Para conhecer a história do ponto de vista de quem a acompanhou desde quando o caso se tornou público: * http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm *<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm> Segue também um comentário mostrando o outro lado da moeda, o qual reproduzo na íntegra, a seguir: * http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos *<http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos> [ ]s, Roberto Jardim. ===================================== Jornal Gazeta do Povo (Curitiba) Estupro, aborto e valores distorcidos Publicado em 11/03/2009 | Carlos Ramalhete Têm sido espantosas as reações à declaração de dom Cardoso, arcebispo de Olinda e Recife, acerca das excomunhões dos responsáveis pelo aborto das duas crianças geradas no estupro de uma menina de nove anos de idade. O que ele fez foi apenas o seu dever: comunicar ter ocorrido a excomunhão automática dos responsáveis pela morte de duas crianças inocentes. Quem lesse as reações à comunicação, contudo, teria a impressão de que havia uma vida apenas em risco, e esta seria a vida da mãe das crianças. Não é o caso. A vida dela estava, sim, em um certo grau de risco, não maior nem menor que o de muitas mulheres grávidas com alguma complicação. Casos muito piores já chegaram a um final feliz. Neste caso, contudo, aproveitando-se de uma falsa brecha legal – o fato de o Direito brasileiro não prever punição para o aborto de crianças geradas por estupro ou em caso de risco de vida para a mãe, exatamente como não prevê punição para o furto cometido por um filho contra o pai – grupos de pressão interessados na legalização do aborto apressaram-se, contra a vontade da mãe e de seus responsáveis legais, a matar o quanto antes as crianças que cometeram o crime de terem sido concebidas no transcurso de um repulsivo estupro. Os filhos são punidos com pena de morte pelo crime do pai. A violência das reações à declaração de dom Cardoso, contudo, mostra claramente o alcance – em alguns setores bastante vocais da classe média urbana – de uma pseudoética apavorante. As crianças mortas simplesmente não entram na equação, não são consideradas. O próprio estupro só é mencionado de passagem. O risco de vida para a mãe é transformado em uma certeza de sua morte. São saudados como heróis salvadores os carniceiros que arrancaram do ventre da mãe duas crianças perfeitamente saudáveis e atiraram os cadáveres em uma cesta de lixo, onde provavelmente estava uma cópia mofada do juramento de Hipócrates que fizeram quando se formaram médicos. Isto ocorre por ter sido perdida a noção do valor da vida. A vida, em si, para os defensores do aborto, não vale nada. Ao invés dela, o que teria valor seria o resultado final de uma equação que tem como componentes o bem-estar da pessoa e sua utilidade para a sociedade. As crianças abortadas não têm valor para a sociedade, logo podem ser mortas. Mais ainda, não merecem menção. A única criança digna de menção é a mãe, e olhe lá. Ela mesma, a mãe das crianças abortadas, tem seu sofrimento deixado de lado. Uma menina de nove anos de idade que sofreu a violência de um estupro, provavelmente reiteradas vezes; uma criança ela mesma, vivendo mais que provavelmente em condições miseráveis (sabe-se que sua mãe não sabe ler e escrever, o que serviu bem aos que simplesmente mandaram que apusesse a impressão do polegar aos papéis que, como depois ela veio a saber, eram a sentença de morte de seus netos), foi levada de um lugar para o outro, teve os filhos que ela desejava manter arrancados de seu ventre e mortos, sendo tratada apenas como excelente exemplo de portadora biológica de material a abortar. É de crer que provavelmente os defensores do aborto teriam de bom grado preferido que ela também tivesse sido abortada: o resultado da equação de utilidade social e bem-estar que usam para valorizar uma vida dificilmente seria alto o suficiente no caso dela para garantir-lhe a sobrevivência. O estupro, mais ainda, o estupro reiterado e contumaz de uma criança indefesa é um crime asqueroso, que poderia em justiça merecer a pena de morte (não percebi, aliás, em nenhuma das numerosas e estridentes reações pró-aborto à declaração de dom Cardoso, alguém pedindo que fosse estendida ao estuprador a pena de morte que sofreram seus filhos). Quem o comete vê em sua vítima apenas um orifício cercado por forma humana, um receptáculo fraco e indefeso, logo acessível a suas taras. É já uma negação da humanidade da vítima: ela não merece, crê o estuprador, ter direito de opinião sobre o que é feito com seu corpo. A mesma negação feita pelo estuprador contra sua vítima foi reiterada sobre seus filhos: ela foi estuprada; eles foram mortos. Desumanizada pela primeira vez pelo estuprador, ela o foi novamente, juntamente com seus próprios filhos – a flor de esperança e de vida que poderia ter saído do lodo da violência – pelos que não consideram que a vida tenha, por ser vida humana, algum valor. Agora, esperam eles, esgotado seu valor de propaganda, ela pode rastejar de volta à miséria de seu barraco e deixá-los tocar em paz a campanha pró-aborto. Carlos Ramalhete é professor e filósofo. 2009/3/11 Raimundo Alves <rjalves07@xxxxxxxxx> > It's not mole, não... > > > ------------------------------ > *Enviada em:* terça-feira, 10 de março de 2009 19:15 > *Assunto:* ENC: Torquemada pernambucano > > Quem diria, o espírito do maior inquisidor da Igreja, Tomás de Torquemada > que no século XV purificou pelo menos 30.000 almas arrancando a ferro e fogo > o Demonio que as dominava, baixou no minusculo corpo do arcebispo de > Olinda-Recife. O liliputiano clérigo ao excomungar os médicos e parentes da > garota que aos NOVE anos foi estuprada e engravidada de gêmeos, teve por > recomendação MÉDICA e LEGAL que interromper a gravidez pois seu pequeno > corpo ainda incompleto, corria risco de morrer se a gestação fosse levada > adiante. Curiosamente, o estuprador não incorreu na excomunhão, sendo > poupado pelo nano-arcebispo... Teria sido um caso de corporativismo??? > Seja como for, o poeta popular Miguezim de Princesa não poupou a ação > tinhosa do pequeno-polegar da igreja pernambucana... > > > *A EXCOMUNHÃO DA > VÍTIMA<http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php#this%23this> > * > *Miguezim de Princesa* > > > I* > **Peço à musa do improviso > Que me dê inspiração, > Ciência e sabedoria, > Inteligência e razão, > Peço que Deus que me proteja > Para falar de uma igreja > Que comete aberração. > > II > Pelas fogueiras que arderam > No tempo da Inquisição, > Pelas mulheres queimadas > Sem apelo ou compaixão, > Pensava que o Vaticano > Tinha mudado de plano, > Abolido a excomunhão. > > III > Mas o bispo Dom José, > Um homem conservador, > Tratou com impiedade > A vítima de um estuprador, > Massacrada e abusada, > Sofrida e violentada, > Sem futuro e sem amor. > > IV > Depois que houve o estupro, > A menina engravidou. > Ela só tem nove anos, > A Justiça autorizou > Que a criança abortasse > Antes que a vida brotasse > Um fruto do desamor. > > V > O aborto, já previsto > Na nossa legislação, > Teve o apoio declarado > Do ministro Temporão, > Que é médico bom e zeloso, > E mostrou ser corajoso > Ao enfrentar a questão. > > VI > Além de excomungar > O ministro Temporão, > Dom José excomungou > Da menina, sem razão, > A mãe, a vó e a tia > E se brincar puniria > Até a quarta geração. > > VII > É esquisito que a igreja, > Que tanto prega o perdão, > Resolva excomungar médicos > Que cumpriram sua missão > E num beco sem saída > Livraram uma pobre vida > Do fel da desilusão. > > VIII > Mas o mundo está virado > E cheio de desatinos: > Missa virou presepada, > Tem dança até do pepino, > Padre que usa bermuda, > Deixando mulher buchuda > E bolindo com os meninos. > > IX > Milhões morrendo de Aids: > É grande a devastação, > Mas a igreja acha bom > Furunfar sem proteção > E o padre prega na missa > Que camisinha na lingüiça > É uma coisa do Cão. > > X > E esta quem me contou > Foi Lima do Camarão: > Dom José excomungou > A equipe de plantão, > A família da menina > E o ministro Temporão, > Mas para o estuprador, > Que por certo perdoou, > O arcebispo reservou > A vaga de sacristão.* > >