[Camaradas/Unalegis] Re: Meu assunto predileto....

  • From: Luís Nobre <luis.cnobre@xxxxxxxxx>
  • To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
  • Date: Fri, 11 Sep 2009 22:47:01 -0300

Ah, agora sim minha inteligência não está sendo agredida. As respostas das
Patrícias, do Norman e da Elaine são muito melhores em conteúdo do que o
texto do Sr. Contardo. Eu acredito que somos programados é para ser felizes.
Se o casamento acaba ou não, o resultado, no final, tem que ser um só: a
felicidade, tanto de um quanto do outro.

Grande abraço a todos.
Luís


2009/9/11 patricia kelly batista de andrade <patriciakellyb@xxxxxxxxx>

> Concordando com a Elaine, e não tão paradoxalmente, com a Patricia Borges.
> Quando falamos em casamento, há uma tremenda confusão com o que atualmente
> buscamos e o que tal convenção significou até muito pouco tempo atrás (na
> época de nossos pais ou avós).
> Entendo este conceito mais atual como uma união voluntária de duas pessoas,
> lealdade, cumplicidade, companheirismo, prazer e vontade de permanecer
> juntos POR OPÇÃO, ou seja, por julgar que assim é melhor para prosseguir
> vivenciando tanto as dores quanto as alegrias inerentes à vida, sejam elas
> racionalizadas, entendidas ou não, caro Luís.
> Nesse conceito atual, com as mudanças individuais de objetivos frente às
> novas situações vivenciadas pode se chegar à conclusão de que não se quer
> mais permanecer juntos. Conversar, acertar, ajustar ou, se não mais for a
> melhor opção, separar, ora.
> Se tivermos a coragem de sermos sinceros conosco mesmos e com o outro,
> acredito que isso seja possível sem maiores atritos e mantendo-se uma boa
> amizade até. Bom, é apenas uma opinião. Ainda não passei pela experiência de
> separação, estou casada há 15 anos e, há uns 7 anos, me vi na contingência
> de ter que "ajudar" meus pais a terminarem um casamento de mais de 30 anos.
> Creio que este conceito entra em total conflito com o que casamento
> significava até muito pouco tempo, na época em que permanecer juntos para
> manter o patrimônio e dividir as tarefas mais nitidamente femininas e
> masculinas numa família era o mais conveniente. Prosperidade material e
> longa duração eram sinônimos de bom casamento, e as pessoas sentiam-se
> felizes com isso.
> Hoje, queremos muito mais para sermos felizes, prosperidade material não
> basta, e aí a coisa fica ligeiramente
> mais complicada, porque o que buscamos individualmente varia muitíssimo de
> pessoa para pessoa, de momento para momento, enfim, é supercomplexo e
> dificílimo de ser enquadrado em receitas ou teorias prontas.
> O ser humano é um bichinho extremamente complexo, seja homem ou mulher,
> capaz de reinventar-se a cada momento e modificar o meio não só ambiental,
> mas social, em que vive.
> Não gosto de excessos de classificações e enquadramentos científicos,
> embora concorde que ajudam a entender um pouco de nós mesmos e nossas dores,
> mas como tão bem repete o Luís, ajuda a racionalizar e entender as dores,
> mas não as erradica.
> Contudo, cada um encontrar o seu caminho, livres de convenções sociais, não
> é apenas utopia, mas muitíssimo mais complexo do que seguir receitas
> prontas. Então, até certo ponto, ceder conscientemente a convenções sociais
> pode sim ser uma experiência interessante, desde que não seja
> escravizando-se por elas.
> Um relacionamento não é algo pronto e estável para vida toda, mas é
> construído a aperfeiçoado a cada momento conforme as circunstâncias e as
> compatibilizações das mudanças individuais, quando ainda é possível
> compatibilizá-las, claro.
> Bom, espero ter contribuído de alguma forma para o debate...
> E, claro, vou mandar cópias deste para compartilhar a reflexão com o
> digníssimo...
>
>
>
> 2009/9/11 Elaine Oliveira <elainerodriguesdeoliveira@xxxxxxxxx>
>
>  Entendo que quando estamos falando de casamento estamos nos referindo à
>> união de duas pessoas, e não do contrato social.
>> Aceito a teoria de que o casamento formal foi criado após a descoberta do
>> papel do homem na fecundidade, mas a união dos casais já existia muito antes
>> do exercício do patrimonialismo e das religiões castradoras. E existe ainda
>> hoje, nas culturas que não praticam as mesmas regras morais e/ou econômicas
>> nossas. Mesmo na pré-história, há registros de "casamentos", não formais,
>> claro.
>> Quanto à felicidade, excetuando causas extremas, acredito que seja
>> realmente uma opção pessoal.
>>
>> 2009/9/11 Patricia Borges de Carvalho <pcborges@xxxxxxxxxxxx>
>>
>>  O casamento, infelizmente ou não, não é intrínseco à natureza humana.
>>> Foi criado por conveniências econômicas, depois que o homem descobriu que
>>> participava da fecundação. Qdo ele não sabia disso, a vida de todos era bem
>>> melhor rsrs. A finalidade foi a de "cercar" a mulher para garantir que os
>>> bens não parassem nas mãos de filhos não legítimos. A idéia de que o prazer
>>> sexual é pecado tb teve conveniências econômicas. Então estabeleceram que
>>> tal prazer só poderia existir dentro do casamento e inventaram a fidelidade.
>>> A natureza do ser humano contraria as convenções sociais, nos conformemos ou
>>> não com isso. E a maioria de tais convenções tiveram objetivos
>>> econômicos/religiosos.
>>> Não acho q seja melhor ser solteiro do que casado, ou vice-versa. Tem
>>> gente pra tudo.... rsrs Temporariamente, tudo é bom e tb ruim. Pena que a
>>> satisfação das duas situações não é eterna. Se assim fosse, as pessoas
>>> seriam muito mais felizes.
>>>
>>>  ----- Original Message -----
>>> *From:* Elaine Oliveira <elainerodriguesdeoliveira@xxxxxxxxx>
>>> *To:* analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
>>>   *Sent:* Friday, September 11, 2009 11:06 AM
>>> *Subject:* [Camaradas/Unalegis] Re: Meu assunto predileto....
>>>
>>> O que mais me deixa intrigada nessas discussões sobre casamento é o fato
>>> das pessoas não analisarem a outra opção. Sim, porque casamento tem um monte
>>> de defeito, mas ser solteiro tem tantos outros e até mais. Ou seja, os
>>> probleas não estão ligados à nossa situação conjugal, mas sim ao fato de
>>> sermos adultos e temos todas as questões não resolvidas para enfrentar. E
>>> isso às vêzes é muito pesado, então o casamento leva a vantagem de nos
>>> permitir dividir o peso com outra pessoa: cúmplice, companheiro, culpado, a
>>> escolha é sua!
>>> Outro ponto importante: o casamento é uma das três datas que
>>> são celebradas em TODAS as culturas, de qualquer época - nascimento,
>>> casamento e morte. Então deve ser intrínseco à natureza humana.
>>> Eu mesma sou uma "convertida", sempre pensei em nunca me casar, pois
>>> via os exemplos dos mais velhos. E nem sei bem em qual desvio do caminho me
>>> vi casada, e lá se vão 26 anos. E pensando bem, acho que saí lucrando. Mas
>>> não foi fácil, muitos acertos tiveram que ser feitos, muita "reprogramação",
>>> mas sempre achei que se a pessoa valia a pena, as tentativas também deveriam
>>> valer. E para os iniciantes, uma boa notícia: vai  ficando mais fácil e
>>> melhor, com o passar do tempo (se vocês tiverem o propósito de continuarem
>>> e serem felizas - veja bem, isso É UMA OPÇÂO!).
>>> Boa sorte para os que vão continuar a viagem,
>>> Elaine
>>>
>>>
>>>
>>> 2009/9/11 Paula Santos <paulabozzer@xxxxxxxxx>
>>>
>>>> Luís,
>>>> Acho que se só parássemos de preparar as crianças para serem
>>>> completamente opostos já seria o suficiente. Não é uma contradição
>>>> treinarmos a infância inteira para agirmos de formas tão diferentes e
>>>> depois sermos "obrigados" a conviver com isso? É claro que as mulheres vão
>>>> reclamar do futebol, assim como os homens vão reclamar das compras.
