[CamaraDas] Re: Estupro, aborto e valores distorcidos (era: Fwd: Torquemada pernambucano)

  • From: Érika Maia <erikamaia@xxxxxxxxx>
  • To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
  • Date: Wed, 11 Mar 2009 17:11:36 -0300

Sou totalmente contra o aborto. Não considero justificável ceifar a vida de
inocentes em prol da "liberdade da mulher" em relação a seu corpo, como
pregam os favoráveis ao assassinato de fetos. Se quer ter liberdade, que
tome as devidas cautelas. Até mesmo em caso de estupro, se a mãe tem
condições de ter o filho sem maiores complicações, acho que não se
justifica.
Contudo, mesmo sendo contra o aborto e mesmo sendo católica, não pude deixar
de achar um absurdo a decisão de excomungar as pessoas envolvidas nesse
caso. O autor do texto abaixo se esquece que uma CRIANÇA de 9 anos de idade
não tem estrutura física, quem dirá psicológica para ter filhos. Em nome de
preservar fetos, que muito provavelmente não chegariam nem a nascer, que só
trariam mais sofrimento à CRIANÇA-MÃE, condenam o aborto efetuado pelos
médicos. Parece que se esquecem de tudo o que a criança sofreu e de todo o
sofrimento que lhe seria imposto por uma gravidez de gêmeos no seu frágil
corpo de 9 anos de idade. Como ficaria o lado emocional dessa menininha?
Eles não se importam: só querem se apegar ao fato de que houve um aborto.
Paciência.
Penso que toda regra tem suas exceções e que os médicos e a família só
buscaram o desfecho menos traumático para esse caso.


