Tantos detalhes sobre o caso... Eis alguns deles: Dê uma lida nos dois textos, Érika. Veja que a própria menina não foi excomungada (aliás, não sei por que tanto estardalhaço da imprensa. Acaso os médicos estão minimamente chocados por terem sido excomungados?). Outro detalhe teológico: o Código de Direito Canônico é que preceitua a excomunhão automática para os casos de aborto (diz-se "excomunhão latae sententiae"), não o bispo. Este apenas lembrou que o caso prevê a excomunhão. Ademais, no momento do aborto, a criança não corria risco. O risco seria maior se se levasse a gravidez a termo, mas poderia ser tentada a cesariana no sexto mês, por exemplo. Se você ler o texto a partir do link que já enviei, verá que o primeiro hospital, inclusive, não tinha recomendado o aborto. Ocorre que transferiram a menina às pressas para outro hospital - mais tolerante à prática -, valendo-se da ignorância da mãe. Quanto aos médicos, não estavam puramente interessados na vida da criança. São abortistas militantes - dão palestras a respeito, aliás. Isso não é dito em lugar nenhum. Um aluno deles - Vitor Costa, salvo engano - do décimo período (são professores universitários) pediu que comprovassem a inviabilidade da gestação e não obteve resposta, até o momento. 2009/3/11 Érika Maia <erikamaia@xxxxxxxxx> > Sou totalmente contra o aborto. Não considero justificável ceifar a vida de > inocentes em prol da "liberdade da mulher" em relação a seu corpo, como > pregam os favoráveis ao assassinato de fetos. Se quer ter liberdade, que > tome as devidas cautelas. Até mesmo em caso de estupro, se a mãe tem > condições de ter o filho sem maiores complicações, acho que não se > justifica. > Contudo, mesmo sendo contra o aborto e mesmo sendo católica, não pude > deixar de achar um absurdo a decisão de excomungar as pessoas envolvidas > nesse caso. O autor do texto abaixo se esquece que uma CRIANÇA de 9 anos de > idade não tem estrutura física, quem dirá psicológica para ter filhos. Em > nome de preservar fetos, que muito provavelmente não chegariam nem a nascer, > que só trariam mais sofrimento à CRIANÇA-MÃE, condenam o aborto efetuado > pelos médicos. Parece que se esquecem de tudo o que a criança sofreu e de > todo o sofrimento que lhe seria imposto por uma gravidez de gêmeos no seu > frágil corpo de 9 anos de idade. Como ficaria o lado emocional dessa > menininha? Eles não se importam: só querem se apegar ao fato de que houve um > aborto. Paciência. > Penso que toda regra tem suas exceções e que os médicos e a família só > buscaram o desfecho menos traumático para esse caso. > > > 2009/3/11 Roberto Jardim Cavalcante <roberto.jardim@xxxxxxxxx> > > Para conhecer a história do ponto de vista de quem a acompanhou desde >> quando o caso se tornou público: * >> http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm >> *<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm> >> >> Segue também um comentário mostrando o outro lado da moeda, o qual >> reproduzo na íntegra, a seguir: * >> http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos >> *<http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos> >> >> [ ]s, >> >> Roberto Jardim. >> >> ===================================== >> >> Jornal Gazeta do Povo (Curitiba) >> >> Estupro, aborto e valores distorcidos >> >> Publicado em 11/03/2009 | Carlos Ramalhete >> >> Têm sido espantosas as reações à declaração de dom Cardoso, arcebispo de >> Olinda e Recife, acerca das excomunhões dos responsáveis pelo aborto das >> duas crianças geradas no estupro de uma menina de nove anos de idade. O que >> ele fez foi apenas o seu dever: comunicar ter ocorrido a excomunhão >> automática dos responsáveis pela morte de duas crianças inocentes. Quem >> lesse as reações à comunicação, contudo, teria a impressão de que havia uma >> vida apenas em risco, e esta seria a vida da mãe das crianças. Não é o caso. >> A vida dela estava, sim, em um certo grau de risco, não maior nem menor que >> o de muitas mulheres grávidas com alguma complicação. Casos muito piores já >> chegaram a um final feliz. >> >> Neste caso, contudo, aproveitando-se de uma falsa brecha legal >> – o fato de o Direito brasileiro não prever punição para o aborto de >> crianças geradas por estupro ou em caso de risco de vida para a mãe, >> exatamente como não prevê punição para o furto cometido por um filho contra >> o pai – grupos de pressão interessados na legalização do aborto >> apressaram-se, contra a vontade da mãe e de seus responsáveis legais, a >> matar o quanto antes as crianças que cometeram o crime de terem sido >> concebidas no transcurso de um repulsivo estupro. Os filhos são punidos com >> pena de morte pelo crime do pai. >> >> A violência das reações à declaração de dom Cardoso, contudo, mostra >> claramente o alcance >> – em alguns setores bastante vocais da classe média urbana – de uma >> pseudoética apavorante. As crianças mortas simplesmente não entram na >> equação, não são consideradas. O próprio estupro só é mencionado de >> passagem. O risco de vida para a mãe é transformado em uma certeza de sua >> morte. São saudados como heróis salvadores os carniceiros que arrancaram do >> ventre da mãe duas crianças perfeitamente saudáveis e atiraram os cadáveres >> em uma cesta de lixo, onde provavelmente estava uma cópia mofada do >> juramento de Hipócrates que fizeram quando se formaram médicos. >> >> Isto ocorre por ter sido perdida a noção do valor da vida. A vida, em si, >> para os defensores do aborto, não vale nada. Ao invés dela, o que teria >> valor seria o resultado final de uma equação que tem como componentes o >> bem-estar da pessoa e sua utilidade para a sociedade. As crianças abortadas >> não têm valor para a sociedade, logo podem ser mortas. Mais ainda, não >> merecem menção. A única criança digna de menção é a mãe, e olhe lá. >> >> Ela mesma, a mãe das crianças abortadas, tem seu sofrimento deixado de >> lado. Uma menina de nove anos de idade que sofreu a violência de um estupro, >> provavelmente reiteradas vezes; uma criança ela mesma, vivendo mais que >> provavelmente em condições miseráveis (sabe-se que sua mãe não sabe ler e >> escrever, o que serviu bem aos que simplesmente mandaram que apusesse a >> impressão do polegar aos papéis que, como depois ela veio a saber, eram a >> sentença de morte de seus netos), foi levada de um lugar para o outro, teve >> os filhos que ela desejava manter arrancados de seu ventre e mortos, sendo >> tratada apenas como excelente exemplo de portadora biológica de material a >> abortar. >> >> É de crer que provavelmente os defensores do aborto teriam de bom grado >> preferido que ela também tivesse sido abortada: o resultado da equação de >> utilidade social e bem-estar que usam para valorizar uma vida dificilmente >> seria alto o suficiente no caso dela para garantir-lhe a sobrevivência. >> >> O estupro, mais ainda, o estupro reiterado e contumaz de uma criança >> indefesa é um crime asqueroso, que poderia em justiça merecer a pena de >> morte (não percebi, aliás, em nenhuma das numerosas e estridentes reações >> pró-aborto à declaração de dom Cardoso, alguém pedindo que fosse estendida >> ao estuprador a pena de morte que sofreram seus filhos). Quem o comete vê em >> sua vítima apenas um orifício cercado por forma humana, um receptáculo fraco >> e indefeso, logo acessível a suas taras. É já uma negação da humanidade da >> vítima: ela não merece, crê o estuprador, ter direito de opinião sobre o que >> é feito com seu corpo. >> >> A mesma negação feita pelo estuprador contra sua vítima foi reiterada >> sobre seus filhos: ela foi estuprada; eles