Re: [CamaraDas] Artigo: Fernando Gabeira

  • From: Leandro <leandro.cariello@xxxxxxxxx>
  • To: "dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Wed, 18 Feb 2015 22:02:14 -0200

Caro Nilson,
Primeiro de tudo, obrigado pela consideração.
Mantenho minha admiração pelo Gabeira e por você também, de quem li e sempre 
apreciei e elogiei os muito bem escritos despachos enquanto trabalhei na 
Presidência e lidei com processos de concessão de pensões.
Quanto à 'atmosfera golpista' (não acho que chegamos a tanto!), bem lembrado o 
clima pré-suicídio do Getulio. Não sei se você se esqueceu, mas algo semelhante 
ocorreu quando da campanha 'Fora FHC'. Eu morava no Rio e vi vários pontos de 
coleta de assinaturas em abaixo-assinados 'exigindo' a saída do Presidente. Por 
trás (e à frente) de tudo, o PT. 
Como se vê, nada disso é novidade na política brasileira. 
Agora, antidemocrático é querer que a oposição se cale diante de tantos e 
sucessivos escândalos. Ela já é comportada demais, se comparada aos padrões 
petistas quando na oposição. Afinal, querer unanimidade em política é querer 
ditadura. Mais: pelo que sei, quem está agindo e descobrindo tanta sujeira é a 
Justiça, após investigações feitas pela PF e pelo MPF. Se, como resultado disso 
tudo, chegarem lá em cima, que se há de fazer? Que se cumpra a Constituição. 
Não foi assim que aconteceu com o Collor, após campanha liderada exatamente 
pelo PT? E hoje, não estão todos juntos e felizes?
Um abração,
Leandro.



Em 18/02/2015, às 18:38, "Nilson Matias" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx> 
(Redacted sender "nilsonmatias@xxxxxxxxx" for DMARC) escreveu:

