[CamaraDas] Re: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] Re: [CamaraDas] Artigo: Clóvis Rossi

  • From: Leandro <leandro.cariello@xxxxxxxxx>
  • To: "analistas2002@xxxxxxxxxxxxx" <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Wed, 15 Apr 2015 12:40:17 -0300

Caras Patrícia e Isabele,
Como a própria Patrícia previu, não dá para ficar indiferente e calado diante
de seus argumentos. Como o Roberto Jardim já começou, e bem, vou me meter um
pouco também.
O Aécio sintetizou bem a atual situação há poucos dias: "O PT passou boa parte
de sua existência querendo provar que era diferente dos outros. Hoje, faz um
esforço enorme para se mostrar igual aos outros". Eu sou do tempo da primeira
primeira parte da afirmação, e como a realidade me desiludiu! Hoje, eu
acrescentaria: em alguns casos, o partido mostrou-se bem pior que os outros.
Não estaria aí um dos principais motivos de tanta insatisfação, ao lado da
crescente descoberta de casos de corrupção? A propósito: o partido querer
apropriar-se da bandeira do combate à corrupção chega a ser risível. Quem está
mandando prender é o Judiciário, e não me consta que ele seja petista. Se
fosse, será que mandaria prender o Vaccari, mais um tesoureiro do partido que
vai encarcerado? Aliás, isso já está virando uma sina dos tesoureiros
petistas...
Alguém não concorda com o jornalista quando ele diz que sem a classe média um
movimento desses não tem sucesso? Não teria havido o '64 se não tivesse havido
o apoio da classe média. Não teria havido o Lula se ele não tivesse tido o
apoio da classe média. Não teria havido a queda do Vargas se o Lacerda não
tivesse incendiado a classe média ao denunciar o chamado "mar de lama". Agora,
fica difícil engolir que a classe média está certa quando está do mesmo lado
dos interessados e errada quando se opõe aos seus interesses.
Combater a corrupção não é uma pauta objetiva, Patrícia? E estelionato
eleitoral, também não seria? Ou você acha que os mais diversos movimentos
envolvidos nas manifestações deveriam se unir e formalizar uma pauta única em
que determinado assunto fosse escolhido como o motivo principal para o povo ir
às ruas? Seria difícil, pois são tantos... Se se fosse exigir uma "pauta clara
e objetiva", não teria havido também o que houve nas ruas em 2013, que já era
um prenúncio do que estava por vir.
Quanto à corrupção na política, a gente sabe que esse definitivamente não é um
campo para os santos. Eu não estou aqui para defender qualquer corrupto e de
qualquer partido que seja. Serão santos os hábeis "consultores" José Dirceu e
Antonio Palocci, que descobriram essas até então desconhecidas habilidades logo
após saírem (ou melhor, serem saídos) do governo, e hoje são milionários e
estão no topo da tão criticada "elite"? Ou o especialista em rãs Jader
Barbalho? Ou o probo Maluf? Ou o fenômeno empresarial Lulinha?
O problema é que o PT dizia que com ele tudo seria diferente. De fato, pode até
ser, só que a diferença é para pior.
Boas mesmo devem ser as manifestações pró-governo, em que se ganha condução e
refeição.
Triste hoje é ver uma presidente eleita pelo PT depender de Eduardo Cunha,
Renan Calheiros e Joaquim Levy para governar. Se ela perder um dos três, estará
perdida.
Um grande abraço,
Leandro.



Em 15/04/2015, às 09:42, Roberto Jardim Cavalcante <roberto.jardim@xxxxxxxxx>
escreveu:

Certamente há golpistas entre os manifestantes, Patrícia. Mas não só.
Mesmo os defensores da presidente precisariam reconhecer um detalhe
importante, reproduzido neste texto do Noblat.

http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2015/04/deus-salve-rainha.html
Omito propositalmente os trechos que tratam de assuntos que não vêm ao caso.

Abs,
Roberto Jardim.

