia de "mandato" pressupõe que,
podendo disputar, ganha na certa.


O comportamento dos dois candidatos tucanos à Presidência da República
diante da opção queremista (ecoando o "Queremos Getúlio" de 1945) é
hoje estímulo para o PT. José Serra e Aécio Neves guardam obsequioso
silêncio em relação ao assunto. Serra e o PSDB meteram-se numa camisa
de força institucional. Um governador de São Paulo e um partido que
simpatizam com uma reforma política capaz de criar o voto de lista por
maioria simples ficam numa posição girafa se quiserem condenar um
projeto de reeleição que vai buscar os três quintos exigidos para as
reformas constitucionais para que se realize um referendo.

No caso do governador de Minas Gerais, chega a ser difícil entender
por que ele condenaria a manobra queremista, capaz de levá-lo ao
melhor do mundos. Primeiro, porque a mudança permitiria sua própria
reeleição (refrigério de que Serra já dispõe, caso não queira ir para
outra disputa com Lula). Em 2014 Aécio Neves estará livre de seu
principal adversário, que se chama José Serra, não Lula.

É possível que Serra, Aécio e grão-tucanato deem pouca importância aos
sinais de fumaça que saem da panela do Planalto. Em 1995 muita gente
boa da oposição se recusava a acreditar que Fernando Henrique Cardoso
mudaria a Constituição para se reeleger em 1998. Deu no que deu,
colocando no colo dos tucanos a paternidade do instituto da reeleição.

ELIO GASPARI é jornalista.

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  Marx - "De cada um de acordo com suas capacidades, para cada um de acordo com 
as suas necessidades."

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