[CamaraDas] Re: Estupro, aborto e valores distorcidos (era: Fwd: Torquemada pernambucano)

  • From: jair francelino ferreira <jairfrancelino@xxxxxxxxxxx>
  • To: analistas câmara <analistas2002@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Wed, 11 Mar 2009 20:07:25 -0300

Eu tenho opinião idêntica à da Érica sobre aborto, inclusive em casos de 
estupro.  E, da mesma forma, nesse caso acho que os fatos expostos nos textos 
linkados (os fatos, não as crenças) a meu ver  apenas evidenciam a crueldade do 
bispo ao citar publicamente a mãe da menina como uma excomungada. É bem verdade 
que essa é a doutrina da Igreja e que os médicos estão se lixando pra isso - 
embora me pareça pouco provável que todos os envolvidos no episódio estivessem 
simplesmente querendo defender a causa abortista -, mas os bispos e padres não 
saem por aí o tempo todo listando todos os que a Igreja considera excomungada, 
e esse bispo  deve saber o peso que uma "sentença " dessas tem numa comunidade 
do interior do Nordeste. Além disso, se a mãe foi enganada pelos "abortistas 
militantes", não seria mais uma razão pra ser tolerante com ela? Na minha 
opinião, o bispo fez política com o caso, com a tragédia alheia, justamente o 
que os textos citados acusam os "abortistas" de terem feito. 

 

Jair 
 


Date: Wed, 11 Mar 2009 19:46:05 -0300
Subject: [CamaraDas] Re: Estupro, aborto e valores distorcidos (era: Fwd: 
Torquemada pernambucano)
From: erikamaia@xxxxxxxxx
To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx

Eu li os dois textos.
Mas a minha opinião não muda. Uma criança de nove anos não tem estrutura para 
ser mãe. Esse é o ponto principal.


2009/3/11 Roberto Jardim Cavalcante <roberto.jardim@xxxxxxxxx>


Tantos detalhes sobre o caso... Eis alguns deles:
 
Dê uma lida nos dois textos, Érika. Veja que a própria menina não foi 
excomungada (aliás, não sei por que tanto estardalhaço da imprensa. Acaso os 
médicos estão minimamente chocados por terem sido excomungados?). Outro detalhe 
teológico: o Código de Direito Canônico é que preceitua a excomunhão automática 
para os casos de aborto (diz-se "excomunhão latae sententiae"), não o bispo. 
Este apenas lembrou que o caso prevê a excomunhão.
 
Ademais, no momento do aborto, a criança não corria risco. O risco seria maior 
se se levasse a gravidez a termo, mas poderia ser tentada a cesariana no sexto 
mês, por exemplo. Se você ler o texto a partir do link que já enviei, verá que 
o primeiro hospital, inclusive, não tinha recomendado o aborto. Ocorre que 
transferiram a menina às pressas para outro hospital - mais tolerante à prática 
-, valendo-se da ignorância da mãe.
 
Quanto aos médicos, não estavam puramente interessados na vida da criança. São 
abortistas militantes - dão palestras a respeito, aliás. Isso não é dito em 
lugar nenhum. Um aluno deles - Vitor Costa, salvo engano - do décimo período 
(são professores universitários) pediu que comprovassem a inviabilidade da 
gestação e não obteve resposta, até o momento.
 


 
2009/3/11 Érika Maia <erikamaia@xxxxxxxxx>




Sou totalmente contra o aborto. Não considero justificável ceifar a vida de 
inocentes em prol da "liberdade da mulher" em relação a seu corpo, como pregam 
os favoráveis ao assassinato de fetos. Se quer ter liberdade, que tome as 
devidas cautelas. Até mesmo em caso de estupro, se a mãe tem condições de ter o 
filho sem maiores complicações, acho que não se justifica.
Contudo, mesmo sendo contra o aborto e mesmo sendo católica, não pude deixar de 
achar um absurdo a decisão de excomungar as pessoas envolvidas nesse caso. O 
autor do texto abaixo se esquece que uma CRIANÇA de 9 anos de idade não tem 
estrutura física, quem dirá psicológica para ter filhos. Em nome de preservar 
fetos, que muito provavelmente não chegariam nem a nascer, que só trariam mais 
sofrimento à CRIANÇA-MÃE, condenam o aborto efetuado pelos médicos. Parece que 
se esquecem de tudo o que a criança sofreu e de todo o sofrimento que lhe seria 
imposto por uma gravidez de gêmeos no seu frágil corpo de 9 anos de idade. Como 
ficaria o lado emocional dessa menininha? Eles não se importam: só querem se 
apegar ao fato de que houve um aborto. Paciência.
Penso que toda regra tem suas exceções e que os médicos e a família só buscaram 
o desfecho menos traumático para esse caso. 
 


2009/3/11 Roberto Jardim Cavalcante <roberto.jardim@xxxxxxxxx> 





Para conhecer a história do ponto de vista de quem a acompanhou desde quando o 
caso se tornou público: 
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm
 
Segue também um comentário mostrando o outro lado da moeda, o qual reproduzo na 
íntegra, a seguir: 
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=865795&tit=Estupro-aborto-e-valores-distorcidos

[ ]s,

Roberto Jardim.

=====================================

Jornal Gazeta do Povo (Curitiba)

Estupro, aborto e valores distorcidos

Publicado em 11/03/2009 | Carlos Ramalhete 

Têm sido espantosas as reações à declaração de dom Cardoso, arcebispo de Olinda 
e Recife, acerca das excomunhões dos responsáveis pelo aborto das duas crianças 
geradas no estupro de uma menina de nove anos de idade. O que ele fez foi 
apenas o seu dever: comunicar ter ocorrido a excomunhão automática dos 
responsáveis pela morte de duas crianças inocentes. Quem lesse as reações à 
comunicação, contudo, teria a impressão de que havia uma vida apenas em risco, 
e esta seria a vida da mãe das crianças. Não é o caso. A vida dela estava, sim, 
em um certo grau de risco, não maior nem menor que o de muitas mulheres 
grávidas com alguma complicação. Casos muito piores já chegaram a um final 
feliz.

