[CamaraDas] Re: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] Eliane Trindade: Um crachá que vale muito

  • From: Luís Nobre <luis.cnobre@xxxxxxxxx>
  • To: Seme Fares <seme.fares@xxxxxxxxx>
  • Date: Thu, 12 Feb 2015 09:42:06 -0200

Contexto com vários matizes, incluindo as gradações de cinza. Talvez uns 50
tons.

Em 11 de fevereiro de 2015 22:30, Seme Fares <seme.fares@xxxxxxxxx>
escreveu:

> O melhor é não generalizar e criar preconceitos irrefletidos.
>
> Seme Fares
>
> Em 11/02/2015, às 18:06, Adriana Lago <didi.lago@xxxxxxxxx> escreveu:
>
> Que porcaria!
> Vida nojenta a que esse povo promíscuo leva!!
> E saber que o nosso local de trabalho serve de palco pra essa pornografia
> institucionalizada...PQP!
>
> Em 11 de fevereiro de 2015 07:51, Patrícia Borges de Carvalho <
> pcborges19@xxxxxxxxx> escreveu:
>
>> Tá cheio de prostituta com cne. Todas vestidas sensualmente, altamente
>> produzidas, sorridentes e prestativas dando mole pros servidores e
>> deputados pra garantir uma segurança a mais.
>> E os bocós babam e adoram dar dinheiro pra elas, sentem-se "pegadores de
>> sucesso". Alguns até namoram com elas sem saber que são prostitutas.
>> É uma relação equilibrada onde cada um tem o que busca e todos se
>> merecem...
>>
>>
>> Seme Fares
>>
>> Em 10/02/2015, às 22:04, Niquele <niquele@xxxxxxxxx> escreveu:
>>
>> Brasília para maiores: confissões de uma acompanhante de luxo
>>
>> 10/02/2015
>>
>> "Danny Bond sou eu", diz Juliana, no primeiro contato por telefone para
>> comentar "Felizes para Sempre?". A brasiliense de 38 anos contabiliza 22
>> deles numa terra parecida com a retratada na minissérie dirigida por
>> Fernando Meirelles, cujo último capítulo foi exibido pela Rede Globo na
>> sexta-feira (6).
>>
>> Ao longo dos dez episódios e a convite da coluna, Juliana (nome fictício)
>> passou em revista sua vida em uma "Brasília para maiores", contrapondo
>> ficção e realidade.
>>
>> A fina estampa e o carisma ("Sou bem articulada, espirituosa e sei me
>> comportar em qualquer ambiente") carimbaram o passaporte da loura de 1,60m,
>> 54 kg e olhos castanhos para o território do poder.
>>
>> Uma Brasília habitada por autoridades e políticos –de todos os partidos e
>> matizes ideológicos, do baixo ao alto clero do Congresso Nacional, passando
>> pelos primeiros escalões de sucessivos governos–, além de empresários,
>> empreiteiros e lobistas que orbitam em torno dos poderosos.
>>
>> Juliana mergulhou em reminiscências de seu debute, ao acompanhar a
>> personagem de Paolla Oliveira, uma garota de programa de luxo que seduz um
>> empreiteiro corrupto e sua mulher, ao ser contratada pelo casal para um
>> "ménage à trois".
>>
>> "Eu tinha 16 anos, era estudante do ensino médio, filha de uma família
>> classe média, quando comecei a me relacionar com homens mais velhos, todos
>> ricos e poderosos. Eles pagavam as minhas contas. Eu não gostava da minha
>> vida, do lugar onde morava no Plano Piloto e sempre almejei mais.
>>
>> Fui vendedora de uma butique de luxo, atendia mulheres ricas, socialites
>> e sonhava em ser como elas. Como era muito bonita, sempre fui assediada e
>> me destacava pela personalidade.
>>
>> Então, fui montando uma personagem: a menina bonita, liberal e moderna.
>> Era diferenciada na cor e no corte de cabelo. Era fashion e a mais popular.
>> Sempre transitei entre as classes de A a Z. Sei atuar em todos os lugares e
>> tudo era descoberta: o sexo, o meu poder de sedução e o luxo."
>>
>> Como Danny Bond na minissérie, a personagem real agradou um importante
>> empresário local. Juliana teve um Cláudio Drummond (o empreiteiro vivido
>> por Enrique Diaz) para chamar de seu. Aos 20 anos, conquistava o coração e
>> as benesses de um homem que a promoveu de recepcionista em uma de suas
>> empresas a amante.
>>
>> Com ele, viveu no centro do poder os primeiros capítulos de um romance
>> que teve como cenário a Academia de Tênis de Brasília. Nos anos 1990, em
>> plena Era Collor, a estrutura hoteleira e esportiva era a mais requintada
>> da Capital Federal.
>>
>> "Por quase dez anos vivi na `vibe' de mulher de milionário. Ele tinha 56
>> anos, quando começamos a nos relacionar. Logo no começo do nosso caso, ele
>> colocou as cartas na mesa: `Sou casado, tenho filhos. Minha vida é
>> complicada. Se topar a parada, não vai se arrepender'. O que eu tinha a
>> perder?"
>>
>> Na ficção, Danny Bond ganha 3.000 euros por uma tarde de sexo em um hotel
>> de luxo com vista para o Lago Paranoá, paisagem ofuscada pelo comentado
>> bumbum da atriz. Ao final da transa, o cliente declara: 'O que você quer?
>> Aliança? Apartamento?' O céu era o limite também para Juliana.
>>
>> "Eu topei na hora. No dia seguinte, saí da casa de minha avó, com quem
>> estava morando, pois briguei com minha mãe por causa do meu estilo de vida.
>> Fiquei rica da noite para o dia. Tinha cartão de crédito ilimitado, ganhei
>> uma BMW, quando antes circulava com um carro popular. Os filhos dele tinham
>> a minha idade.
>>
>> Fomos morar juntos. De cara, ele me botou em um chalé na Academia de
>> Tênis. Era vizinha da então ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello,
>> que morava lá. Tomava café da manhã com ministros do Collor. Imagina tudo
>> isso na cabeça de uma menina de 20 anos."
>>
>> Apesar da narrativa de contos de fadas, Juliana diz sempre ter tido
>> consciência de que era uma história fadada a não ter final feliz, a exemplo
>> da vida bandida de Danny Bond. A fila sempre anda, diz Juliana.
>>
>> "No meu caso, depois de sete anos juntos, ele se apaixonou por outra.
>> Nessa altura, eu já tinha engravidado e tido um filho dele. Luciana Gimenez
>> não teve um filho de Mick Jagger? Comigo foi a mesma coisa. Minha vida
>> mudou. Ele era um homem muito generoso. Adora nosso filho, é um ótimo pai.
>> Fui uma mulher exemplar, recompensada com uma pensão e uma casa que vale
>> US$ 1 milhão.
>>
>> Vivi o fim do caso com dignidade. Você é um troféu e logo eles vão querer
>> conquistar outro. É o ciclo natural. Esse tipo de homem é movido a
>> conquistas, ao poder de bancar a mulher mais bonita da noite. Sou pé no
>> chão. Tenho um sensor apurado, sei sair bem das situações."
>>
>> Juliana passou quase uma década levando uma vida de classe média,
>> namorando caras da sua idade e longe dos engravatados da Esplanada dos
>> Ministérios e da Praça dos Três Poderes. Há dois anos, voltou a circular
>> entre políticos, recomeçando as baladas de uma segunda encarnação na pele
>> de uma Danny Bond de carne e osso.
>>
>> "Todas as terças e quartas, quando os políticos começam a chegar de suas
>> cidades, nosso grupo se reúne em algum restaurante badalado de Brasília.
>> Você vai para esses encontros para ser avaliada e se submete a isso à
>> espera do prêmio maior, que é ser uma das escolhidas da noite.
