:::Nefelibatas::: Mauro Santayana

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  • To: <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Wed, 5 Oct 2005 17:44:50 -0300

> MAURO SANTAYANA  <mailto:maurosantayana@xxxxxxx> 
> 
> A CPMI dos Correios ultrapassou ontem o Rubicão, ao aprovar a abertura dos 
> discos rígidos dos computadores apreendidos nos escritórios do banqueiro 
> Daniel Dantas. Recolhidos à Polícia Federal, estavam protegidos pela Justiça, 
> em nome do sigilo bancário. Como a CPI tem poder para isso, sua decisão terá 
> que ser imediatamente cumprida. 
> No momento da votação do requerimento, houve nervosa reação dos 
> oposicionistas, alguns de notórias ligações com Dantas. Eles sabem que foi 
> transposto o ponto de não retorno. Se tais discos não se encontram vazios, 
> como vazio estava o famoso cofre de Marcos Valério, deles surgirão provas 
> importantes para explicar por que Dantas pôde crescer tanto sob o consulado 
> do PSDB e do PFL. Os registros poderão explicar suas relações privilegiadas 
> com o governo chefiado pelo Fernando Henrique Cardoso. Não ficaram nisso os 
> êxitos da Comissão ontem. Com a abertura do sigilo bancário de 11 corretoras, 
> será possível rastrear as atividades dos grandes doleiros. Foi também 
> aprovado o pedido da lista de investidores no Opportunity Fund às autoridades 
> das Ilhas Cayman. De acordo com a lei, as pessoas físicas brasileiras não 
> podem investir nessa modalidade de fundos no exterior - mas há suspeitas de 
> que Dantas tenha violado a proibição. 
> Todos esses arquivos poderão abrir caminho aos grandes segredos do Banco 
> Central. A provável reabertura da CPI do Banestado, os registros dos grandes 
> doleiros, mais as atividades do Opportunity, mostrarão até que ponto houve a 
> cumplicidade da instituição em todas essas atividades danosas ao Brasil. 
> O Banco Central tem sido acusado de negligência no acompanhamento das 
> atividades bancárias no país. Não têm sido poucos os bancos que vão à 
> falência fraudulenta, dando imensos prejuízos ao povo, uma vez que o Banco 
> Central neles intervém para garantir os créditos de terceiros. Como foram 
> possíveis as operações do Banco Rural com Marcos Valério, sem que delas 
> tivesse conhecimento o Banco Central? E o que dizer das contas fantasmas do 
> Banco Nacional? 
> No caso da evasão de divisas pela fronteira de Foz de Iguaçu, ficou claro que 
> o Banco Central fora o principal responsável, ao autorizar aquele tipo de 
> operações, mediante simples portaria. Talvez pressentindo que as 
> investigações chegarão ao edifício negro da Quadra das Autarquias, Paulo 
> Bernardo, com o apoio declarado do ministro Palocci, quer ajudar o PSDB e o 
> PFL a aprovar a imediata autonomia do Banco Central. No momento em que essa 
> autonomia for obtida, se o governo Lula arriscar-se a tanto, a caixa preta do 
> Banco Central estará selada para sempre. Jamais o Brasil conhecerá, em suas 
> devidas dimensões, o que tem sido o conluio das autoridades econômicas com os 
> grandes bancos nacionais e estrangeiros. 
> Os segredos de Daniel Dantas são os segredos dos seus sócios e amigos, Pérsio 
> Arida, André Lara Resende, Luís Carlos Mendonça de Barros, e tantos outros 
> "magos" do mercado de capitais. E todos esses segredos poderão ser 
> desvendados no momento em que a caixa preta do Banco Central for aberta. 
> Conforme os achados nos registros de Dantas, provavelmente o Congresso irá, 
> como o mais alto poder da República, exigir investigação exaustiva nos 
> arquivos da instituição. 
> É sempre bom relembrar o passado, como nesse diálogo em favor de Daniel 
> Dantas, gravado durante a privatização das teles: 
> Luís Carlos Mendonça de Barros a André de Lara Resende: "Temos que fazer os 
> italianos na marra, que estão com o Opportunity. Combina uma reunião para 
> fechar o esquema. Eu vou praí as seis e trinta e às sete horas a gente faz a 
> reunião. Fala para o Pio que vamos fechar, daquele jeito que só nós sabemos 
> fazer". Luís Carlos Mendonça de Barros a Ricardo Sérgio, diretor do Banco do 
> Brasil: "Está tudo acertado, mas o Opportunity está com um problema de fian> 
> ça. Não dá para o Banco do Brasil dar?" Ricardo Sérgio a Mendonça de Barros: 
> "Acabei de dar. Dei para a Embratel e 874 milhões para o Telemar. Nós estamos 
> no limite da nossa irresponsabilidade". 
> Mendonça de Barros ao presidente Fernando Henrique: "A imprensa está muito 
> favorável com os editoriais". FHC a Mendonça de Barros: "Está demais, né? 
> Estão exagerando, até". 
> 

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