===
Deus salve a Rainha!
13/04/2015 - 08h02
Ricardo Noblat

Que maneira infeliz de celebrar os primeiros 100 dias de governo! Seis em
cada 10 brasileiros consideram péssima ou ruim a administração de Dilma.
Quase seis em 10 acham que ela sabia da corrupção na Petrobras e nada fez.

Para quase oito em 10, a inflação aumentará. Assim como o desemprego para
sete em cada 10. Dois em cada três são favoráveis à abertura de um processo
de impeachment contra Dilma.

As manifestações de ruas, como as de ontem, são apoiadas por sete em cada 10.
E se a eleição para a escolha do sucessor de Dilma tivesse ocorrido na semana
passada, Aécio Neves teria derrotado Lula por 33% dos votos contra 29%,
segundo a mais recente pesquisa Datafolha.

Dos seus vários bunkers em Brasília, a presidente só sai para lugares onde
não corra o risco de ser vaiada. Se falar na televisão, pode deflagrar um
panelaço.

O que Dilma fez para merecer isso?

Mentiu. Apenas mentiu. Simples assim.

O Brasil era um paraíso na propaganda dela para se reeleger. Menos de dois
meses depois, o paraíso se evaporara.

Dilma jurou que jamais faria certas coisas que só seriam feitas por seus
adversários. Começou a fazê-las antes do fim do seu primeiro mandato.

Com isso mentiu de novo? Não. Era a mesma mentira. Tudo era uma mentira só.

[...]


Em 15 de abril de 2015 07:43, Patrícia Borges de Carvalho
<pcborges19@xxxxxxxxx> escreveu:
Ninguém satanizou a classe média por ter ido às ruas protestar e sim por
absoluta falta de uma pauta clara e objetiva. O que eles realmente queriam?
Combater a corrupção ou tirar o PT do poder? Quais eram as propostas? O que
pediam?? Bateram panelas chamando a Presidenta de vaca, mandaram-na
delicadamente tomar "naquele lugar" (classe média se classe rss) na copa que
ela mesma havia sido contra. Não há qqr sentimento de justiça ou de
imparcialidade de quem quer aguardar as provas e os julgamentos. Já julgaram
e condenaram. Não, o movimento não era contra a corrupção. Se fosse as
pessoas estariam satisfeitas pois as coisas estão sendo investigas, pessoas
importantes, políticos e empresários, sendo presas pela primeira vez nesse
país. Qqr um com um mínimo de serenidade e sensatez percebeu a real
intenção do movimento ao ver os cartazes que carregavam. Basta conhecer quem
são os seus líderes nas redes sociais. Mas saber a verdade pra quê? Se o
que querem é "ver a Dilma fora e pronto!" Outro dado que comprova essa tese
era que mais de 80% das pessoas que saíram as ruas eram eleitores de Aécio
Neves, o candidato que perdeu as eleições e foi votado por quase metade do
eleitorado nacional que se diz contra a corrupção e que simplesmente não
quer saber dos processos contra ele por improbidade, desvio de verbas,
denúncias por recebimento MENSAL de propinas em Furnas, seu coordenador de
campanha (Agripino) foi flagrado pedindo propina de um milhão, do rombo de
sete bilhões que seu partido deixou em Minas, do escândalo dos trens de São
Paulo ou que o Presidente de seu partido é acusado de receber 10 milhões na
operação lava jato ou ainda que o líder de seu partido no Senado Cássio
Cunha Lima foi condenado pelo TSE com base na lei de ficha limpa. E claro
várias outras "coisinhas" que pesam sobre eles.
A crítica a quem foi às ruas não é pq eles contrariaram os interesses da
esquerda e sim pq a hipocrisia é gigantesca e a intenção do movimento é
muito clara.
Sei que provavelmente vai chover de gente aqui que tentará me desqualificar
com agressões e rótulos como sempre acontece com a fúria despertada por quem
posta algum argumento concreto contra a "nossa classe privilegiada e
indignada". As discussões nunca rebatem argumentos, mas sim agridem as
pessoas que pensam diferente. Estejam completamente à vontade, mas aviso que
não vou entrar no debate nem tentar argumentar mais nada. Só escrevi porque
textos assim, que a meu ver não enxergam ou tentam maquiar a realidade pra
que atenda seus interesses de manipular, me fazem ter vontade de falar o que
penso. #pronto, falei# rssss.