Neste caso, contudo, aproveitando-se de uma falsa brecha legal 
– o fato de o Direito brasileiro não prever punição para o aborto de crianças 
geradas por estupro ou em caso de risco de vida para a mãe, exatamente como não 
prevê punição para o furto cometido por um filho contra o pai – grupos de 
pressão interessados na legalização do aborto apressaram-se, contra a vontade 
da mãe e de seus responsáveis legais, a matar o quanto antes as crianças que 
cometeram o crime de terem sido concebidas no transcurso de um repulsivo 
estupro. Os filhos são punidos com pena de morte pelo crime do pai. 
A violência das reações à declaração de dom Cardoso, contudo, mostra claramente 
o alcance 
– em alguns setores bastante vocais da classe média urbana – de uma pseudoética 
apavorante. As crianças mortas simplesmente não entram na equação, não são 
consideradas. O próprio estupro só é mencionado de passagem. O risco de vida 
para a mãe é transformado em uma certeza de sua morte. São saudados como heróis 
salvadores os carniceiros que arrancaram do ventre da mãe duas crianças 
perfeitamente saudáveis e atiraram os cadáveres em uma cesta de lixo, onde 
provavelmente estava uma cópia mofada do juramento de Hipócrates que fizeram 
quando se formaram médicos. 
Isto ocorre por ter sido perdida a noção do valor da vida. A vida, em si, para 
os defensores do aborto, não vale nada. Ao invés dela, o que teria valor seria 
o resultado final de uma equação que tem como componentes o bem-estar da pessoa 
e sua utilidade para a sociedade. As crianças abortadas não têm valor para a 
sociedade, logo podem ser mortas. Mais ainda, não merecem menção. A única 
criança digna de menção é a mãe, e olhe lá.

Ela mesma, a mãe das crianças abortadas, tem seu sofrimento deixado de lado. 
Uma menina de nove anos de idade que sofreu a violência de um estupro, 
provavelmente reiteradas vezes; uma criança ela mesma, vivendo mais que 
provavelmente em condições miseráveis (sabe-se que sua mãe não sabe ler e 
escrever, o que serviu bem aos que simplesmente mandaram que apusesse a 
impressão do polegar aos papéis que, como depois ela veio a saber, eram a 
sentença de morte de seus netos), foi levada de um lugar para o outro, teve os 
filhos que ela desejava manter arrancados de seu ventre e mortos, sendo tratada 
apenas como excelente exemplo de portadora biológica de material a abortar.

É de crer que provavelmente os defensores do aborto teriam de bom grado 
preferido que ela também tivesse sido abortada: o resultado da equação de 
utilidade social e bem-estar que usam para valorizar uma vida dificilmente 
seria alto o suficiente no caso dela para garantir-lhe a sobrevivência.

O estupro, mais ainda, o estupro reiterado e contumaz de uma criança indefesa é 
um crime asqueroso, que poderia em justiça merecer a pena de morte (não 
percebi, aliás, em nenhuma das numerosas e estridentes reações pró-aborto à 
declaração de dom Cardoso, alguém pedindo que fosse estendida ao estuprador a 
pena de morte que sofreram seus filhos). Quem o comete vê em sua vítima apenas 
um orifício cercado por forma humana, um receptáculo fraco e indefeso, logo 
acessível a suas taras. É já uma negação da humanidade da vítima: ela não 
merece, crê o estuprador, ter direito de opinião sobre o que é feito com seu 
corpo. 

A mesma negação feita pelo estuprador contra sua vítima foi reiterada sobre 
seus filhos: ela foi estuprada; eles foram mortos. Desumanizada pela primeira 
vez pelo estuprador, ela o foi novamente, juntamente com seus próprios filhos 
– a flor de esperança e de vida que poderia ter saído do lodo da violência – 
pelos que não consideram que a vida tenha, por ser vida humana, algum valor. 
Agora, esperam eles, esgotado seu valor de propaganda, ela pode rastejar de 
volta à miséria de seu barraco e deixá-los tocar em paz a campanha pró-aborto. 
Carlos Ramalhete é professor e filósofo.



 
2009/3/11 Raimundo Alves <rjalves07@xxxxxxxxx>

It's not mole, não... 







Enviada em: terça-feira, 10 de março de 2009 19:15
Assunto: ENC: Torquemada pernambucano




Quem diria, o espírito do maior inquisidor da Igreja, Tomás de Torquemada que 
no século XV purificou pelo menos 30.000 almas arrancando a ferro e fogo o 
Demonio que as dominava, baixou no minusculo corpo do arcebispo de 
Olinda-Recife. O liliputiano clérigo ao excomungar os médicos e parentes da 
garota que aos NOVE anos foi estuprada e engravidada de gêmeos, teve por 
recomendação MÉDICA e LEGAL que interromper a gravidez pois seu pequeno corpo 
ainda incompleto, corria risco de morrer se a gestação fosse levada adiante. 
Curiosamente, o estuprador não incorreu na excomunhão, sendo poupado pelo 
nano-arcebispo...  Teria sido um caso de corporativismo???   Seja como for, o 
poeta popular Miguezim de Princesa não poupou a ação tinhosa do pequeno-polegar 
da igreja pernambucana... 


A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA 
Miguezim de Princesa 


I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
 A vaga de sacristão.
 



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