[CamaraDas] Pedagogia da cueca

  • From: João Marcos <jmcantarino@xxxxxxxxx>
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  • Date: Thu, 21 May 2009 11:18:48 -0300

Tinha ouvido falar dessa polêmica na Internet, se cuecas podem ou não ser
instrumento pedagógico para as mulheres. As feministas parecem discordar.
Vai entender...

07/05/2009 - 15:12 - Atualizado em 10/05/2009 - 09:02
Maria Mariana - “Deus quer o homem no leme”
A escritora carioca que foi ícone da juventude nos anos 90 volta a polemizar
com “Confissões de mãe”
Martha Mendonça
 Saiba mai

Aos 19 anos, a carioca Maria Mariana tornou-se um ícone da década de 90. Seu
livro *Confissões de adolescente*, lançado em 1992, vendeu 200 mil cópias,
virou peça de teatro e tornou-se um memorável seriado de televisão. Aos 36
anos, distante da fama e mãe de quatro filhos, a escritora, atriz e filha do
cineasta Domingos de Oliveira lança *Confissões de mãe* (Editora Agir), um
livro nada rebelde, recheado de ideias que vão irritar as feministas. Nesta
entrevista, realizada em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, onde mora hoje,
ela defende as mães que deixam de trabalhar para cuidar de seus filhos.
“Amamento há nove anos seguidos”, afirma. Com a mesma expressão serena que
as pessoas se acostumaram a ver na série de televisão, a escritora diz ser
contra o aborto e afirma que as mulheres deprimidas depois do parto são as
que passaram a gravidez comprando roupinhas para o bebê.
    *ENTREVISTA - MARIA MARIANA*
  [image: Guillermo Giansanti] *QUEM É
*Maria Mariana Plonczynski de Oliveira, 36 anos, escritora, autora, diretora
e atriz. Filha do cineasta Domingos de Oliveira. Mãe de quatro filhos,
casada, mora em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro

*O QUE FEZ*
Ficou famosa ao escrever *Confissões de adolescente*, que virou peça de
teatro e seriado da TV Cultura na década de 90

*O QUE PUBLICOU*
*Confissões de adolescente* (Ed. Relume Dumará), *Confissões de mãe* (Ed.
Agir)
ÉPOCA *– O que a adolescente dos anos 90 e a mãe de quatro filhos têm em
comum?
Maria Mariana – *Mudei muito, mas algumas coisas ficaram. Acredito que uma
delas seja a criatividade no dia a dia. Eu sei fazer de um limão uma
limonada. Tenho sempre um coelho na cartola, um assunto engraçado numa hora
chata, uma forma de tornar aconchegante um ambiente ou uma situação difícil.
Isso vem também do fato de eu adorar ser mãe. Mas a maternidade está em
baixa.

ÉPOCA *– Por que você diz isso?
Maria – *O valor de ser mãe não está sendo levado em conta. Sinto isso há
quase dez anos, desde que eu decidi parar todas as minhas atividades para
ter filhos e cuidar deles. A pressão foi inimaginável e veio de todos os
lados. Da família, dos amigos, de quem mal me conhecia. Muita gente me
perguntou se eu estava deprimida ou tinha síndrome de pânico. Meu pai também
custou a entender. Eu era bem-sucedida, e largar a fama é um absurdo para as
pessoas. Se alguém saiu da mídia por vontade própria, é porque tem algum
problema grave. A verdade é que eu só descobri o que é trabalhar depois de
ser mãe! Ser mãe é um trabalho social, o maior deles. É um esforço para
garantir a criação de indivíduos de valor, mentalmente sadios, que
contribuam para o bem geral. Pessoas equilibradas, educadas, que consigam se
manter. Quando pequeno, o filho precisa de atenção especial e exclusiva. É
nesse período que se formam a base do que ele será, o caráter, os valores.
Depois, é difícil consertar.

ÉPOCA *– Como foi sair de uma vida badalada no Rio para uma cidade pequena?
Maria – *Eu trabalhava como roteirista, sempre amparada pela sombra do
sucesso de *Confissões de adolescente*, mas alguma coisa não estava
fechando. Tive um primeiro casamento, dos 20 aos 23 anos, que não deu certo.
Depois fui morar sozinha e tinha a impressão de que a vida se movia em
círculos. Ao mesmo tempo, sempre tive a obsessão de ter filhos. Quando meus
pais se separaram, eu estava com 7 anos e passei a viver com meu pai. Era
filha única, muito madura, lia Dostoiévski e estava sempre cercada por
amigos intelectuais dele. Mas eu sonhava com uma enorme mesa de família com
aquela macarronada no domingo. Eu queria mudar de degrau, mudar de história.
No meio disso tudo, conheci o André, meu marido. Um mês depois, estava
grávida. Todos os meus filhos foram planejados. A primeira, Clara, foi de
cesariana, o que foi uma decepção para mim. Os outros foram de parto normal.


ÉPOCA *– No livro, você diz que mulheres que não conseguem o parto normal
estão “envolvidas com pequenas questões de ego”. Explique.
Maria – *Respeito a história da maternidade de cada mulher. Mas, depois que
tive o parto normal, vi que é uma vivência fundamental. Se a mulher parir
naturalmente, será uma mãe melhor. Todos falam do nascimento do bebê, mas
esquecem que a mãe também nasce naquela hora. A mulher também tem de estar
focada na amamentação.

“Apanhar cueca suja que o marido deixa no chão
é um aprendizado de paciência e dedicação “

ÉPOCA *– A maioria das mulheres não está preocupada em amamentar?
Maria – *Muitas não estão. Amamentar não é um detalhe, é para a mãe que
merece. É importante e simplifica a vida. Vejo muitas mulheres com
preocupações estéticas, se o peito vai cair, se vai ficar alguma cicatriz se
o peito rachar. Aí o leite não vem. Amamento há nove anos seguidos. Só
desmamo um quando engravido do outro. Minha caçula, de 2 anos, ainda mama.
Existe a realidade de cada um, mas é preciso elevar a consciência sobre o
que fazemos. Há mulheres que passam nove meses no shopping, comprando
roupinhas, aí depois marcam a cesárea e pronto. Acabou o processo. Aí sabe o
que acontece? Elas têm depressão pós-parto.

ÉPOCA *– Você não teme ser repreendida pelas feministas?
Maria – *Não acredito na igualdade entre homens e mulheres. Todos merecem
respeito, espaço. Mas o homem tem uma função no mundo e a mulher tem outra.
São habilidades diferentes. Penso nesta imagem: homem e mulher estão no
mesmo barco, no mesmo mar. Há ondas, tempestades, maremotos. Alguém precisa
estar com o leme na mão. Os dois, não dá. Deus preparou o homem para estar
com o leme na mão. Porque ele é mais forte, tem raciocínio mais frio. A
mulher tem mais capacidade de olhar em volta, ver o todo e desenvolver a
sensibilidade para aconselhar. A mulher pode dirigir tudo, mas o lugar dela
não é com o leme.

ÉPOCA *– Mas você não valoriza a emancipação da mulher?
Maria – *Valorizo. Teve seu momento, foi fundamental para abrir espaços,
possibilidades. Mas as necessidades hoje são outras. Precisamos unir a
geração de nossas avós com a de nossas mães para chegar a um equilíbrio
feminino. Eu não sou dona da verdade. Não à toa, fiz meu livro como um
diálogo entre mim e minha filha. Quero dizer às jovens do mundo de hoje que
existe uma pressão para que elas sejam autossuficientes profissionalmente,
sejam mulher e homem ao mesmo tempo, como se fosse a única forma de
realização. Para isso, elas têm de desenvolver agressividade, frieza –
sentimentos que não têm a ver com o que é ser mãe. O valor básico da
maternidade é cuidar do outro, doar, servir. Nada a ver com o mundo
competitivo. Maternidade é tirar seu ego do centro.

ÉPOCA *– O que pensa sobre o casamento?
Maria – *Casamento é um degrau que a pessoa tem para caminhar para a frente.
Quem opta por ficar sozinho não desenvolve aprendizados que o casamento dá.
Apanhar cueca suja que o marido deixa no chão é um aprendizado de paciência
e dedicação. As pessoas pensam em união apenas como o espaço da alegria, do
conforto. Casamento é embate, negociação e paciência. É preciso insistir e
vencer. Saber que não se muda o outro. É preciso mudar a nós mesmos.

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