>>
>> É uma coisa discreta, como se fosse um jantar entre amigos. Só que é
>> organizado por uma espécie de cafetina, que deve ter uns 50 anos e faz o
>> estilo amigona deles e das mulheres. O que está em jogo ali não é só ser
>> escolhida por um político ou empresário por uma noite, mas o desejo de que
>> um cara desses se apaixone por você. É uma roleta russa. Dá adrenalina.
>> Mexe com a vaidade.
>>
>> _Foi assim que conheci um deputado, com quem me relaciono há oito meses.
>> Antes, fiquei com outros, inclusive com um amigo do atual. Não fui
>> escolhida de cara pelo meu ficante. Só saímos depois do terceiro encontro.
>> Tenho essa tranquilidade. Não saio à caça, nem faço por necessidade. _
>>
>> Quando era mais jovem, meu objetivo era casar com um milionário. Foquei e
>> consegui. Não busco mais um apartamento ou um carro, coisas que já
>> conquistei. Meu objetivo hoje é aproveitar a vida com estilo. Fazer viagens
>> nos fins de semana, ganhar presentes caros, como uma bolsa Gucci, uma
>> sandália Christian Louboutin, uma joia da Tiffany. Não é uma troca
>> imediata, são ganhos de longo prazo. É um empreendimento, como tudo o mais.
>> Você pode fazer sucesso ou falir. Tem que focar."
>>
>> A exemplo da personagem criada por Euclydes Marinho, Juliana se orgulha
>> do estilo sofisticado de se vestir, de sua casa muito bem decorada,
>> credenciais que a fazem circular com segurança entre os abastados. E se
>> diferenciar da concorrência.
>>
>> "Antigamente, a coisa rolava entre um grupo de patricinhas,
>> universitárias, como é o caso protagonista da minissérie. Hoje, a
>> proliferação dessas garotas é tão grande, que existe para todos os gostos e
>> idades. A concorrência aumentou. Tem desde a funcionária pública
>> concursada, atraída por frequentar restaurantes caros, até as vagabundas
>> que vivem só disso.
>>
>> Apesar de estar com quase 40 anos, tenho tido sucesso nessa minha segunda
>> fase. Uma acompanhante de um homem poderoso tem que saber falar, ter um
>> mínimo de conhecimento. Eles gostam de mulher de atitude, que possam exibir.
>>
>> A cama é o segundo momento. Depois da primeira transa, se o cara te
>> procura para uma segunda, você sobe um degrau. As outras já ficam olhando.
>> Rola muito ciúme e briga entre as meninas."
>>
>> Elas entram em cena em fuso e calendário próprios, sempre à noite e entre
>> terças e quintas, a semana parlamentar. Os encontros vespertinos, como o
>> protagonizado por Danny Bond em tarde de sexo nos ares, são excepcionais,
>> assim como fins de semana de sexo em outras paragens. Juliana carimbou o
>> passaporte para Miami há uns três meses. Já a personagem de Paolla Oliveira
>> teve o embarque para Paris abortado pela Polícia Federal que, na ficção,
>> impediu a saída do seu acompanhante do país.
>>
>> "Depois de uns cinco encontros com esse deputado com quem estou ficando,
>> ele me convidou para uma viagem a Miami. Passamos cinco dias na casa de um
>> milionário amigo dele. Fiquei impressionada com tanto luxo e riqueza. Não
>> rola grana, mas presentes. Os caras bancam tudo. Nem precisa ser boa de
>> cama. Todos usam Viagra ou Cialis. Passam a noite inteira ligados.
>>
>> Transamos em todos os ambientes da mansão. Fizemos um filme pornô atrás
>> do outro. Como tinha câmera para todo lado, fiquei bem conhecida dos
>> porteiros. Imagina se uma fita dessa for parar na internet ou numa comissão
>> de decoro parlamentar? Todo mundo ia querer saber quem era a loura
>> misteriosa.
>>
>> É claro que você fica imaginando o custo daquilo tudo. Fiquei passada
>> quando mexi no closet do dono da casa de Miami. Achei uma gaveta cheia de
>> relógios. Abri outra e contei US$ 15 mil em cash. Era a grana para o fim de
>> semana. Esses caras não pagam nada com cartão nem cheque. Não deixam pistas
>> da gastança. Isso me diverte, dá adrenalina. Mexe com minhas fantasias e me
>> excita.
