[CamaraDas] O pouso nada suave da economia mundial ou, quem quer ganhar catorze mil dólares?

  • From: Paula Nakamura <paulanakamura@xxxxxxxxx>
  • To: camaraDas <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Mon, 16 Mar 2009 08:13:23 -0300

Encaminho mais um texto muito interessante do Eduardo F. Silva.
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*O pouso nada suave da economia  mundial ou, quem quer ganhar catorze mil
dólares?*
*
**Eduardo Fernandez Silva*
*Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados*
*Área IX – Economia e Política Econômica*
*Março de 2009*


Há anos, economistas já diziam que o rápido crescimento recente da economia
mundial não era sustentável e cairia. A questão era se seria um pouso suave
ou não. Aqueles que previram uma crise mais forte foram chamados de
agourentos. Hoje, vemos que tinham razão.
Há anos, especialistas vêem dizendo que o planeta não suporta nem o estilo
nem o ritmo de crescimento econômico recente, nem muito menos a
generalização, para as pessoas mais pobres, do estilo de vida médio vigente
nos países ricos. Isso porque, simplesmente, a Terra não tem água, nem
petróleo, nem madeira nem capacidade biológica de processar os lixos tóxicos
que poluem o ar, a água, o solo e o subsolo, e que são inevitáveis para
produzir tal estilo de vida! Muitos ainda chamam esses especialistas de
agourentos, como se dizia dos que previam a crise da economia.
Não obstante a advertência e os claros sinais que a corroboram, muitos ainda
buscam, como solução para a crise econômica, algo que ressuscite o sistema
bancário e possibilite a retomada do crescimento econômico. A promessa é
que, no futuro, todos terão o padrão de vida dos países ricos”. Promessa
falsa, pois impossível de ser cumprida.
Ao invés de se buscar um novo sistema financeiro, que dê contribuição
efetiva para solucionar, simultaneamente, as crises ambiental, do sistema
econômico e, principalmente, a da (falta de) qualidade de vida da maioria da
população, busca-se ressuscitar as instituições financeiras hoje na UTI do
dinheiro público.
Justifica-se tal estratégia com o argumento de que ela permitirá retomar
empréstimos para que os consumidores comprem cada vez mais para que as
empresas produzam cada vez mais e gerem empregos. Retomar a antiga trilha em
busca da falsa promessa significa, principalmente, desconsiderar a
advertência cada vez mais insistente – e com provas cada vez mais veementes
– de que já hoje os humanos consomem mais recursos do que a Terra é capaz de
oferecer.
O debate tem que ser redirecionado. Considere-se, por exemplo, que já foram
injetados nos bancos cerca de sete trilhões de dólares, e os analistas
estimam que pelo menos mais uns três ou quatro serão necessários. Se este
dinheiro fosse dividido entre as 700 milhões de famílias que compõem a
metade mais pobre da atual população de humanos, cada uma receberia um valor
equivalente a catorze mil  e duzentos dólares. Os problemas da pobreza e do
desemprego seriam resolvidos, rapidamente.
O absurdo do número ressalta o devaneio da busca de uma solução por meio de
uma estratégia de comprar, comprar, comprar e comprar; há que se mudar o
estilo de vida.
Caso se retome o crescimento da economia sem lhe alterar, profundamente, o
estilo, o método e os objetivos, a crise ambiental já anunciada e que se
avoluma a cada segundo nos atingirá com tal força que, sim, o atual tsunami
da crise econômica parecerá apenas uma marolinha.


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