Se a natureza do ser humano não contrariasse as convenções sociais, elas não seriam necessárias... 2009/9/11 Luís Nobre <luis.cnobre@xxxxxxxxx> > Ah, agora sim minha inteligência não está sendo agredida. As respostas das > Patrícias, do Norman e da Elaine são muito melhores em conteúdo do que o > texto do Sr. Contardo. Eu acredito que somos programados é para ser felizes. > Se o casamento acaba ou não, o resultado, no final, tem que ser um só: a > felicidade, tanto de um quanto do outro. > > Grande abraço a todos. > Luís > > > 2009/9/11 patricia kelly batista de andrade <patriciakellyb@xxxxxxxxx> > > Concordando com a Elaine, e não tão paradoxalmente, com a Patricia >> Borges. >> Quando falamos em casamento, há uma tremenda confusão com o que atualmente >> buscamos e o que tal convenção significou até muito pouco tempo atrás (na >> época de nossos pais ou avós). >> Entendo este conceito mais atual como uma união voluntária de duas >> pessoas, lealdade, cumplicidade, companheirismo, prazer e vontade de >> permanecer juntos POR OPÇÃO, ou seja, por julgar que assim é melhor para >> prosseguir vivenciando tanto as dores quanto as alegrias inerentes à vida, >> sejam elas racionalizadas, entendidas ou não, caro Luís. >> Nesse conceito atual, com as mudanças individuais de objetivos frente às >> novas situações vivenciadas pode se chegar à conclusão de que não se quer >> mais permanecer juntos. Conversar, acertar, ajustar ou, se não mais for a >> melhor opção, separar, ora. >> Se tivermos a coragem de sermos sinceros conosco mesmos e com o outro, >> acredito que isso seja possível sem maiores atritos e mantendo-se uma boa >> amizade até. Bom, é apenas uma opinião. Ainda não passei pela experiência de >> separação, estou casada há 15 anos e, há uns 7 anos, me vi na contingência >> de ter que "ajudar" meus pais a terminarem um casamento de mais de 30 anos. >> Creio que este conceito entra em total conflito com o que casamento >> significava até muito pouco tempo, na época em que permanecer juntos para >> manter o patrimônio e dividir as tarefas mais nitidamente femininas e >> masculinas numa família era o mais conveniente. Prosperidade material e >> longa duração eram sinônimos de bom casamento, e as pessoas sentiam-se >> felizes com isso. >> Hoje, queremos muito mais para sermos felizes, prosperidade material não >> basta, e aí a coisa fica ligeiramente >> mais complicada, porque o que buscamos individualmente varia muitíssimo de >> pessoa para pessoa, de momento para momento, enfim, é supercomplexo e >> dificílimo de ser enquadrado em receitas ou teorias prontas. >> O ser humano é um bichinho extremamente complexo, seja homem ou mulher, >> capaz de reinventar-se a cada momento e modificar o meio não só ambiental, >> mas social, em que vive. >> Não gosto de excessos de classificações e enquadramentos científicos, >> embora concorde que ajudam a entender um pouco de nós mesmos e nossas dores, >> mas como tão bem repete o Luís, ajuda a racionalizar e entender as dores, >> mas não as erradica. >> Contudo, cada um encontrar o seu caminho, livres de convenções sociais, >> não é apenas utopia, mas muitíssimo mais complexo do que seguir receitas >> prontas. Então, até certo ponto, ceder conscientemente a convenções sociais >> pode sim ser uma experiência interessante, desde que não seja >> escravizando-se por elas. >> Um relacionamento não é algo pronto e estável para vida toda, mas é >> construído a aperfeiçoado a cada momento conforme as circunstâncias e as >> compatibilizações das mudanças individuais, quando ainda é possível >> compatibilizá-las, claro. >> Bom, espero ter contribuído de alguma forma para o debate... >> E, claro, vou