[CamaraDas] Re: [CamaraDas] RE: negar a origem é babaquice

  • From: Raimundo Alves <rjalves07@xxxxxxxxx>
  • To: Analistas Câmara <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Tue, 16 Nov 2010 16:13:32 -0200

Também acho.

Digo mais:
Apesar de ser realmente preconceito dizer  "Foi gente assim, de todas as
regiões do país, que decidiu a eleição.", devo admitir que a frase está
certa, porém fora do contexto dado pelo autor.
Foi realmente gente assim, *esquecida pelos governos anteriores*, que
decidiu a eleição.
Foi gente assim, *que passou a ter mais do que suas necessidades básicas
atendidas, que não tinha o que comer e agora, além de comida, tem energia
elétrica, geladeira e televisão em casa*, que decidiu a eleição.
Foi gente assim, *que saiu da miséria, que migrou para uma classe
economicamente superior*, que decidiu a eleição.

Sou nordestino com muito orgulho.

Raimundo.





Em 12 de novembro de 2010 15:59, Mauro Sampaio <
mauroadrianosampaio@xxxxxxxxxxx> escreveu:

>  Não é preciso negar a origen para aceitar vulnerabilidades sociais,
> culturais e econômicas. Quem nega a origem não pode nem elogiar nem mesmo
> criticar. Negar é dizer que veio do nada. Como eu venho do Nordeste,
> especialmente do Piauí, reconheço que minha origem está longe de ser um
> sertão de rosas, mas sabe votar tanto quanto qualquer sulista. Negar a
> origem não é preconceito, é babaquice.
> Mauro Sampaio
>
> ------------------------------
> From: jairfrancelino@xxxxxxxxxxx
> To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
> Subject: [CamaraDas] Re: Sim, eu tenho preconceito
> Date: Fri, 12 Nov 2010 14:27:18 -0200
>
> Eu tenho preconceito (aliás, pós-conceito) contra quem pensa  tem essa
> visão política exposta pelo Leandro.
>
> ------------------------------
> Date: Thu, 11 Nov 2010 14:27:28 -0200
> Subject: [CamaraDas] Sim, eu tenho preconceito
> From: jmcantarino@xxxxxxxxx
> To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
>
> Na F.S.P. de hoje.
>
> *Sim, eu tenho preconceito * *LEANDRO NARLOCH*
>
> Logo depois de anunciada a vitória de Dilma Rousseff, pingaram comentários
> preconceituosos na internet contra os nordestinos, grupo que garantiu a
> vitória da candidata petista nas eleições.
> A devida reação veio no dia seguinte: a expressão "orgulho de ser
> nordestino" passou a segunda-feira como uma das mais escritas no microblog
> Twitter.
> O racismo das primeiras mensagens é, obviamente, estúpido e reprovável. Não
> se pode dizer o mesmo de outro tipo de preconceito -aquele relacionado não à
> origem ou aos traços físicos dos cidadãos, mas ao modo como as pessoas
> pensam e votam. Nesse caso, eu preciso admitir: sim, eu tenho preconceito.
> Eu tenho preconceito contra os cidadãos que nem sequer sabiam, dois meses
> antes da eleição, quem eram os candidatos a presidente. No fim de julho,
> antes de o horário eleitoral começar, as pesquisas espontâneas (aquela em
> que o entrevistador não mostra o nome dos candidatos) tinham percentual de
> acerto de 45%. Os outros 55% não sabiam dizer o nome dos concorrentes. Isso
> depois de jornais e canais de TV divulgarem diariamente a agenda dos
> presidenciáveis.
> É interessante imaginar a postura desse cidadão diante dos entrevistadores.
> Vem à mente uma espécie de Homer Simpson verde e amarelo, soltando
> monossílabos enquanto coça a barriga: "Eu... hum... não sei... hum... o que
> você... hum... está falando". Foi gente assim, de todas as regiões do país,
> que decidiu a eleição.
> Tampouco simpatizo com quem tem graves deficiências educacionais e se
> mostra contente com isso e apto a decidir os rumos do país.
> São sujeitos que não se dão conta de contradições básicas de raciocínio:
> são a favor do corte de impostos e do aumento dos gastos do Estado; reprovam
> o aborto, mas acham que as mulheres que tentam interromper a gravidez não
> devem ser presas; são contra a privatização, mas não largam o terceiro
> celular dos últimos dois anos. "Olha, hum... tem até câmera!".
> Para gente assim, a vergonha é uma característica redentora; o orgulho é
> patético. Abster-se do voto, como fizeram cerca de 20% de brasileiros, é,
> nesse caso, um requisito ético. Também seria ótimo não precisar conviver com
> os 30% de eleitores que, segundo o Datafolha, não se lembravam, duas semanas
> depois da eleição, em quem tinham votado para deputado.
> Não estou disposto a adotar uma postura relativista e entender esses
> indivíduos. Prefiro discriminá-los. Eu tenho preconceito contra quem adere
> ao "rouba, mas faz", sejam esses feitos grandes obras urbanas ou conquistas
> econômicas.
> Contra quem se vale de um marketing da pobreza e culpa os outros
> (geralmente as potências mundiais, os "coronéis", os grandes empresários)
> por seus problemas. Como é preciso conviver com opiniões diferentes, eu faço
> um tremendo esforço para não prejulgar quem ainda defende Cuba e acredita em
> mitos marxistas que tornariam possível a existência de um "candidato dos
> pobres" contra um "candidato dos ricos".
> Afinal, se há alguma receita testada e aprovada contra a pobreza, uma feliz
> receita que salvou milhões de pessoas da miséria nas últimas décadas, é
> aquela que considera a melhor ajuda aos pobres a atitude de facilitar a vida
> dos criadores de riqueza.
> É o caso do Chile e de Cingapura, onde a abertura da economia e a extinção
> de taxas e impostos fizeram bem tanto aos ricos quanto aos pobres. Não é o
> caso da Venezuela e da Bolívia.
> Por fim, eu nutro um declarado e saboroso preconceito contra quem insiste
> em pregar o orgulho de sua origem. Uma das atitudes mais nobres que alguém
> pode tomar é negar suas próprias raízes e reavaliá-las com equilíbrio,
> percebendo o que há nelas de louvável e perverso. Quem precisa de raiz é
> árvore.
>
> ------------------------------
> *LEANDRO NARLOCH*, jornalista, é autor do livro "Guia Politicamente
> Incorreto da História do Brasil" (LeYa). Foi repórter do "Jornal da Tarde" e
> da revista "Veja" e editor das revistas "Aventuras na História" e
> "Superinteressante".
>
>

Other related posts: