Re: [CamaraDas] Artigo: Fernando Gabeira

  • From: "Nilson Matias" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx> (Redacted sender "nilsonmatias@xxxxxxxxx" for DMARC)
  • To: "dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Wed, 18 Feb 2015 20:35:16 +0000 (UTC)

Meu amigo Leandro, antes de tudo, parabéns pela sua merecida aposentadoria.
 Desculpe por não compartilhar da sua admiração pelo Gabeira. Hoje, no Brasil, 
jornalista respeitado é quase um paradoxo lógico, principalmente com a 
polarização partidária que a imprensa brasileira vem sofrendo. Não consegui 
vislumbrar nem mesmo humor no texto do seu admirado ídolo. O que li foi um 
amontoado de estereótipos mal conectados com o único objetivo de chegar, 
finalmente, no objetivo final do texto. Recentemente li a excelente biografia 
do Getúlio Vargas  (em 3 volumes) escrita por Lira Neto, esse sim um jornalista 
de verdade. Em dado momento, percebe-se que a atmosfera golpista que levou o 
Getúlio ao suicídio é muito similar (embora o contexto seja completamente 
diverso) a que estamos vivenciando hoje conduzida por quem não se conforma com 
o resultado das urnas.Por isso que não acho nenhuma demonstração de 
inteligência superior escrever sobre algo que não é nem inédito nem raro na 
sociedade brasileira: demonstrações explícitas de patrimonialismo, da 
utilização da coisa pública para fins privados, até mesmo para fins, digamos 
assim, alcoviteiros. Daí ter achado o texto uma amontoado de abobrinhas.  Meus 
mais efusivos respeitos a quem pensa diferente.
Abraços,
Nilson




   


  Em Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2015 3:21, Leandro 
<leandro.cariello@xxxxxxxxx> escreveu:
   

 Aproveitando a insônia, e parodiando o próprio Gabeira: o que é isso, 
companheiro Nilson? No mínimo, vejo que você está com uma imagem deturpada e 
desatualizada do autor da matéria. Talvez o primeiro deputado federal a 
abandonar a nau petista por iniciativa própria, logo no início do primeiro 
reinado Lula, Gabeira hoje é um respeitado jornalista, com colunas em 
importantes jornais e elogiado programa semanal em TV a cabo.Mais: não vejo 
como 'bobagem junta' o bem-humorado relato de um substancioso e subsidiado 
empréstimo do BNDES a uma riquíssima socialite paulista, com a interferência 
direta do amigo íntimo e então Presidente do BB, hoje alçado à Presidência da 
Petrobras.
Em 17/02/2015, às 19:58, "Nilson Matias" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx> 
(Redacted sender "nilsonmatias@xxxxxxxxx" for DMARC) escreveu:


Meu Deus, quanta bobagem junta! É isso o que a droga pode fazer  com os  
neurônios.... KkkkkkkDe: Niquele
Enviada em: ‎17/‎02/‎2015 12:24
Para: CamaraDas
Assunto: [CamaraDas] Artigo: Fernando Gabeira