> Meu amigo Leandro, antes de tudo, parabéns pela sua merecida aposentadoria.
> Desculpe por não compartilhar da sua admiração pelo Gabeira. Hoje, no Brasil, 
> jornalista respeitado é quase um paradoxo lógico, principalmente com a 
> polarização partidária que a imprensa brasileira vem sofrendo. Não consegui 
> vislumbrar nem mesmo humor no texto do seu admirado ídolo. O que li foi um 
> amontoado de estereótipos mal conectados com o único objetivo de chegar, 
> finalmente, no objetivo final do texto. Recentemente li a excelente biografia 
> do Getúlio Vargas  (em 3 volumes) escrita por Lira Neto, esse sim um 
> jornalista de verdade. Em dado momento, percebe-se que a atmosfera golpista 
> que levou o Getúlio ao suicídio é muito similar (embora o contexto seja 
> completamente diverso) a que estamos vivenciando hoje conduzida por quem não 
> se conforma com o resultado das urnas.
> Por isso que não acho nenhuma demonstração de inteligência superior escrever 
> sobre algo que não é nem inédito nem raro na sociedade brasileira: 
> demonstrações explícitas de patrimonialismo, da utilização da coisa pública 
> para fins privados, até mesmo para fins, digamos assim, alcoviteiros. Daí ter 
> achado o texto uma amontoado de abobrinhas.  Meus mais efusivos respeitos a 
> quem pensa diferente.
> 
> Abraços,
> 
> Nilson
> -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
> 
> 
> Em Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2015 3:21, Leandro 
> <leandro.cariello@xxxxxxxxx> escreveu:
> 
> 
> Aproveitando a insônia, e parodiando o próprio Gabeira: o que é isso, 
> companheiro Nilson? No mínimo, vejo que você está com uma imagem deturpada e 
> desatualizada do autor da matéria. Talvez o primeiro deputado federal a 
> abandonar a nau petista por iniciativa própria, logo no início do primeiro 
> reinado Lula, Gabeira hoje é um respeitado jornalista, com colunas em 
> importantes jornais e elogiado programa semanal em TV a cabo.
> Mais: não vejo como 'bobagem junta' o bem-humorado relato de um substancioso 
> e subsidiado empréstimo do BNDES a uma riquíssima socialite paulista, com a 
> interferência direta do amigo íntimo e então Presidente do BB, hoje alçado à 
> Presidência da Petrobras.
> 
> Em 17/02/2015, às 19:58, "Nilson Matias" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx> 
> (Redacted sender "nilsonmatias@xxxxxxxxx" for DMARC) escreveu:
> 
>> Meu Deus, quanta bobagem junta! É isso o que a droga pode fazer  com os  
>> neurônios.... Kkkkkkk
>> De: Niquele
>> Enviada em: ‎17/‎02/‎2015 12:24
>> Para: CamaraDas
>> Assunto: [CamaraDas] Artigo: Fernando Gabeira
>> 
>> Valdirene Aparecida
>> 
>> Não parecia apenas uma mulher rica, mas alguém fugindo dos hábitos da 
>> população mais humilde
>> 
>> Os jornalistas, às vezes, chamam a atenção para os nomes estranhos que 
>> surgem nos escândalos políticos. Surgiu agora o de Valdirene Aparecida, que, 
>> apesar de inadimplente, teria recebido um empréstimo do Banco do Brasil, com 
>> dinheiro do BNDES. Os nomes parecem estranhos no noticiário, porque são 
>> nomes de batismo, de modo geral, como é comum na Bahia, uma fusão dos nomes 
>> do pai e da mãe.
>> 
>> Valdirene, por exemplo, muito provavelmente, é filha de Valdir com Irene. 
>> Tornou-se Val Marchiori, participou de um reality show, “Mulheres ricas”, e 
>> é apresentada como socialite. Vi alguns fragmentos do reality show. 
>> Valdirene não parecia apenas uma mulher rica, mas alguém fugindo 
>> intensamente dos hábitos da população mais humilde, marcados inclusive no 
>> seu nome composto: Valdirene, de Valdir e Irene, e Aparecida, talvez em 
>> homenagem à padroeira do Brasil.
>> 
>> Suas matérias de viagem eram custeadas por ela, que viaja em jatinho 
>> próprio. Val ofuscou Valdirene e conseguiu um espaço como apresentadora, 
>> repórter, blogueira e celebridade. Além disso, tinha grana para produzir as 
>> próprias matérias. Dizem os jornais que Valdirene e Aldemir eram amigos, 
>> viajavam juntos, e, juntos, decidiram pelo empréstimo no BB, onde Aldemir 
>> era presidente.
>> 
>> Ele é um dos executivos ligados ao PT. Chegou ao máximo da carreira ao ser 
>> indicado para a presidência de uma Petrobras em transe. E teve esse caso na 
>> vida, uma loira como cliente bancária.
>> 
>> A senadora Marta Suplicy já registrou o problema da cor do cabelo no PT, ao 
>> afirmar que havia três candidatas mulheres à presidência, Dilma, Marina e 
>> ela. Mas observou que não tinha nenhuma chance, pois era a única loira.
>> 
>> No auge da crise internacional, Lula acusou os loiros de olhos azuis de 
>> terem arruinado a economia mundial. Se falou isso é porque, em alguma camada 
>> de seu inconsciente, acredita na maldade intrínseca dessa gente branca.
>> 
>> Valdirene também é loira. Sua trajetória de fuga da pobreza e a adoção 
>> entusiástica de um consumo de luxo aparentemente são sinais de afastamento 
>> da galáxia petista. No entanto, no fundo, têm tanto ela como o PT o mesmo 
>> deslumbramento com a riqueza. A passagem de Lula pelo Copacabana Palace, no 
>> período eleitoral, mostra que ele tem os mesmos e talvez mais caros hábitos 
>> que a própria socialite.
>> 
>> A sensação que tenho é de que Lula gostaria de ter a mesma trajetória de Val 
>> Marchiori. Sua fúria contra os ricos e os loiros de olhos azuis esconde um 
>> grande desejo de imitá-los.
>> 
>> No Brasil, há quem ganhe Bolsa Família, há quem ganhe bolsa Louis Vuitton do 
>> BNDES. A diferença, como tenho acentuado, é o sigilo do BNDES.
>> 
>> Sinceramente, espero que ela não se ofenda, mas a bolsa de Val Marchiori é 
>> uma mixaria perto do que os outros ricos empresários estão levando. E revela 
>> algo característico da burguesia brasileira, sobretudo aquela que o PT 
>> considera a elite do B porque o apoia, incondicionalmente. Eles esbanjam 
>> dinheiro.
>> 
>> Val tem dinheiro para viajar no próprio jatinho e financiar suas aventuras 
>> jornalísticas. Mas, quando precisa de uma graninha extra, vai ao Banco do 
>> Brasil, que, por sua vez, aciona o crédito do BNDES. Os donos da Friboi 
>> buscam dinheiro no BNDES e, ao mesmo tempo, destinam R$ 250 milhões à 
>> campanha do PT.
>> 
>> A trajetória de Aldemir e Valdirene passaria em branco para mim. Não me 
>> importo com a vida dos outros nem me disponho a patrulhar gastos alheios 
>> quando não se originam em dinheiro público.
>> 
>> No entanto, há uma trajetória comum dos ricos que orbitam em torno dos 
>> governos petistas e bolivarianos. Prosperam num discurso de amor à pobreza, 
>> mas, no fundo, querem apenas mais dinheiro.
>> 
>> Valdirene é uma exceção. Nunca a vi elogiar a pobreza, nos poucos minutos em 
>> que a ouvi, jamais manifestou amor pelos pobres, algo que é muito comum nos 
>> nossos salvadores populistas.
>> 
>> Ao contrário, encarna apenas um espírito elitista, que quer se diferenciar 
>> através do consumo de luxo e escolhas sofisticadas.
>> 
>> O PT ama os pobres, tão falsamente como é possível amar os pobres, a 
>> Humanidade e outras grandes abstrações.
>> 
>> Mas Valdirene e Lula navegam no mesmo transatlântico de luxo que está se 
>> afundando e não nos deixam outra saída, exceto seguir tocando nosso piano, 
>> humildemente, enquanto a farsa não se revela em toda a sua amplitude.
>> 
>> O ideal seria tocar a sirene enquanto o drama se precipita sem as máscaras 
>> do carnaval. Mas isso é uma tarefa para se pensar na Quarta-feira de Cinzas.
>> 
>> As últimas pesquisas sobre Dilma confirmam minhas intuições de repórter de 
>> rua. A confiança está desabando, e o edifício pode cair. Só nos resta 
>> repetir em escala nacional o conselho do prefeito do Rio aos moradores de 
>> área de risco: acreditem na sirene quando ela tocar.
>> 
>> 
>> :::
>> Niquele
> 
> 

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