mandar cópias deste para compartilhar a reflexão com o >> digníssimo... >> >> >> >> 2009/9/11 Elaine Oliveira <elainerodriguesdeoliveira@xxxxxxxxx> >> >> Entendo que quando estamos falando de casamento estamos nos referindo à >>> união de duas pessoas, e não do contrato social. >>> Aceito a teoria de que o casamento formal foi criado após a descoberta do >>> papel do homem na fecundidade, mas a união dos casais já existia muito antes >>> do exercício do patrimonialismo e das religiões castradoras. E existe ainda >>> hoje, nas culturas que não praticam as mesmas regras morais e/ou econômicas >>> nossas. Mesmo na pré-história, há registros de "casamentos", não formais, >>> claro. >>> Quanto à felicidade, excetuando causas extremas, acredito que seja >>> realmente uma opção pessoal. >>> >>> 2009/9/11 Patricia Borges de Carvalho <pcborges@xxxxxxxxxxxx> >>> >>> O casamento, infelizmente ou não, não é intrínseco à natureza humana. >>>> Foi criado por conveniências econômicas, depois que o homem descobriu que >>>> participava da fecundação. Qdo ele não sabia disso, a vida de todos era bem >>>> melhor rsrs. A finalidade foi a de "cercar" a mulher para garantir que os >>>> bens não parassem nas mãos de filhos não legítimos. A idéia de que o prazer >>>> sexual é pecado tb teve conveniências econômicas. Então estabeleceram que >>>> tal prazer só poderia existir dentro do casamento e inventaram a >>>> fidelidade. >>>> A natureza do ser humano contraria as convenções sociais, nos conformemos >>>> ou >>>> não com isso. E a maioria de tais convenções tiveram objetivos >>>> econômicos/religiosos. >>>> Não acho q seja melhor ser solteiro do que casado, ou vice-versa. Tem >>>> gente pra tudo.... rsrs Temporariamente, tudo é bom e tb ruim. Pena que a >>>> satisfação das duas situações não é eterna. Se assim fosse, as pessoas >>>> seriam muito mais felizes. >>>> >>>> ----- Original Message ----- >>>> *From:* Elaine Oliveira <elainerodriguesdeoliveira@xxxxxxxxx> >>>> *To:* analistas2002@xxxxxxxxxxxxx >>>> *Sent:* Friday, September 11, 2009 11:06 AM >>>> *Subject:* [Camaradas/Unalegis] Re: Meu assunto predileto.... >>>> >>>> O que mais me deixa intrigada nessas discussões sobre casamento é o fato >>>> das pessoas não analisarem a outra opção. Sim, porque casamento tem um >>>> monte >>>> de defeito, mas ser solteiro tem tantos outros e até mais. Ou seja, os >>>> probleas não estão ligados à nossa situação conjugal, mas sim ao fato de >>>> sermos adultos e temos todas as questões não resolvidas para enfrentar. E >>>> isso às vêzes é muito pesado, então o casamento leva a vantagem de nos >>>> permitir dividir o peso com outra pessoa: cúmplice, companheiro, culpado, a >>>> escolha é sua! >>>> Outro ponto importante: o casamento é uma das três datas que >>>> são celebradas em TODAS as culturas, de qualquer época - nascimento, >>>> casamento e morte. Então deve ser intrínseco à natureza humana. >>>> Eu mesma sou uma "convertida", sempre pensei em nunca me casar, pois >>>> via os exemplos dos mais velhos. E nem sei bem em qual desvio do caminho me >>>> vi casada, e lá se vão 26 anos. E pensando bem, acho que saí lucrando. Mas >>>> não foi fácil, muitos acertos tiveram que ser feitos, muita >>>> "reprogramação", >>>> mas sempre achei que se a pessoa valia a pena, as tentativas também >>>> deveriam >>>> valer. E para os iniciantes, uma boa notícia: vai ficando mais fácil e >>>> melhor, com o passar do tempo (se vocês tiverem o propósito de continuarem >>>> e serem felizas - veja bem, isso É UMA OPÇÂO!). >>>> Boa sorte para os que vão continuar a viagem, >>>> Elaine >>>> >>>> >>>> >>>> 2009/9/11 Paula Santos <paulabozzer@xxxxxxxxx> >>>> >>>>> Luís, >>>>> Acho