Valdirene Aparecida
Não parecia apenas uma mulher rica, mas alguém fugindo dos hábitos da população 
mais humilde
Os jornalistas, às vezes, chamam a atenção para os nomes estranhos que surgem 
nos escândalos políticos. Surgiu agora o de Valdirene Aparecida, que, apesar de 
inadimplente, teria recebido um empréstimo do Banco do Brasil, com dinheiro do 
BNDES. Os nomes parecem estranhos no noticiário, porque são nomes de batismo, 
de modo geral, como é comum na Bahia, uma fusão dos nomes do pai e da mãe.
Valdirene, por exemplo, muito provavelmente, é filha de Valdir com Irene. 
Tornou-se Val Marchiori, participou de um reality show, “Mulheres ricas”, e é 
apresentada como socialite. Vi alguns fragmentos do reality show. Valdirene não 
parecia apenas uma mulher rica, mas alguém fugindo intensamente dos hábitos da 
população mais humilde, marcados inclusive no seu nome composto: Valdirene, de 
Valdir e Irene, e Aparecida, talvez em homenagem à padroeira do Brasil.
Suas matérias de viagem eram custeadas por ela, que viaja em jatinho próprio. 
Val ofuscou Valdirene e conseguiu um espaço como apresentadora, repórter, 
blogueira e celebridade. Além disso, tinha grana para produzir as próprias 
matérias. Dizem os jornais que Valdirene e Aldemir eram amigos, viajavam 
juntos, e, juntos, decidiram pelo empréstimo no BB, onde Aldemir era presidente.
Ele é um dos executivos ligados ao PT. Chegou ao máximo da carreira ao ser 
indicado para a presidência de uma Petrobras em transe. E teve esse caso na 
vida, uma loira como cliente bancária.
A senadora Marta Suplicy já registrou o problema da cor do cabelo no PT, ao 
afirmar que havia três candidatas mulheres à presidência, Dilma, Marina e ela. 
Mas observou que não tinha nenhuma chance, pois era a única loira.
No auge da crise internacional, Lula acusou os loiros de olhos azuis de terem 
arruinado a economia mundial. Se falou isso é porque, em alguma camada de seu 
inconsciente, acredita na maldade intrínseca dessa gente branca.
Valdirene também é loira. Sua trajetória de fuga da pobreza e a adoção 
entusiástica de um consumo de luxo aparentemente são sinais de afastamento da 
galáxia petista. No entanto, no fundo, têm tanto ela como o PT o mesmo 
deslumbramento com a riqueza. A passagem de Lula pelo Copacabana Palace, no 
período eleitoral, mostra que ele tem os mesmos e talvez mais caros hábitos que 
a própria socialite.
A sensação que tenho é de que Lula gostaria de ter a mesma trajetória de Val 
Marchiori. Sua fúria contra os ricos e os loiros de olhos azuis esconde um 
grande desejo de imitá-los.
No Brasil, há quem ganhe Bolsa Família, há quem ganhe bolsa Louis Vuitton do 
BNDES. A diferença, como tenho acentuado, é o sigilo do BNDES.
Sinceramente, espero que ela não se ofenda, mas a bolsa de Val Marchiori é uma 
mixaria perto do que os outros ricos empresários estão levando. E revela algo 
característico da burguesia brasileira, sobretudo aquela que o PT considera a 
elite do B porque o apoia, incondicionalmente. Eles esbanjam dinheiro.
Val tem dinheiro para viajar no próprio jatinho e financiar suas aventuras 
jornalísticas. Mas, quando precisa de uma graninha extra, vai ao Banco do 
Brasil, que, por sua vez, aciona o crédito do BNDES. Os donos da Friboi buscam 
dinheiro no BNDES e, ao mesmo tempo, destinam R$ 250 milhões à campanha do PT.
A trajetória de Aldemir e Valdirene passaria em branco para mim. Não me importo 
com a vida dos outros nem me disponho a patrulhar gastos alheios quando não se 
originam em dinheiro público.
No entanto, há uma trajetória comum dos ricos que orbitam em torno dos governos 
petistas e bolivarianos. Prosperam num discurso de amor à pobreza, mas, no 
fundo, querem apenas mais dinheiro.
Valdirene é uma exceção. Nunca a vi elogiar a pobreza, nos poucos minutos em 
que a ouvi, jamais manifestou amor pelos pobres, algo que é muito comum nos 
nossos salvadores populistas.
Ao contrário, encarna apenas um espírito elitista, que quer se diferenciar 
através do consumo de luxo e escolhas sofisticadas.
O PT ama os pobres, tão falsamente como é possível amar os pobres, a Humanidade 
e outras grandes abstrações.
Mas Valdirene e Lula navegam no mesmo transatlântico de luxo que está se 
afundando e não nos deixam outra saída, exceto seguir tocando nosso piano, 
humildemente, enquanto a farsa não se revela em toda a sua amplitude.
O ideal seria tocar a sirene enquanto o drama se precipita sem as máscaras do 
carnaval. Mas isso é uma tarefa para se pensar na Quarta-feira de Cinzas.
As últimas pesquisas sobre Dilma confirmam minhas intuições de repórter de rua. 
A confiança está desabando, e o edifício pode cair. Só nos resta repetir em 
escala nacional o conselho do prefeito do Rio aos moradores de área de risco: 
acreditem na sirene quando ela tocar.

:::
Niquele


   

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