Tenho visto desfilarem na Internet muitas estatísticas relacionadas à questão do comércio legal de armas. A maioria me lembra um estudo estatístico feito pela ONU sobre o trânsito nas capitais brasileiras. Este estudo apontou Belo Horizonte como a capital de trânsito mais fácil. Quem conhece o caos nas ruas da capital mineira deve espantar-se, mas a explicação é que o principal parâmetro considerado na pesquisa foi a velocidade média entre o centro da cidade e o aeroporto. Ora, o aeroporto de Confins faz juz ao nome, fica fora da cidade (e, à época, não havia controle de velocidade nas vias brasileiras). Após tartarugar pelo centro congestionado, o pessoal voava na auto-estrada, resultando uma ótima velocidade média. Nas estatísticas de que falei acima, estão dizendo que 61% das armas de fogo apreendidas pela polícia têm origem legal. Isso me espanta porque, ao contrário dos alambiques, quase não existem fábricas clandestinas de armas de fogo. Como a produção de armas de fogo é legal - e vai continuar sendo - conclui-se que, na ORIGEM, todas as armas de fogo são legais, e não apenas uma porcentagem delas. Só depois é que elas são contrabandeadas, roubadas, etc. No mesmo e-mail me diziam que, das armas registradas, 2/3 pertenciam a "pessoas físicas" e 1/3 ao "Estado (policiais, forças armadas, etc.)". Ora, 2/3 + 1/3 = 3/3, quer dizer, 100%. Então a estatística está dizendo que NENHUMA pessoa JURÍDICA, inclusive as empresas privadas de sergurança, possui armas registradas, o que parece totalmente impossível. Suponho que o divulgador das estatísticas tenha incluído, nos 2/3 das "pessoas físicas", o arsenal das empresas de vigilância. Arsenal este que aumentará se a aquisição legal de armas pelo cidadão for transformada em ilegalidade. Por essas e por outras é que tais estatísticas sobre a "origem" das armas e as "pessoas privadas" me parecem diretamente relacionadas à velocidade média entre o centro da cidade e o aeroporto. Amplos amplexos, Claudio Lobo