Eu li os dois textos. Mas a minha opinião não muda. Uma criança de nove anos não tem estrutura para ser mãe. Esse é o ponto principal. 2009/3/11 Roberto Jardim Cavalcante <roberto.jardim@xxxxxxxxx> > Tantos detalhes sobre o caso... Eis alguns deles: > > Dê uma lida nos dois textos, Érika. Veja que a própria menina não foi > excomungada (aliás, não sei por que tanto estardalhaço da imprensa. Acaso os > médicos estão minimamente chocados por terem sido excomungados?). Outro > detalhe teológico: o Código de Direito Canônico é que preceitua a excomunhão > automática para os casos de aborto (diz-se "excomunhão latae sententiae"), > não o bispo. Este apenas lembrou que o caso prevê a excomunhão. > > Ademais, no momento do aborto, a criança não corria risco. O risco seria > maior se se levasse a gravidez a termo, mas poderia ser tentada a cesariana > no sexto mês, por exemplo. Se você ler o texto a partir do link que já > enviei, verá que o primeiro hospital, inclusive, não tinha recomendado o > aborto. Ocorre que transferiram a menina às pressas para outro hospital - > mais tolerante à prática -, valendo-se da ignorância da mãe. > > Quanto aos médicos, não estavam puramente interessados na vida da criança. > São abortistas militantes - dão palestras a respeito, aliás. Isso não é dito > em lugar nenhum. Um aluno deles - Vitor Costa, salvo engano - do décimo > período (são professores universitários) pediu que comprovassem a > inviabilidade da gestação e não obteve resposta, até o momento. > > > > > 2009/3/11 Érika Maia <erikamaia@xxxxxxxxx> > > Sou totalmente contra o aborto. Não considero justificável ceifar a vida de >> inocentes em prol da "liberdade da mulher" em relação a seu corpo, como >> pregam os favoráveis ao assassinato de fetos. Se quer ter liberdade, que >> tome as devidas cautelas. Até mesmo em caso de estupro, se a mãe tem >> condições de ter o filho sem maiores complicações, acho que não se >> justifica. >> Contudo, mesmo sendo contra o aborto e mesmo sendo católica, não pude >> deixar de achar um absurdo a decisão de excomungar as pessoas envolvidas >> nesse caso. O autor do texto abaixo se esquece que uma CRIANÇA de 9 anos de >> idade não tem estrutura física, quem dirá psicológica para ter filhos. Em >> nome de preservar fetos, que muito provavelmente não chegariam nem a nascer, >> que só trariam mais sofrimento à CRIANÇA-MÃE, condenam o aborto efetuado >> pelos médicos. Parece que se esquecem de tudo o que a criança sofreu e de >> todo o sofrimento que lhe seria imposto por uma gravidez de gêmeos no seu >> frágil corpo de 9 anos de idade. Como ficaria o lado emocional dessa >> menininha? Eles não se importam: só querem se apegar ao fato de que houve um >> aborto. Paciência. >> Penso que toda regra tem suas exceções e que os médicos e a família só >> buscaram o desfecho menos traumático para esse caso. >> >> >> 2009/3/11 Roberto Jardim Cavalcante <roberto.jardim@xxxxxxxxx> >> >> Para conhecer a história do ponto de vista de quem a acompanhou desde >>> quando o caso se tornou público: * >>> http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm >>> *<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm> >>> >>> Segue também um comentário mostrando o outro lado da moeda, o qual >>> reproduzo na íntegra, a seguir: * >>> http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos >>> *<http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos> >>> >>> [ ]s, >>> >>> Roberto Jardim. >>> >>> ===================================== >>> >>> Jornal Gazeta do Povo (Curitiba) >>> >>> Estupro, aborto e valores distorcidos >>> >>> Publicado em 11/03/2009 | Carlos Ramalhete >>> >>> Têm sido espantosas as reações à declaração de dom Cardoso, arcebispo de >>> Olinda e Recife, acerca das excomunhões dos responsáveis pelo aborto das >>> duas crianças geradas no estupro de uma menina de nove anos de idade. O que >>> ele fez foi apenas o seu dever: comunicar ter ocorrido a excomunhão >>> automática dos responsáveis