que se só parássemos de preparar as crianças para serem >>>>> completamente opostos já seria o suficiente. Não é uma contradição >>>>> treinarmos a infância inteira para agirmos de formas tão diferentes e >>>>> depois sermos "obrigados" a conviver com isso? É claro que as mulheres vão >>>>> reclamar do futebol, assim como os homens vão reclamar das compras. >>>>> Infelizmente somos criados para sermos opostos, mas não complementares. >>>>> []s, >>>>> Paula >>>>> >>>>> 2009/9/10 Luís Nobre <luis.cnobre@xxxxxxxxx> >>>>> >>>>>> Concordo parcialmente. Tudo muda, as pessoas mudam. O homem muda, a >>>>>> mulher muda, o meio que os cerca muda, para um ou outro ou para ambos. >>>>>> Ganha-se experiência, você adquire outros prismas, joga outros fora. Prá >>>>>> mim >>>>>> esse texto me lembrou aquela piada que diz que casamento é como o >>>>>> submarino: >>>>>> pode até flutuar, mas foi feito mesmo para afundar. Uma pergunta: supondo >>>>>> que homens e mulheres fossem melhor instruídos/preparados para uma vida a >>>>>> dois (isso incluiria terapia já na adolescência, leitura de livros e >>>>>> artigos >>>>>> tratando do assunto, aprender com os erros dos já casados, etc), o >>>>>> número de >>>>>> laços matrimoniais aumentaria ou diminuiria? E o número de divórcios >>>>>> daqueles que mesmo sabendo dessa programação (porque é isso que o artigo >>>>>> abaixo nos diz, ou seja, somos programados a procurar alguém para nos >>>>>> livrarmos da culpa do fracasso) resolveram contrair (isso é uma doença?) >>>>>> matrimônio? >>>>>> >>>>>> abç >>>>>> Luís >>>>>> >>>>>> >>>>>> >>>>>> 2009/9/10 Patrícia Borges de Carvalho <pcborges@xxxxxxxxxxxx> >>>>>> >>>>>>> Casamentos possíveis >>>>>>> >>>>>>> >>>>>>> Contardo Calligaris >>>>>>> >>>>>>> Em geral, a gente casa com a pessoa certa: com quem podemos culpar >>>>>>> por nossos fracassos >>>>>>> >>>>>>> >>>>>>> UMA DAS boas razões para se casar é a seguinte: uma vez casados, >>>>>>> podemos culpar o casal por boa parte de nossas covardias e impotências. >>>>>>> O marido, por exemplo, pode responsabilizar mulher, filhos e >>>>>>> casamento por ele ter desistido de ser o aventureiro que ainda dorme, >>>>>>> inquieto, em seu peito. A decepção consigo mesmo é menos amarga quando é >>>>>>> transformada em acusação: "Você está me impedindo de alcançar o que eu >>>>>>> não >>>>>>> tenho a coragem de querer". >>>>>>> Essas recriminações, que disfarçam nossos fracassos, não são >>>>>>> unicamente masculinas. >>>>>>> Certo, os homens são quase sempre assombrados por impossíveis >>>>>>> devaneios de grandeza -como se algum destino extraordinário e >>>>>>> inalcançável >>>>>>> já tivesse sido sonhado para eles (e foi mesmo, geralmente pelas suas >>>>>>> mães). >>>>>>> Diante de tamanha expectativa, é cômodo alegar que o casal foi o >>>>>>> impedimento. >>>>>>> As mulheres, inversamente, seriam mais pé-no-chão, capazes de achar >>>>>>> graça nas serventias do cotidiano. Por isso mesmo, aliás, elas >>>>>>> encarnariam >>>>>>> facilmente, para os homens, os limites que a realidade impõe aos sonhos >>>>>>> que >>>>>>> eles não têm a ousadia de realizar. >>>>>>> Agora, as mulheres também sonham. Há a dona de casa que acusa o >>>>>>> marido, os filhos e o casamento por ela ter desistido de outra vida >>>>>>> (eventualmente, profissional), que teria sido fonte de maiores >>>>>>> alegrias. E >>>>>>> há, sobre tudo, para muitas mulheres, um sonho romântico de amor >>>>>>> avassalador >>>>>>> e irresistível, do qual, justamente, elas desistem por causa de marido, >>>>>>> filhos e casamento. >>>>>>> Com isso, d. Quixote se queixa de que sua mulher esconde seus livros >>>>>>> de cavalaria e o impede de sair à cata