>>
>> Dispara um gatilho. Quando a vaidade se mistura com futilidade é uma
>> bomba. Tinha um iPhone 5 novinho e troquei pelo 6 para ficar no mesmo nível
>> dele e da turma de milionários.
>>
>> É preciso muita estrutura emocional para não pirar e também para não se
>> apaixonar. Quem acha que tudo ali é real se ferra ou enlouquece. Já vi
>> casos horrorosos de meninas que invadem gabinetes, xingam secretárias e
>> infernizam a vida do cara."
>>
>> Como a arte imita a vida, Juliana conta histórias de glamour e de
>> sacanagem protagonizadas por ela ou amigas e que poderiam ter sido
>> roteirizadas em "Felizes para Sempre?".
>>
>> "Já ouvi muita história de transas em aviões e helicópteros. Um
>> ex-senador era conhecido por transar enquanto sobrevoava Brasília em seu
>> jatinho, assim como um conhecido empresário que fazia festinhas aéreas
>> regadas a cocaína.
>>
>> Uma amiga foi contratada por um casal por R$ 2.000 para um programa, mas
>> quando chegou ao restaurante rolou uma atração forte entre as duas
>> mulheres. Assim como na minissérie, o cara foi colocado para escanteio e
>> elas tiveram um casinho por um tempo. A menina é poliglota, morou na
>> Inglaterra, chegou toda montada em grifes, nada do estereótipo de puta.
>>
>> Você vive também situações engraçadas e até constrangedoras. Saí com um
>> deputado que na hora de transar fazia de conta que eu era a melhor amiga da
>> mulher dele. O cara gritou tanto o nome das duas que eu escapei do hotel na
>> madrugada. Mas você pode acabar uma noitada também na mesa de um futuro
>> candidato a Presidência da República ou de um novo ministro.
>>
>> Ano passado fui convidada para uma festa de aniversário em outra capital.
>> Foi organizada pela amante de um parlamentar importante que chamou 30
>> meninas. Ele levou dez amigos. Fui contemplada com o mais bonito e poderoso
>> deles."
>>
>> Juliana aponta uma falha no roteiro da minissérie, quando o empreiteiro
>> inescrupuloso dispensa uma amante com um cheque pelos "serviços prestados".
>> Nos últimos episódios, a distância entre ficção e realidade aumentou,
>> segundo ela.
>>
>> "Não gostei do desfecho da minissérie. Do meio para o final enfeitaram
>> muito. Achei moralista essa coisa de o crime não compensa? Acabar em morte
>> ou prisão. Não é o que vejo acontecer. Não vejo as acompanhantes
>> participarem de negociatas, por exemplo, nem distribuírem dossiês por aí.
>>
>> Na vida real, para se dar bem nesse esquema, a mulher tem que que segurar
>> a onda e saber a hora de sair de cena. Só sobrevive e tem sucesso que tem
>> cuidado com o que fala, vê e escuta.
>>
>> Estou escrevendo minha história. Já penso em outras possibilidades. A
>> minha cartada agora é conseguir um emprego de assessora parlamentar na
>> Câmara dos Deputados. Posso dar um `up grade' no mandato do meu ficante,
>> decorar o apartamento dele, ser uma personal.
>>
>> A crise política chegou para todo mundo. O dinheiro fácil vai sumir de
>> Brasília. Não que a maracutaia vá acabar, mas eles estão mais temerosos.
>> Nos próximos anos, a farra tende a diminuir com todas essas operações da
>> Polícia Federal. Quero me garantir com salário e gratificações.
>>
>> Antes, nunca tive vontade de estudar para concurso, mas agora ando
>> pensando. Já imaginou a Danny Bond aprovada em um concurso público? Seria
>> uma reviravolta e tanto na ficção e na realidade, não é mesmo?. Meu foco
>> agora é trabalhar com crachá, batendo ponto no Congresso. Por que não?"
>>
>>
>

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