pela morte de duas crianças inocentes. Quem >>> lesse as reações à comunicação, contudo, teria a impressão de que havia uma >>> vida apenas em risco, e esta seria a vida da mãe das crianças. Não é o caso. >>> A vida dela estava, sim, em um certo grau de risco, não maior nem menor que >>> o de muitas mulheres grávidas com alguma complicação. Casos muito piores já >>> chegaram a um final feliz. >>> >>> Neste caso, contudo, aproveitando-se de uma falsa brecha legal >>> – o fato de o Direito brasileiro não prever punição para o aborto de >>> crianças geradas por estupro ou em caso de risco de vida para a mãe, >>> exatamente como não prevê punição para o furto cometido por um filho contra >>> o pai – grupos de pressão interessados na legalização do aborto >>> apressaram-se, contra a vontade da mãe e de seus responsáveis legais, a >>> matar o quanto antes as crianças que cometeram o crime de terem sido >>> concebidas no transcurso de um repulsivo estupro. Os filhos são punidos com >>> pena de morte pelo crime do pai. >>> >>> A violência das reações à declaração de dom Cardoso, contudo, mostra >>> claramente o alcance >>> – em alguns setores bastante vocais da classe média urbana – de uma >>> pseudoética apavorante. As crianças mortas simplesmente não entram na >>> equação, não são consideradas. O próprio estupro só é mencionado de >>> passagem. O risco de vida para a mãe é transformado em uma certeza de sua >>> morte. São saudados como heróis salvadores os carniceiros que arrancaram do >>> ventre da mãe duas crianças perfeitamente saudáveis e atiraram os cadáveres >>> em uma cesta de lixo, onde provavelmente estava uma cópia mofada do >>> juramento de Hipócrates que fizeram quando se formaram médicos. >>> >>> Isto ocorre por ter sido perdida a noção do valor da vida. A vida, em si, >>> para os defensores do aborto, não vale nada. Ao invés dela, o que teria >>> valor seria o resultado final de uma equação que tem como componentes o >>> bem-estar da pessoa e sua utilidade para a sociedade. As crianças abortadas >>> não têm valor para a sociedade, logo podem ser mortas. Mais ainda, não >>> merecem menção. A única criança digna de menção é a mãe, e olhe lá. >>> >>> Ela mesma, a mãe das crianças abortadas, tem seu sofrimento deixado de >>> lado. Uma menina de nove anos de idade que sofreu a violência de um estupro, >>> provavelmente reiteradas vezes; uma criança ela mesma, vivendo mais que >>> provavelmente em condições miseráveis (sabe-se que sua mãe não sabe ler e >>> escrever, o que serviu bem aos que simplesmente mandaram que apusesse a >>> impressão do polegar aos papéis que, como depois ela veio a saber, eram a >>> sentença de morte de seus netos), foi levada de um lugar para o outro, teve >>> os filhos que ela desejava manter arrancados de seu ventre e mortos, sendo >>> tratada apenas como excelente exemplo de portadora biológica de material a >>> abortar. >>> >>> É de crer que provavelmente os defensores do aborto teriam de bom grado >>> preferido que ela também tivesse sido abortada: o resultado da equação de >>> utilidade social e bem-estar que usam para valorizar uma vida dificilmente >>> seria alto o suficiente no caso dela para garantir-lhe a sobrevivência. >>> >>> O estupro, mais ainda, o estupro reiterado e contumaz de uma criança >>> indefesa é um crime asqueroso, que poderia em justiça merecer a pena de >>> morte (não percebi, aliás, em nenhuma das numerosas e estridentes reações >>> pró-aborto à declaração de dom Cardoso, alguém pedindo que fosse estendida >>> ao estuprador a pena de morte que sofreram seus filhos). Quem o comete vê em >>> sua vítima apenas um orifício cercado por forma humana, um receptáculo fraco >>> e indefeso, logo acessível a suas taras. É já uma negação da humanidade da >>> vítima: ela não merece, crê o estuprador, ter direito de opinião sobre o que >>> é feito com seu corpo. >>> >>> A mesma negação feita pelo estuprador contra sua vítima foi reiterada >>> sobre seus