foram mortos. Desumanizada pela >> primeira vez pelo estuprador, ela o foi novamente, juntamente com seus >> próprios filhos >> – a flor de esperança e de vida que poderia ter saído do lodo da >> violência – pelos que não consideram que a vida tenha, por ser vida >> humana, algum valor. Agora, esperam eles, esgotado seu valor de propaganda, >> ela pode rastejar de volta à miséria de seu barraco e deixá-los tocar em paz >> a campanha pró-aborto. >> >> Carlos Ramalhete é professor e filósofo. >> >> >> >> 2009/3/11 Raimundo Alves <rjalves07@xxxxxxxxx> >> >>> It's not mole, não... >>> >>> >>> ------------------------------ >>> *Enviada em:* terça-feira, 10 de março de 2009 19:15 >>> *Assunto:* ENC: Torquemada pernambucano >>> >>> Quem diria, o espírito do maior inquisidor da Igreja, Tomás de >>> Torquemada que no século XV purificou pelo menos 30.000 almas arrancando >>> a ferro e fogo o Demonio que as dominava, baixou no minusculo corpo do >>> arcebispo de Olinda-Recife. O liliputiano clérigo ao excomungar os médicos >>> e parentes da garota que aos NOVE anos foi estuprada e engravidada de >>> gêmeos, teve por recomendação MÉDICA e LEGAL que interromper a gravidez pois >>> seu pequeno corpo ainda incompleto, corria risco de morrer se a gestação >>> fosse levada adiante. Curiosamente, o estuprador não incorreu na excomunhão, >>> sendo poupado pelo nano-arcebispo... Teria sido um caso de >>> corporativismo??? Seja como for, o poeta popular Miguezim de Princesa não >>> poupou a ação tinhosa do pequeno-polegar da igreja pernambucana... >>> >>> >>> *A EXCOMUNHÃO DA >>> VÍTIMA<http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php#this%23this> >>> * >>> *Miguezim de Princesa* >>> >>> >>> I* >>> **Peço à musa do improviso >>> Que me dê inspiração, >>> Ciência e sabedoria, >>> Inteligência e razão, >>> Peço que Deus que me proteja >>> Para falar de uma igreja >>> Que comete aberração. >>> >>> II >>> Pelas fogueiras que arderam >>> No tempo da Inquisição, >>> Pelas mulheres queimadas >>> Sem apelo ou compaixão, >>> Pensava que o Vaticano >>> Tinha mudado de plano, >>> Abolido a excomunhão. >>> >>> III >>> Mas o bispo Dom José, >>> Um homem conservador, >>> Tratou com impiedade >>> A vítima de um estuprador, >>> Massacrada e abusada, >>> Sofrida e violentada, >>> Sem futuro e sem amor. >>> >>> IV >>> Depois que houve o estupro, >>> A menina engravidou. >>> Ela só tem nove anos, >>> A Justiça autorizou >>> Que a criança abortasse >>> Antes que a vida brotasse >>> Um fruto do desamor. >>> >>> V >>> O aborto, já previsto >>> Na nossa legislação, >>> Teve o apoio declarado >>> Do ministro Temporão, >>> Que é médico bom e zeloso, >>> E mostrou ser corajoso >>> Ao enfrentar a questão. >>> >>> VI >>> Além de excomungar >>> O ministro Temporão, >>> Dom José excomungou >>> Da menina, sem razão, >>> A mãe, a vó e a tia >>> E se brincar puniria >>> Até a quarta geração. >>> >>> VII >>> É esquisito que a igreja, >>> Que tanto prega o perdão, >>> Resolva excomungar médicos >>> Que cumpriram sua missão >>> E num beco sem saída >>> Livraram uma pobre vida >>> Do fel da desilusão. >>> >>> VIII >>> Mas o mundo está virado >>> E cheio de desatinos: >>> Missa virou presepada, >>> Tem dança até do pepino, >>> Padre que usa bermuda, >>> Deixando mulher buchuda >>> E bolindo com os meninos. >>> >>> IX >>> Milhões morrendo de Aids: >>> É grande a devastação, >>> Mas a igreja acha bom >>> Furunfar sem proteção >>> E o padre prega na missa >>> Que camisinha na lingüiça >>> É uma coisa do Cão. >>> >>> X >>> E esta quem me contou >>> Foi Lima do Camarão: >>> Dom José excomungou >>> A equipe de plantão, >>> A família da menina >>> E o ministro Temporão, >>> Mas para o estuprador, >>> Que por certo perdoou, >>> O arcebispo reservou >>> A vaga de sacristão.* >>> >>> >> >