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  • Date: Tue, 18 Oct 2005 10:32:09 -0200

Sobe para R$ 504 milhões o rombo orçamentário do Congresso


Sobe para R$ 504 milhões o rombo orçamentário do Congresso

A atmosfera de Brasília, já turvada pelos desdobramentos da crise do mensalão, 
ficou ainda mais envenenada. Legislativo e Executivo travam uma queda de braço 
por dinheiro. Aqui se revelou no último domingo que a Câmara, sem verba para 
pagar os salários de seus funcionários em dezembro, pediu socorro ao governo. O 
repórter descobriu nesta segunda-feira que faltam recursos também ao Senado. 
Juntos, os buracos orçamentários das duas Casas compõem uma cratera de 
impressionantes R$ 504 milhões.

 

O grosso da conta deriva do aumento de 15% concedido aos funcionários do 
Legislativo. Lula vetara o aumento. Mas, em sessão conturbada realizada no dia 
31 de setembro, o Congresso derrubou o veto. Alegou-se à época que havia 
recursos para pagar o aumento. Descobre-se agora que era mentira.

 

O Congresso passou o chapéu na Esplanada. Deseja espetar a conta do seu 
descontrole nas arcas do Tesouro Nacional. Responsável por gerir o orçamento da 
União, o ministro do Planejamento, deputado Paulo Bernardo (PT-PR), bateu o pé. 
Disse que não há previsão orçamentária para cobrir o rombo.

 

Bernardo tem o apoio do Palácio do Planalto. Por ordem expressa de Lula, a 
Advocacia Geral da União protocolou nesta segunda-feira no STF uma ação em que 
pede a anulação do aumento. Argumenta-se que a Constituição veda a criação de 
novas despesas sem a devida previsão orçamentária.

 

Também por ordem de Lula, o ministro Jaques Wagner (Coordenação Política) 
discou para os presidentes da Câmara e do Senado, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e 
Renan Calheiros (PMDB-AL). Avisou a ambos que o dinheiro pedido pelo Congresso 
não será liberado.

 

Aparentemente, o Planalto fala sério. O governo já enviou ao Congresso um 
projeto prevendo suplementação orçamentária para várias repartições públicas. 
Esse tipo de projeto, preparado todos os anos em meados de outubro, é chamado 
em Brasília de "jumbão". Não há no projeto nenhum vestígio do dinheiro pedido 
pela Câmara e pelo Senado.

 

Para ampliar a encrenca, tramita na Câmara, conforme noticiado aqui, também no 
domingo, um projeto que prevê um novo aumento salarial para o funcionalismo da 
Câmara. Argumenta-se que visa a equiparação com o funcionalismo do Senado, que 
ganha mais. No mesmo embalo, pretende-se ampliar de 20 para 25 o número de 
assessores parlamentares empregados nos gabinetes de cada deputado.

 

Em declarações a este blog Aldo Rebelo disse que, embora o projeto de novo 
aumento tenha recebido a tarja de "urgente", com o assentimento das lideranças 
partidárias, não pretende coloca-lo em votação tão cedo. Dará prioridade a 
outra proposta, que concede aumento de 13% aos militares.

 

Pelas contas do Ministério do Planejamento, o salário médio do funcionalismo 
das Forças armadas é de R$ 3 mil, contra R$ 9 mil pagos aos servidores do 
Legislativo. Teme-se que a transferência do reajuste dos militares para o final 
da fila ateia fogo nos quartéis.

 

Há na folha de salários do Congresso cerca de 35 mil funcionários, entre ativos 
e aposentados. Todos foram beneficiados com o reajuste de 15% que Lula vetara e 
que os parlamentares reabilitaram. O segundo reajuste, pretendido pela Câmara, 
beneficiaria os seus cerca de 20 mil servidores.

 

Em tempo: o salário dos deputados e senadores não está ameaçado. Se o governo 
mantiver a disposição de reter os R$ 504 milhões solicitados pelo Congresso, 
apenas o funcionalismo será prejudicado.
Escrito por Josias de Souza às 01h14

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