Enviado do meu iPhone

Em 14/04/2015, às 11:16, Leandro <leandro.cariello@xxxxxxxxx> escreveu:

P-e-r-f-e-i-t-o !!!

Em 14/04/2015, às 11:08, Niquele <niquele@xxxxxxxxx> escreveu:

Classe média à la carte

É má-fé ou ignorância (ou ambas as coisas juntas) satanizar a classe média
pelas manifestações contra o governo.

Má-fé porque a classe média, como qualquer outro segmento, tem todo o
direito de se manifestar, contra ou a favor do governo. É uma obviedade,
eu sei, mas ter que escrever tão tremenda obviedade é um sinal da
indigência do debate público brasileiro.

Ignorância porque a classe média foi o motor de TODAS as manifestações que
a esquerda considerou épicas. Foi o tal de povo, por acaso, que esteve
presente em massa nos atos pela anistia? Foi o tal de povo, por acaso, que
se mobilizou pelas "diretas-já", o maior movimento de massas da história
recente (e não tão recente)?

Foi o tal de povo que pintou a cara de verde-e-amarelo para pedir o
impeachment de Fernando Collor de Mello? As cores e o pedido valiam então,
mas não valem agora só porque os que se acham de esquerda estavam na época
do outro lado?

Em todos esses casos, foi a classe média que se manifestou. A satanização
de agora demonstra que, para certo tipo de mentalidade cretina, há uma
classe média "boa" (quando ela está do lado desse tipo de cabecinha) e uma
classe média "podre" quando está do outro lado.

Revela acentuada dificuldade de conviver com opiniões contrárias.

É estúpido tratar a classe média como um ente homogêneo. Segmentos da
classe média se mobilizaram contra o governo João Goulart e ajudaram a
derrubá-lo. Péssimo exemplo, para o meu gosto, assim como é péssimo
exemplo tratar agora de repetir a história, aproveitando-se do disseminado
desconforto com o governo (desconforto, diga-se, que é também do tal de
"povo", a menos que se acredite que a classe média abrange 87% dos
brasileiros, os que desaprovam o governo Dilma).

Mas foram também segmentos da classe média que, primeiro, tomaram as armas
para tentar derrubar o regime e, depois, foram às ruas para protestar
contra ele e ajudar a encerrá-lo.

Não é muito diferente fora do Brasil. Na Argentina, por exemplo, foi a
classe média que constituiu o grosso do grupo de esquerda armada
Montoneros, que se opôs primeiro ao governo de Isabelita Perón e depois à
ditadura militar.

Foram de classe média ou até alta alguns dos grandes líderes
revolucionários do século passado. Ou alguém acha que Vladimir Ilitch
Lênin era "povão"? Ou Leon Trótski?

A rigor, apenas Emiliano Zapata, o treinador de cavalos que liderou a
primeira revolução social do século 20, a mexicana, era filho do povo. Até
Mao Tsé-tung, filho de camponeses, logo ascendeu à classe média, pela via
de seus estudos.

Voltemos ao Brasil. É de supina ingenuidade imaginar, como fazem alguns,
que o povo pobre vai se sublevar, movido pelo desemprego, baixos salários
e/ou fome.

Nunca o fez, apesar das condições desumanas em que vive faz séculos. Menos
ainda o fará agora quando as condições melhoraram, um tiquinho de nada,
mas melhoraram. Você pode amar ou odiar a classe média, mas pegar dela
apenas o pedaço que lhe agrada é desonesto

:::
Niquele

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