de moinhos de vento. E Madame >>>>>>> Bovary >>>>>>> se queixa de que seu marido esconde seus livros de amor e a impede de >>>>>>> sair >>>>>>> pelos bailes, à cata de paixões sublimes e elegantes. >>>>>>> Pena que raramente eles consigam ter os mesmos sonhos. Um problema é >>>>>>> que os sonhos dos homens podem ser de conquista, mas dificilmente de >>>>>>> amor, >>>>>>> pois eles derivam diretamente das esperanças que as mães depositam em >>>>>>> seus >>>>>>> filhos, e, claro, uma mãe pode esperar que seu rebento varão seja um >>>>>>> dom-juan, mas raramente esperará ser substituída por outra mulher no >>>>>>> coração >>>>>>> do filho. >>>>>>> Não pense que esse fogo cruzado de acusações seja causa recorrente de >>>>>>> divórcio. Ao contrário, ele faz a força do casamento, pois, atrás da >>>>>>> acusação ("É por sua causa que deixei de realizar meus sonhos"), >>>>>>> ouve-se: >>>>>>> "Ainda bem que você está aqui, do meu lado, fornecendo-me assim uma >>>>>>> desculpa >>>>>>> -sem você, eu teria de encarar a verdade, e a verdade é que eu mesmo não >>>>>>> paro de trair meus próprios sonhos". >>>>>>> Ou seja, em geral, a gente casa com a pessoa "certa": a que podemos >>>>>>> culpar por nossos fracassos. E essa, repito, não é uma razão para >>>>>>> separar-se. Ao contrário, seria uma boa razão para ficar juntos. >>>>>>> Quando a coisa aperta, não é porque sonhos e devaneios teriam sido >>>>>>> frustrados "por causa do outro", mas pelas "cobranças", que, elas sim, >>>>>>> podem >>>>>>> se revelar insuportáveis. >>>>>>> Um exemplo masculino. Uma mulher me permite acreditar que é por causa >>>>>>> dela que eu não consigo ser o que quero: graças a Deus, não posso mais >>>>>>> tentar minha sorte no garimpo agora que tenho esposa, filhos e tal. Até >>>>>>> aqui, tudo bem. Como compensação pelos sonhos dos quais eu desisti, >>>>>>> passo as >>>>>>> tardes de domingo afogando num sofá e soltando foguetes quando meu time >>>>>>> marca um gol, mas eis que, no meio do jogo, minha mulher me pede para >>>>>>> brincar com as crianças ou para ir até à padaria e comprar o necessário >>>>>>> para >>>>>>> o café - logo a mim, que deveria estar explorando as fontes do Nilo ou >>>>>>> negociando a paz entre os senhores da guerra da Somália. >>>>>>> Essa cobrança, aparentemente chata, poderia salvar-me da morosa >>>>>>> constatação do fracasso de meus sonhos e das ninharias com as quais me >>>>>>> consolo. Talvez, aliás, ela me ajudasse a encontrar prazer e satisfação >>>>>>> na >>>>>>> vida concreta, nos afetos cotidianos. Mas não é o que acontece: o que >>>>>>> ouço é >>>>>>> mais uma voz que confirma minha insuficiência. >>>>>>> À cobrança dos sonhos dos quais desisti acrescenta-se a cobrança de >>>>>>> quem foi (ou é) "causa" de minha desistência e razão de meu >>>>>>> "sacrifício": >>>>>>> "Olhe só, mesmo assim, ela não está satisfeita comigo." Em suma, não >>>>>>> presto, >>>>>>> nunca, para mulher alguma -nem para a mãe que queria que eu fosse herói >>>>>>> nem >>>>>>> para a esposa para quem renunciei a ser herói. E a corda arrebenta. >>>>>>> O ideal seria aceitar que nosso par nos acuse de seus fracassos e, >>>>>>> além disso, não lhe pedir nada. Difícil. >>>>>>> >>>>>>> >>>>>> >>>>> >>>> ------------------------------ >>>> E-mail verificado pelo Terra Anti-Spam. >>>> Para classificar esta mensagem como spam ou não spam, clique >>>> aqui<http://ecp.terra.com.br/cgi-bin/reportspam.cgi?+_d=SCY2NDM2NTk3I3Blcm0hdGVycmEmMSwxMjUyNjc4MDk0LjEyMjU3MS4xNTc1MC5ib3ByZS50ZXJyYS5jb20sMjI2MDM=TerraMail> >>>> . >>>> Verifique periodicamente a pasta Spam para garantir que apenas mensagens >>>> indesejadas sejam classificadas como Spam. >>>> >>>> >>> >> >