[CamaraDas] Re: Sim, eu tenho preconceito

  • From: João Marcos <jmcantarino@xxxxxxxxx>
  • To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
  • Date: Fri, 12 Nov 2010 15:19:29 -0200

Gostei do livro do Narloch, mas nesse artigo ele foi mal mesmo, Jair. Teria
prazer em explicitar minhas discordâncias, mas o desgramado do Chesterton já
fez isso antes de mim.

*Este é o primeiro princípio da democracia: as coisas essenciais nos homens
são as coisas que eles têm em comum, não as que eles têm em separado. O
segundo princípio é simplesmente este: o instinto ou desejo político é uma
dessas coisas que eles têm em comum. Apaixonar-se por alguém é mais poético
do que se apaixonar pela poesia. A crença democrática é de que o governo
(ajudando a governar a tribo) é algo como apaixonar-se por alguém, e não
algo como apaixonar-se pela poesia. Não se trata de algo semelhante a tocar
órgão na igreja, pintar sobre velino, descobrir o Pólo Norte (esse hábito
insidioso), fazer acrobacias no ar, ser Astrônomo Real e assim por diante.
Pois essas coisas desejamos que o cidadão nem sequer as pratique se não as
fizer bem feitas. Trata-se, pelo contrário, de algo semelhante a escrever as
próprias cartas de amor ou assoar o próprio nariz. Essas coisas queremos que
alguém as pratique para si mesmo, ainda que as faça mal feitas.
Não estou discutindo a verdade de nenhum desses conceitos. Sei que alguns
modernos estão pedindo que suas esposas sejam escolhidas por cientistas, e é
possível que logo peçam, por tudo o que sei, que seus narizes sejam assoados
por babás. Simplesmente digo que a humanidade reconhece essas funções
humanas universais; que a democracia inclui o governo entre elas. Em resumo,
a fé democrática é esta: as coisas mais tremendamente importantes devem ser
deixadas para os próprios homens ordinários — a união dos sexos, a criação
dos filhos, as leis do estado. Isso é democracia; e nisso eu sempre
acreditei.

*G. K. Chesterton: *Ortodoxia*, p. 79.*
*

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