>>>> Infelizmente somos criados para sermos opostos, mas não complementares.
>>>> []s,
>>>> Paula
>>>>
>>>>  2009/9/10 Luís Nobre <luis.cnobre@xxxxxxxxx>
>>>>
>>>>> Concordo parcialmente. Tudo muda, as pessoas mudam. O homem muda, a
>>>>> mulher muda, o meio que os cerca muda, para um ou outro ou para ambos.
>>>>> Ganha-se experiência, você adquire outros prismas, joga outros fora. Prá 
>>>>> mim
>>>>> esse texto me lembrou aquela piada que diz que casamento é como o 
>>>>> submarino:
>>>>> pode até flutuar, mas foi feito mesmo para afundar. Uma pergunta: supondo
>>>>> que homens e mulheres fossem melhor instruídos/preparados para uma vida a
>>>>> dois (isso incluiria terapia já na adolescência, leitura de livros e 
>>>>> artigos
>>>>> tratando do assunto, aprender com os erros dos já casados, etc), o número 
>>>>> de
>>>>> laços matrimoniais aumentaria ou diminuiria? E o número de divórcios
>>>>> daqueles que mesmo sabendo dessa programação (porque é isso que o artigo
>>>>> abaixo nos diz, ou seja, somos programados a procurar alguém para nos
>>>>> livrarmos da culpa do fracasso) resolveram contrair (isso é uma doença?)
>>>>> matrimônio?
>>>>>
>>>>> abç
>>>>> Luís
>>>>>
>>>>>
>>>>>
>>>>> 2009/9/10 Patrícia Borges de Carvalho <pcborges@xxxxxxxxxxxx>
>>>>>
>>>>>> Casamentos possíveis
>>>>>>
>>>>>>
>>>>>> Contardo Calligaris
>>>>>>
>>>>>> Em geral, a gente casa com a pessoa certa: com quem podemos culpar por
>>>>>> nossos fracassos
>>>>>>
>>>>>>
>>>>>> UMA DAS boas razões para se casar é a seguinte: uma vez casados,
>>>>>> podemos culpar o casal por boa parte de nossas covardias e impotências.
>>>>>> O marido, por exemplo, pode responsabilizar mulher, filhos e casamento
>>>>>> por ele ter desistido de ser o aventureiro que ainda dorme, inquieto, em 
>>>>>> seu
>>>>>> peito. A decepção consigo mesmo é menos amarga quando é transformada em
>>>>>> acusação: "Você está me impedindo de alcançar o que eu não tenho a 
>>>>>> coragem
>>>>>> de querer".
>>>>>> Essas recriminações, que disfarçam nossos fracassos, não são
>>>>>> unicamente masculinas.
>>>>>> Certo, os homens são quase sempre assombrados por impossíveis
>>>>>> devaneios de grandeza -como se algum destino extraordinário e 
>>>>>> inalcançável
>>>>>> já tivesse sido sonhado para eles (e foi mesmo, geralmente pelas suas 
>>>>>> mães).
>>>>>> Diante de tamanha expectativa, é cômodo alegar que o casal foi o
>>>>>> impedimento.
>>>>>> As mulheres, inversamente, seriam mais pé-no-chão, capazes de achar
>>>>>> graça nas serventias do cotidiano. Por isso mesmo, aliás, elas 
>>>>>> encarnariam
>>>>>> facilmente, para os homens, os limites que a realidade impõe aos sonhos 
>>>>>> que
>>>>>> eles não têm a ousadia de realizar.
>>>>>> Agora, as mulheres também sonham. Há a dona de casa que acusa o
>>>>>> marido, os filhos e o casamento por ela ter desistido de outra vida
>>>>>> (eventualmente, profissional), que teria sido fonte de maiores alegrias. 
>>>>>> E
>>>>>> há, sobre tudo, para muitas mulheres, um sonho romântico de amor 
>>>>>> avassalador
>>>>>> e irresistível, do qual, justamente, elas desistem por causa de marido,
>>>>>> filhos e casamento.