filhos: ela foi estuprada; eles foram mortos. Desumanizada pela >>> primeira vez pelo estuprador, ela o foi novamente, juntamente com seus >>> próprios filhos >>> – a flor de esperança e de vida que poderia ter saído do lodo da >>> violência – pelos que não consideram que a vida tenha, por ser vida >>> humana, algum valor. Agora, esperam eles, esgotado seu valor de propaganda, >>> ela pode rastejar de volta à miséria de seu barraco e deixá-los tocar em paz >>> a campanha pró-aborto. >>> >>> Carlos Ramalhete é professor e filósofo. >>> >>> >>> >>> 2009/3/11 Raimundo Alves <rjalves07@xxxxxxxxx> >>> >>>> It's not mole, não... >>>> >>>> >>>> ------------------------------ >>>> *Enviada em:* terça-feira, 10 de março de 2009 19:15 >>>> *Assunto:* ENC: Torquemada pernambucano >>>> >>>> Quem diria, o espírito do maior inquisidor da Igreja, Tomás de >>>> Torquemada que no século XV purificou pelo menos 30.000 almas arrancando >>>> a ferro e fogo o Demonio que as dominava, baixou no minusculo corpo do >>>> arcebispo de Olinda-Recife. O liliputiano clérigo ao excomungar os médicos >>>> e parentes da garota que aos NOVE anos foi estuprada e engravidada de >>>> gêmeos, teve por recomendação MÉDICA e LEGAL que interromper a gravidez >>>> pois >>>> seu pequeno corpo ainda incompleto, corria risco de morrer se a gestação >>>> fosse levada adiante. Curiosamente, o estuprador não incorreu na >>>> excomunhão, >>>> sendo poupado pelo nano-arcebispo... Teria sido um caso de >>>> corporativismo??? Seja como for, o poeta popular Miguezim de Princesa não >>>> poupou a ação tinhosa do pequeno-polegar da igreja pernambucana... >>>> >>>> >>>> *A EXCOMUNHÃO DA >>>> VÍTIMA<http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php#this%23this> >>>> * >>>> *Miguezim de Princesa* >>>> >>>> >>>> I* >>>> **Peço à musa do improviso >>>> Que me dê inspiração, >>>> Ciência e sabedoria, >>>> Inteligência e razão, >>>> Peço que Deus que me proteja >>>> Para falar de uma igreja >>>> Que comete aberração. >>>> >>>> II >>>> Pelas fogueiras que arderam >>>> No tempo da Inquisição, >>>> Pelas mulheres queimadas >>>> Sem apelo ou compaixão, >>>> Pensava que o Vaticano >>>> Tinha mudado de plano, >>>> Abolido a excomunhão. >>>> >>>> III >>>> Mas o bispo Dom José, >>>> Um homem conservador, >>>> Tratou com impiedade >>>> A vítima de um estuprador, >>>> Massacrada e abusada, >>>> Sofrida e violentada, >>>> Sem futuro e sem amor. >>>> >>>> IV >>>> Depois que houve o estupro, >>>> A menina engravidou. >>>> Ela só tem nove anos, >>>> A Justiça autorizou >>>> Que a criança abortasse >>>> Antes que a vida brotasse >>>> Um fruto do desamor. >>>> >>>> V >>>> O aborto, já previsto >>>> Na nossa legislação, >>>> Teve o apoio declarado >>>> Do ministro Temporão, >>>> Que é médico bom e zeloso, >>>> E mostrou ser corajoso >>>> Ao enfrentar a questão. >>>> >>>> VI >>>> Além de excomungar >>>> O ministro Temporão, >>>> Dom José excomungou >>>> Da menina, sem razão, >>>> A mãe, a vó e a tia >>>> E se brincar puniria >>>> Até a quarta geração. >>>> >>>> VII >>>> É esquisito que a igreja, >>>> Que tanto prega o perdão, >>>> Resolva excomungar médicos >>>> Que cumpriram sua missão >>>> E num beco sem saída >>>> Livraram uma pobre vida >>>> Do fel da desilusão. >>>> >>>> VIII >>>> Mas o mundo está virado >>>> E cheio de desatinos: >>>> Missa virou presepada, >>>> Tem dança até do pepino, >>>> Padre que usa bermuda, >>>> Deixando mulher buchuda >>>> E bolindo com os meninos. >>>> >>>> IX >>>> Milhões morrendo de Aids: >>>> É grande a devastação, >>>> Mas a igreja acha bom >>>> Furunfar sem proteção >>>> E o padre prega na missa >>>> Que camisinha na lingüiça >>>> É uma coisa do Cão. >>>> >>>> X >>>> E esta quem me contou >>>> Foi Lima do Camarão: >>>> Dom José excomungou >>>> A equipe de plantão, >>>> A família da menina >>>> E o ministro Temporão, >>>> Mas para o estuprador, >>>> Que por certo perdoou, >>>> O arcebispo reservou >>>> A vaga de sacristão.* >>>> >>>> >>> >> >