Eu vi uma entrevista exclusiva na Globo depois que ele tenta se explicar e repete que está se lixando para a opinião pública. Pode até não ter começado assim, mas terminou assim. Adriana 2009/5/13 aspas <aspas3000@xxxxxxxxxxxx> > Não quero discutir o texto de Roberto DaMatta, mas apenas aproveitar > esta oportunidade para buscar um esclarecimento sobre a declaração do > deputado. Será que ele disse mesmo que está se lixando para a opinião > pública? Do que assisti na TV, não ouvi nada disso. O que eu ouvi > foi a seguinte declaração do parlamentar: "Estou me lixando para o > que os jornais publicam". Se foi apenas isso, acho que está configurada > uma perseguição da imprensa ao parlamentar, alimentada pela mentira, > pois dizer que está se lixando para o que é publicado pelos jornais > é algo muito diferente de afirmar que está se lixando para a opinião > pública. Até porque, desde o escândalo do mensalão, está ficando provado > que a influência da mídia tradicional na opinião pública não é aquilo tudo > que > se imaginava. Caso contrário, Lula não teria sido reeleito. > > Abraços. > Adalberto > > > ------------------------------ > *De:* Marcia Regina da Silva Azevedo <marciarsa@xxxxxxxxx> > *Para:* Marcia Regina da Silva Azevedo <marcia.azevedo@xxxxxxxxxxxxx> > *Cc:* Analistas <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>; rubens.filho@xxxxxxxxxxxxx > *Enviadas:* Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 13:45:30 > *Assunto:* [CamaraDas] Eu estou me lixando para você, leitor > > Do Globo Eu estou me lixando para você, leitor > > ROBERTO DaMATTA > > Se eu digo isso o jornal me despede; se um comerciante tem essa atitude, > ele vai à falência; se um pai de santo, ministro, rabino ou sacerdote repete > o mote, ele faz suas orações sozinho e não salva ninguém; se um professor > adota esse credo, ele não merece dar cursos; do mesmo modo que um médico, um > juiz, um policial, um engenheiro e um advogado deixariam morrer os doentes, > perderiam o senso de justiça, do limite e da eficiência. > > Seria o fim deste nosso mundo chamado de moderno, e olha que eu estou > apenas mencionando as profissões mais estabelecidas. > > Quando um membro do Parlamento, um servidor público importantíssimo e > privilegiado porque representa uma massa de desejos e esperanças de uma > região do país diz que está “se lixando para a opinião pública”, como fez o > deputado federal Sérgio Moraes, do PTB do Rio Grande do Sul, ele não fala > apenas uma triste verdade; ele revela a nossa ignorância do que é viver numa > sociedade democrática e liberal. O credo do “estou me lixando” não é > privilégio do deputado gaúcho, mas da hierarquia existente entre os que têm > poder e nós, as pessoas comuns. Ela foi dita por Sérgio Moraes, mas está > implantada no imenso vazio existente entre as formalidades - as tais > instituições e leis, que vão resolver tudo e são feitas por ideologias, > governos e decretos - e as crenças e práticas antigas que ainda comandam com > força o nosso sistema. A questão não é a de denunciar a clara arrogância do > parlamentar, o problema é tomá-la como um claro sintoma da total separação > entre o lado de lá e o de cá do balcão. Pois quando parlamentares se lixam > para a opinião pública eles perdem a consciência de que foram por ela > eleitos! Como um médico pode se lixar para um doente, um professor para um > aluno, um vendedor para seu cliente e um deputado para a opinião pública se, > em todos os casos, esses são papéis sociais complementares que existem em > total interdependência, já que ser médico implica enfermos, ensinar supõe um > aprender, e não há venda sem compra; tal como ser um representante do povo > aciona automaticamente a ideia de um representado: o próprio povo. Esse > representado cujo espírito ou índole (ou “vontade geral” como disse > Rousseau) forma o que nós, democratas e modernos, chamamos entre outras > coisas “opinião pública”, esse quarto ou quinto poder em qualquer democracia > liberal; esse sistema nebuloso que tem todos os defeitos mas que, quando > opera com liberdade, se caracteriza pela constante renovação de seus > valores. Esses valores inatingíveis como liberdade, igualdade e > fraternidade. Essas causas perdidas em perpétua busca de encarnação > institucional e política. > > Não se precisa ir a Locke, a Rousseau ou a Weber para descobrir que a > legitimidade se faz justamente na relação que o sistema representativo > moderno esconde e revela. Revela-se no processo eleitoral quando os > candidatos se dizem pais, protetores ou representantes do povo, o qual, num > mercado dos candidatos, escolhe os de sua preferência. E esconde-se nas > rotinas parlamentares nas quais esse laço deve ser renovado e honrado na > busca de leis, causas e projetos que façam avançar a vida dos representados. > > A menos que se reinterprete, como sempre fazemos no Brasil, o liberalismo > pelo viés aristocrático mal resolvido, vigente na sociedade, e se admita que > a investidura num cargo público conceda ao investido a propriedade deste > cargo como ocorre nas aristocracias. Nelas, a legitimidade está apenas do > lado da nobreza que, por direito divino, é definida como superior à plebe, > mas cuja obrigação seria dela “cuidar”, como tem redescoberto o nosso > populismo. A nobreza, porém, perde legitimidade quando o laço de honra, de > obrigação e de honestidade que deve marcar os seus laços com a plebe não é > levado a sério. Ou seja, quando ela faz como o deputado e se lixa para a > opinião pública. Maria Antonieta e os Luíses não se lixavam, mas davam pão e > circo para o povo. Sabiam que, entre governantes e a opinião pública deveria > haver algo mais do que descaso, insulamento político e arrogância > aristocrática. > > Nas democracias, se o laço entre representantes e representados tornase > tênue, instala-se um processo de ilegitimidade. Ora, esse lixar-se para a > opinião pública revela o tamanho da crise de legitimidade que decorre da > aristocratização dos governantes, ao lado de uma sociedade redemocratizada > pela livre iniciativa, por um mercado cheio de energia e por uma moeda > estável: um único dinheiro que vale a mesma coisa para todos. > > Num Brasil onde todos pagam uma enormidade de impostos e, com eles, os > salários de todos os governantes, vai ficando cada vez mais intolerável ter > câmara, parlamentos, ministérios e executivos aristocratizados com o meu, o > seu, o nosso dinheiro. Mais: vai ficando impossível verificar que é a > sociedade que trabalha para o Estado e não o justo oposto. > > É duro observar uma súcia majoritariamente incompetente (com alguns > criminosos em seu meio) viver como nobres e milionários, tendo, além de > tudo, o desplante de declarar que nós, a opinião pública, nada temos com > eles. > > ROBERTO DaMATTA é antropólogo > > ------------------------------ > Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! + Buscados: Top > 10<http://br.rd.yahoo.com/mail/taglines/mail/*http://br.maisbuscados.yahoo.com/>- > Celebridades<http://br.rd.yahoo.com/mail/taglines/mail/*http://br.maisbuscados.yahoo.com/celebridades/>- > Música<http://br.rd.yahoo.com/mail/taglines/mail/*http://br.maisbuscados.yahoo.com/m%C3%BAsica/>- > Esportes<http://br.rd.yahoo.com/mail/taglines/mail/*http://br.maisbuscados.yahoo.com/esportes/> >