>>>>>> Com isso, d. Quixote se queixa de que sua mulher esconde seus livros
>>>>>> de cavalaria e o impede de sair à cata de moinhos de vento. E Madame 
>>>>>> Bovary
>>>>>> se queixa de que seu marido esconde seus livros de amor e a impede de 
>>>>>> sair
>>>>>> pelos bailes, à cata de paixões sublimes e elegantes.
>>>>>> Pena que raramente eles consigam ter os mesmos sonhos. Um problema é
>>>>>> que os sonhos dos homens podem ser de conquista, mas dificilmente de 
>>>>>> amor,
>>>>>> pois eles derivam diretamente das esperanças que as mães depositam em 
>>>>>> seus
>>>>>> filhos, e, claro, uma mãe pode esperar que seu rebento varão seja um
>>>>>> dom-juan, mas raramente esperará ser substituída por outra mulher no 
>>>>>> coração
>>>>>> do filho.
>>>>>> Não pense que esse fogo cruzado de acusações seja causa recorrente de
>>>>>> divórcio. Ao contrário, ele faz a força do casamento, pois, atrás da
>>>>>> acusação ("É por sua causa que deixei de realizar meus sonhos"), ouve-se:
>>>>>> "Ainda bem que você está aqui, do meu lado, fornecendo-me assim uma 
>>>>>> desculpa
>>>>>> -sem você, eu teria de encarar a verdade, e a verdade é que eu mesmo não
>>>>>> paro de trair meus próprios sonhos".
>>>>>> Ou seja, em geral, a gente casa com a pessoa "certa": a que podemos
>>>>>> culpar por nossos fracassos. E essa, repito, não é uma razão para
>>>>>> separar-se. Ao contrário, seria uma boa razão para ficar juntos.
>>>>>> Quando a coisa aperta, não é porque sonhos e devaneios teriam sido
>>>>>> frustrados "por causa do outro", mas pelas "cobranças", que, elas sim, 
>>>>>> podem
>>>>>> se revelar insuportáveis.
>>>>>> Um exemplo masculino. Uma mulher me permite acreditar que é por causa
>>>>>> dela que eu não consigo ser o que quero: graças a Deus, não posso mais
>>>>>> tentar minha sorte no garimpo agora que tenho esposa, filhos e tal. Até
>>>>>> aqui, tudo bem. Como compensação pelos sonhos dos quais eu desisti, 
>>>>>> passo as
>>>>>> tardes de domingo afogando num sofá e soltando foguetes quando meu time
>>>>>> marca um gol, mas eis que, no meio do jogo, minha mulher me pede para
>>>>>> brincar com as crianças ou para ir até à padaria e comprar o necessário 
>>>>>> para
>>>>>> o café - logo a mim, que deveria estar explorando as fontes do Nilo ou
>>>>>> negociando a paz entre os senhores da guerra da Somália.
>>>>>> Essa cobrança, aparentemente chata, poderia salvar-me da morosa
>>>>>> constatação do fracasso de meus sonhos e das ninharias com as quais me
>>>>>> consolo. Talvez, aliás, ela me ajudasse a encontrar prazer e satisfação 
>>>>>> na
>>>>>> vida concreta, nos afetos cotidianos. Mas não é o que acontece: o que 
>>>>>> ouço é
>>>>>> mais uma voz que confirma minha insuficiência.
>>>>>> À cobrança dos sonhos dos quais desisti acrescenta-se a cobrança de
>>>>>> quem foi (ou é) "causa" de minha desistência e razão de meu "sacrifício":
>>>>>> "Olhe só, mesmo assim, ela não está satisfeita comigo." Em suma, não 
>>>>>> presto,
>>>>>> nunca, para mulher alguma -nem para a mãe que queria que eu fosse herói 
>>>>>> nem
>>>>>> para a esposa para quem renunciei a ser herói. E a corda arrebenta.
>>>>>> O ideal seria aceitar que nosso par nos acuse de seus fracassos e,
>>>>>> além disso, não lhe pedir nada. Difícil.
>>>>>>
>>>>>>
>>>>>
>>>>
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