[CamaraDas] Re: Battisti e os terroristas

  • From: jair francelino ferreira <jairfrancelino@xxxxxxxxxxx>
  • To: <marcus.achiles@xxxxxxxxx>, analistas câmara <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Mon, 23 Nov 2009 15:50:36 -0200

Cautela foi justamente o que eu tive, Marcus.  Eu prefiro desconfiar um pouco 
das convicções inabaláveis. E tenho dúvidas se a cegueira, nesse caso, está 
mesmo atingindo as vistas dos ministros do STF. Nem sempre concordo com as 
decisões do Supremo (não que isso importe à nação), mas creio que perigo maior  
correríamos  se eles   deixassem a doutrina de lado (e não descarto que isso 
eventualmente ocorra às vezes) e julgassem sempre de acordo com suas convicções 
ideológicas ou seus interesses pessoais, ou mesmo cedendo à pressão de setores 
influentes da sociedade. 

Date: Mon, 23 Nov 2009 15:06:50 -0200
Subject: [CamaraDas] Re: Battisti e os terroristas
From: marcus.achiles@xxxxxxxxx
To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx

Governo e membros do Supremo (i.e. Marco Aurélio e Joaquim Barbosa) enveredam 
por caminhos diferentes e, às vezes, chegam ao mesmo fim desastroso. A 
motivação do Planalto et caterva para defender Batisti é mesmo a velha e boa 
(por falta de outra expressão) "ação entre amigos". Isso e a crença rasa e 
burra de que à esquerda armada são permitidos excessos negados à direita armada 
- como se um dos extremos fosse essencialmente motivado pela nobreza de suas 
ações, enquanto, a 180 graus dali, o extremo oposto devesse ser varrido do 
mapa. Boçalidades como "a primeira eleição sem os trogloditas da direita" 
reforçam essa tese (como se o trogloditismo escolhesse espectro político e 
poupasse a esquerda - e não poupa).



Já certos ministros do Supremo pecam pela cegueira e por um apego burro e 
desmesurado à doutrina. Quem não se lembra de que durante o impeachment alguns 
deles afirmaram que Collor, PC Farias e o comandante Jorge Bandeira não 
poderiam ser julgados por formação de quadrilha por que eram apenas três. E 
para quadrilha seriam necessários... quatro delinquentes. Era e doutrina (e a 
etimologia) a serviço do crime. Não espere bom senso de grande parte dos 
julgados de Marco Aurélio. Ele foi quem, entre outras bobagens, defendeu a fuga 
como um direito inalienável do indiciado e concede habeas corpus como quem 
distribui banana na feira.


E cautela ao chamar os mensaleiros de "supostos". Nessa toada, já já vão dizer 
que o mensalão foi um golpe da oposição.






2009/11/20 jair francelino ferreira <jairfrancelino@xxxxxxxxxxx>


Eu só não vi a desmoralização dos arguemnetos usados pelo ministro. Afinal, em 
todas as instâncias por onde passou - o Conare inclusive -  as decisões em 
torno desse caso se deram pelo voto de Minerva. Ou seja, não parece que seja 
uma questão jurídica  tão simples assim. Eu não tenho nenhuma simpatia pela 
luta armada - nem mesmo quando há uma ditadura que a justifique -, mas acho  
leviano concluir que a defesa de Batist seja ato puramente ideológico, coisada 
"esquerda festiva", ou como  disseram outros, "uma ação entre amigos".  Quer 
dizer que, além de Tarso Genro, metade dos conselheiros do Conare defenderam o 
refúgio porque eram esquerditas/ex-terroristas?. E o que dizer de ministros 
como Joaquim Barbosa e Marco Aurélio? Marco Aurélio pode ser acusado de tudo, 
menos de ser esquerditas, petista ou simpatizante do governo. Joaquim Barbosa é 
o mesmo que aceitou denúncia - e foi muito festejado por isso - contra os 
supostos mensaleiros. Portanto,sem entrar no mérito de quem está certou ou 
errado, por que  não considerar que esses  votos contra a Extradição  refletem 
uma interpretação sincera e isenta - ainda que se a considere equivocada - da 
lei e do direito brasileiros?
 
br> From: niquele@xxxxxxxxx
> To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
> Subject: [CamaraDas] Battisti e os terroristas
> Date: Fri, 20 Nov 2009 17:47:14 -0200



> 
> .....::: CamaraDas :::.....
> analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
> 
> Esse caso Battisti é uma bomba no colo de Lulla.
> O que não dá pra entender é parte da mídia comparando o italiano, que foi 
> terrorista, a pessoas no Brasil que fizeram parte de uma luta armada 
> legítima contra a ditadura.
> Legítima e equivocada, é claro.
> Na Itália do senhor Battisti já havia um regime democrático instalado e a 
> luta armada devia, há muito, ter sido substituída pelo embate político.
> As Farc seguem no mesmo caminho anacrônico, fadadas a desaparecer em 
> completo descrédito.
> Lellé despacha o "companheiro" ou não pra Itália? Veremos.
> Saludos desde Tirana,
> 
> NickL
> 
> -----------------------------------------------------------------------------------------------------
> 
> Caiu no colo de Lula
> 20/11/2009 14:35:36
> 
> Redação Carta Capital
> 
> Ao contrário do que pensam muitos defensores de Cesare Battisti, é bem 
> provável que Lula tenha lamentado o desfecho do julgamento no Supremo 
> Tribunal Federal. Na noite da quarta-feira 18, após longo debate, os 
> ministros decidiram que cabe ao presidente da República a decisão final a 
> respeito da extradição solicitada pela Itália. É uma saia-justa e um 
> quebra-cabeça jurídico. Se atender aos apelos da esquerda festiva, que 
> insiste em enxergar Battisti como militante político perseguido pelo Estado 
> italiano, Lula enfrentará um desgaste internacional desnecessário e 
> estimulará o recrudescimento de conflitos com parte do STF.
> 
> Antes, porém, o Planalto terá de descobrir como manter Battisti no País sem 
> descumprir arbitrariamente a decisão do tribunal. O Supremo, é verdade, deu 
> autonomia decisória ao presidente da República, mas ela não pode ser 
> desconexa e deve se basear nos termos do tratado de cooperação entre o 
> Brasil e a Itália. Além do mais, lembraram vários dos ministros, nunca antes 
> o Executivo deixou de cumprir uma extradição decidida pela Corte.
> 
> O grande derrotado do episódio foi o ministro da Justiça, Tarso Genro. Ao 
> longo do julgamento, cada um dos argumentos brandidos para justificar a 
> concessão de refúgio a Battisti foi sumariamente desmoralizado pelos 
> ministros. O Supremo não considerou políticos os assassinatos cometidos pelo 
> italiano nem enxergou riscos à vida do criminoso, caso ele venha a cumprir 
> pena na Itália natal. Por 5 votos a 4, venceu a posição do relator Cezar 
> Peluso, segundo a qual a concessão de refúgio pelo titular da Justiça foi 
> ilegal.
> 
> A rigor, a decisão do STF foi pela extraditabilidade de Battisti, ou seja, 
> confirmaram-se todos os pressupostos para cumprir o tratado de extradição. 
> Ao contrário do que disse Genro, os ministros julgaram não ter havido 
> cerceamento de defesa por parte da Justiça italiana. O crime também não foi 
> considerado prescrito, há dupla tipicidade penal (o crime de que foi acusado 
> lá também existe no Brasil) e se trata de um estrangeiro.
> 
> Especialistas ouvidos por CartaCapital disseram que uma das poucas saídas 
> jurídicas para Lula não ratificar a decisão do Supremo é conceder asilo a 
> Battisti, figura jurídica diferente da de refúgio. O asilo está previsto na 
> Constituição. O refúgio, na lei. O primeiro tem conotações políticas. O 
> segundo, principalmente humanitárias, conforme frisou Genro ao concedê-lo, 
> argumentando que havia "fundados temores de perseguição" se Battisti 
> retornasse à Itália para cumprir a pena de prisão perpétua, à qual foi 
> condenado em 1993 por quatro assassinatos.
> 
> Ainda assim, o presidente e seus consultores jurídicos terão de encontrar 
> uma justificativa que não seja nem o temor de perseguição nem o crime 
> político, rejeitados pelo Supremo. Um dos pontos de partida poderá ser a 
> letra "F" do artigo terceiro do tratado de extradição. Diz o trecho que a 
> extradição será negada "se a parte requerida tiver razões ponderáveis para 
> supor que a pessoa reclamada será submetida a atos de perseguição e 
> discriminação por motivo de raça, religião, sexo, nacionalidade, língua, 
> opinião política, condição social ou pessoal; ou que sua situação possa ser 
> agravada por um dos elementos antes mencionados".
> 
> Battisti, é preciso dizer, tem alegado problemas de saúde - uma pneumonia - 
> e diz submeter-se a uma greve de fome em protesto. Nos dias que antecederam 
> à ultima parte do julgamento do STF, deixou-se fotografar com expressão 
> abatida e agarrado a uma Bíblia. Pneumonia é, porém, doença facilmente 
> tratável e não há motivos para crer que ela se agravaria em uma prisão 
> italiana.
> 
> "O texto (do tratado) abre uma margem enorme de subjetividade", sustenta um 
> advogado constitucionalista. "Foi um erro de alguns defensores de Battisti 
> argumentar que não havia democracia na Itália na época de sua condenação", 
> avalia outro especialista. Este, porém, acredita que o governo brasileiro 
> poderia valer-se de um suposto cerceamento de defesa no julgamento do 
> italiano para tentar justificar uma negativa da extradição. Será um bom 
> momento para testar a criatividade dos juristas do Planalto, pois é difícil 
> sustentar a tese de cerceamento (a Corte de Direitos Humanos da União 
> Europeia, por exemplo, já rejeitou a tese).
> 
> O ministro Carlos Ayres Britto teve um peso importante na forma final da 
> decisão do STF ao alinhar-se com o grupo defensor da "discricionariedade" do 
> presidente da República (o mesmo grupo que votou contra a extradição). 
> Britto nega, porém, ter mudado de opinião em relação a Battisti.
> 
> O ministro lembrou à CartaCapital decisão semelhante tomada há dois meses, 
> quando atuou como relator do pedido de extradição do israelense Elior Noam 
> Hen, acusado de torturar crianças. "Argumentei que a competência exclusiva 
> de executar a extradição é do presidente, é encargo do chefe de Estado, não 
> do Supremo. O STF só participa desses processos para atuar em favor do 
> extraditando, garantindo seus direitos humanos, nunca contra."
> 
> Lula não poderá dar uma posição definitiva sobre o caso antes da publicação 
> do acórdão da decisão pelo STF, o que não deve acontecer neste ano. Tempo 
> suficiente para o presidente ponderar as perdas e ganhos de não extraditar 
> Battisti. E se valerá a pena o desgaste.
> 
> 
> 
> 
> 
> .....
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