2009/3/11 Roberto Jardim Cavalcante <roberto.jardim@xxxxxxxxx>

> Para conhecer a história do ponto de vista de quem a acompanhou desde
> quando o caso se tornou público: *
> http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm
> *<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm>
>
> Segue também um comentário mostrando o outro lado da moeda, o qual
> reproduzo na íntegra, a seguir: *
> http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos
> *<http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos>
>
> [ ]s,
>
> Roberto Jardim.
>
> =====================================
>
> Jornal Gazeta do Povo (Curitiba)
>
> Estupro, aborto e valores distorcidos
>
> Publicado em 11/03/2009 | Carlos Ramalhete
>
> Têm sido espantosas as reações à declaração de dom Cardoso, arcebispo de
> Olinda e Recife, acerca das excomunhões dos responsáveis pelo aborto das
> duas crianças geradas no estupro de uma menina de nove anos de idade. O que
> ele fez foi apenas o seu dever: comunicar ter ocorrido a excomunhão
> automática dos responsáveis pela morte de duas crianças inocentes. Quem
> lesse as reações à comunicação, contudo, teria a impressão de que havia uma
> vida apenas em risco, e esta seria a vida da mãe das crianças. Não é o caso.
> A vida dela estava, sim, em um certo grau de risco, não maior nem menor que
> o de muitas mulheres grávidas com alguma complicação. Casos muito piores já
> chegaram a um final feliz.
>
> Neste caso, contudo, aproveitando-se de uma falsa brecha legal
> – o fato de o Direito brasileiro não prever punição para o aborto de
> crianças geradas por estupro ou em caso de risco de vida para a mãe,
> exatamente como não prevê punição para o furto cometido por um filho contra
> o pai – grupos de pressão interessados na legalização do aborto
> apressaram-se, contra a vontade da mãe e de seus responsáveis legais, a
> matar o quanto antes as crianças que cometeram o crime de terem sido
> concebidas no transcurso de um repulsivo estupro. Os filhos são punidos com
> pena de morte pelo crime do pai.
>
> A violência das reações à declaração de dom Cardoso, contudo, mostra
> claramente o alcance
> – em alguns setores bastante vocais da classe média urbana – de uma
> pseudoética apavorante. As crianças mortas simplesmente não entram na
> equação, não são consideradas. O próprio estupro só é mencionado de
> passagem. O risco de vida para a mãe é transformado em uma certeza de sua
> morte. São saudados como heróis salvadores os carniceiros que arrancaram do
> ventre da mãe duas crianças perfeitamente saudáveis e atiraram os cadáveres
> em uma cesta de lixo, onde provavelmente estava uma cópia mofada do
> juramento de Hipócrates que fizeram quando se formaram médicos.
>
> Isto ocorre por ter sido perdida a noção do valor da vida. A vida, em si,
> para os defensores do aborto, não vale nada. Ao invés dela, o que teria
> valor seria o resultado final de uma equação que tem como componentes o
> bem-estar da pessoa e sua utilidade para a sociedade. As crianças abortadas
> não têm valor para a sociedade, logo podem ser mortas. Mais ainda, não
> merecem menção. A única criança digna de menção é a mãe, e olhe lá.
>
> Ela mesma, a mãe das crianças abortadas, tem seu sofrimento deixado de
> lado. Uma menina de nove anos de idade que sofreu a violência de um estupro,
> provavelmente reiteradas vezes; uma criança ela mesma, vivendo mais que
> provavelmente em condições miseráveis (sabe-se que sua mãe não sabe ler e
> escrever, o que serviu bem aos que simplesmente mandaram que apusesse a
> impressão do polegar aos papéis que, como depois ela veio a saber, eram a
> sentença de morte de seus netos), foi levada de um lugar para o outro, teve
> os filhos que ela desejava manter arrancados de seu ventre e mortos, sendo
> tratada apenas como excelente exemplo de portadora biológica de material a
> abortar.
>
> É de crer que provavelmente os defensores do aborto teriam de bom grado
> preferido que ela também tivesse sido abortada: o resultado da equação de
> utilidade social e bem-estar que usam para valorizar uma vida dificilmente
> seria alto o suficiente no caso dela para garantir-lhe a sobrevivência.
>
> O estupro, mais ainda, o estupro reiterado e contumaz de uma criança
> indefesa é um crime asqueroso, que poderia em justiça merecer a pena de
> morte (não percebi, aliás, em nenhuma das numerosas e estridentes reações
> pró-aborto à declaração de dom Cardoso, alguém pedindo que fosse estendida
> ao estuprador a pena de morte que sofreram seus filhos). Quem o comete vê em
> sua vítima apenas um orifício cercado por forma humana, um receptáculo fraco
> e indefeso, logo acessível a suas taras. É já uma negação da humanidade da
> vítima: ela não merece, crê o estuprador, ter direito de opinião sobre o que
> é feito com seu corpo.
>
> A mesma negação feita pelo estuprador contra sua vítima foi reiterada sobre
> seus filhos: ela foi estuprada; eles foram mortos. Desumanizada pela
> primeira vez pelo estuprador, ela o foi novamente, juntamente com seus
> próprios filhos
> – a flor de esperança e de vida que poderia ter saído do lodo da violência
> – pelos que não consideram que a vida tenha, por ser vida humana, algum
> valor. Agora, esperam eles, esgotado seu valor de propaganda, ela pode
> rastejar de volta à miséria de seu barraco e deixá-los tocar em paz a
> campanha pró-aborto.
>
> Carlos Ramalhete é professor e filósofo.
>
>
>
> 2009/3/11 Raimundo Alves <rjalves07@xxxxxxxxx>
>
>> It's not mole, não...
>>
>>
>>  ------------------------------
>> *Enviada em:* terça-feira, 10 de março de 2009 19:15
>> *Assunto:* ENC: Torquemada pernambucano
>>
>>  Quem diria, o espírito do maior inquisidor da Igreja, Tomás de
>> Torquemada que no século XV purificou pelo menos 30.000 almas arrancando
>> a ferro e fogo o Demonio que as dominava, baixou no minusculo corpo do
>> arcebispo de Olinda-Recife. O liliputiano clérigo ao excomungar os médicos
>> e parentes da garota que aos NOVE anos foi estuprada e engravidada de
>> gêmeos, teve por recomendação MÉDICA e LEGAL que interromper a gravidez pois
>> seu pequeno corpo ainda incompleto, corria risco de morrer se a gestação
>> fosse levada adiante. Curiosamente, o estuprador não incorreu na excomunhão,
>> sendo poupado pelo nano-arcebispo...  Teria sido um caso de
>> corporativismo???   Seja como for, o poeta popular Miguezim de Princesa não
>> poupou a ação tinhosa do pequeno-polegar da igreja pernambucana...
>>
>>
>> *A EXCOMUNHÃO DA 
>> VÍTIMA<http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php#this%23this>
>> *
>> *Miguezim de Princesa*
>>
>>
>> I*
>> **Peço à musa do improviso
>> Que me dê inspiração,
>> Ciência e sabedoria,
>> Inteligência e razão,
>> Peço que Deus que me proteja
>> Para falar de uma igreja
>> Que comete aberração.
>>
>> II
>> Pelas fogueiras que arderam
>> No tempo da Inquisição,
>> Pelas mulheres queimadas
>> Sem apelo ou compaixão,
>> Pensava que o Vaticano
>> Tinha mudado de plano,
>> Abolido a excomunhão.
>>
>> III
>> Mas o bispo Dom José,
>> Um homem conservador,
>> Tratou com impiedade
>> A vítima de um estuprador,
>> Massacrada e abusada,
>> Sofrida e violentada,
>> Sem futuro e sem amor.
>>
>> IV
>> Depois que houve o estupro,
>> A menina engravidou.
>> Ela só tem nove anos,
>> A Justiça autorizou
>> Que a criança abortasse
>> Antes que a vida brotasse
>> Um fruto do desamor.
>>
>> V
>> O aborto, já previsto
>> Na nossa legislação,
>> Teve o apoio declarado
>> Do ministro Temporão,
>> Que é médico bom e zeloso,
>> E mostrou ser corajoso
>> Ao enfrentar a questão.
>>
>> VI
>> Além de excomungar
>> O ministro Temporão,
>> Dom José excomungou
>> Da menina, sem razão,
>> A mãe, a vó e a tia
>> E se brincar puniria
>> Até a quarta geração.
>>
>> VII
>> É esquisito que a igreja,
>> Que tanto prega o perdão,
>> Resolva excomungar médicos
>> Que cumpriram sua missão
>> E num beco sem saída
>> Livraram uma pobre vida
>> Do fel da desilusão.
>>
>> VIII
>> Mas o mundo está virado
>> E cheio de desatinos:
>> Missa virou presepada,
>> Tem dança até do pepino,
>> Padre que usa bermuda,
>> Deixando mulher buchuda
>> E bolindo com os meninos.
>>
>> IX
>> Milhões morrendo de Aids:
>> É grande a devastação,
>> Mas a igreja acha bom
>> Furunfar sem proteção
>> E o padre prega na missa
>> Que camisinha na lingüiça
>> É uma coisa do Cão.
>>
>> X
>> E esta quem me contou
>> Foi Lima do Camarão:
>> Dom José excomungou
>> A equipe de plantão,
>> A família da menina
>> E o ministro Temporão,
>> Mas para o estuprador,
>> Que por certo perdoou,
>> O arcebispo reservou
>>  A vaga de sacristão.*
>>
>>
>

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