[Camaradas/Unalegis] Re: Meu assunto predileto....

  • From: Elaine Oliveira <elainerodriguesdeoliveira@xxxxxxxxx>
  • To: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
  • Date: Sat, 12 Sep 2009 00:44:50 -0300

Se a natureza do ser humano não contrariasse as convenções sociais, elas não
seriam necessárias...

2009/9/11 Luís Nobre <luis.cnobre@xxxxxxxxx>

> Ah, agora sim minha inteligência não está sendo agredida. As respostas das
> Patrícias, do Norman e da Elaine são muito melhores em conteúdo do que o
> texto do Sr. Contardo. Eu acredito que somos programados é para ser felizes.
> Se o casamento acaba ou não, o resultado, no final, tem que ser um só: a
> felicidade, tanto de um quanto do outro.
>
> Grande abraço a todos.
> Luís
>
>
> 2009/9/11 patricia kelly batista de andrade <patriciakellyb@xxxxxxxxx>
>
>  Concordando com a Elaine, e não tão paradoxalmente, com a Patricia
>> Borges.
>> Quando falamos em casamento, há uma tremenda confusão com o que atualmente
>> buscamos e o que tal convenção significou até muito pouco tempo atrás (na
>> época de nossos pais ou avós).
>> Entendo este conceito mais atual como uma união voluntária de duas
>> pessoas, lealdade, cumplicidade, companheirismo, prazer e vontade de
>> permanecer juntos POR OPÇÃO, ou seja, por julgar que assim é melhor para
>> prosseguir vivenciando tanto as dores quanto as alegrias inerentes à vida,
>> sejam elas racionalizadas, entendidas ou não, caro Luís.
>> Nesse conceito atual, com as mudanças individuais de objetivos frente às
>> novas situações vivenciadas pode se chegar à conclusão de que não se quer
>> mais permanecer juntos. Conversar, acertar, ajustar ou, se não mais for a
>> melhor opção, separar, ora.
>> Se tivermos a coragem de sermos sinceros conosco mesmos e com o outro,
>> acredito que isso seja possível sem maiores atritos e mantendo-se uma boa
>> amizade até. Bom, é apenas uma opinião. Ainda não passei pela experiência de
>> separação, estou casada há 15 anos e, há uns 7 anos, me vi na contingência
>> de ter que "ajudar" meus pais a terminarem um casamento de mais de 30 anos.
>> Creio que este conceito entra em total conflito com o que casamento
>> significava até muito pouco tempo, na época em que permanecer juntos para
>> manter o patrimônio e dividir as tarefas mais nitidamente femininas e
>> masculinas numa família era o mais conveniente. Prosperidade material e
>> longa duração eram sinônimos de bom casamento, e as pessoas sentiam-se
>> felizes com isso.
>> Hoje, queremos muito mais para sermos felizes, prosperidade material não
>> basta, e aí a coisa fica ligeiramente
>> mais complicada, porque o que buscamos individualmente varia muitíssimo de
>> pessoa para pessoa, de momento para momento, enfim, é supercomplexo e
>> dificílimo de ser enquadrado em receitas ou teorias prontas.
>> O ser humano é um bichinho extremamente complexo, seja homem ou mulher,
>> capaz de reinventar-se a cada momento e modificar o meio não só ambiental,
>> mas social, em que vive.
>> Não gosto de excessos de classificações e enquadramentos científicos,
>> embora concorde que ajudam a entender um pouco de nós mesmos e nossas dores,
>> mas como tão bem repete o Luís, ajuda a racionalizar e entender as dores,
>> mas não as erradica.
>> Contudo, cada um encontrar o seu caminho, livres de convenções sociais,
>> não é apenas utopia, mas muitíssimo mais complexo do que seguir receitas
>> prontas. Então, até certo ponto, ceder conscientemente a convenções sociais
>> pode sim ser uma experiência interessante, desde que não seja
>> escravizando-se por elas.
>> Um relacionamento não é algo pronto e estável para vida toda, mas é
>> construído a aperfeiçoado a cada momento conforme as circunstâncias e as
>> compatibilizações das mudanças individuais, quando ainda é possível
>> compatibilizá-las, claro.
>> Bom, espero ter contribuído de alguma forma para o debate...
>> E, claro, vou mandar cópias deste para compartilhar a reflexão com o
>> digníssimo...
>>
>>
>>
>> 2009/9/11 Elaine Oliveira <elainerodriguesdeoliveira@xxxxxxxxx>
>>
>>  Entendo que quando estamos falando de casamento estamos nos referindo à
>>> união de duas pessoas, e não do contrato social.
>>> Aceito a teoria de que o casamento formal foi criado após a descoberta do
>>> papel do homem na fecundidade, mas a união dos casais já existia muito antes
>>> do exercício do patrimonialismo e das religiões castradoras. E existe ainda
>>> hoje, nas culturas que não praticam as mesmas regras morais e/ou econômicas
>>> nossas. Mesmo na pré-história, há registros de "casamentos", não formais,
>>> claro.
>>> Quanto à felicidade, excetuando causas extremas, acredito que seja
>>> realmente uma opção pessoal.
>>>
>>> 2009/9/11 Patricia Borges de Carvalho <pcborges@xxxxxxxxxxxx>
>>>
>>>  O casamento, infelizmente ou não, não é intrínseco à natureza humana.
>>>> Foi criado por conveniências econômicas, depois que o homem descobriu que
>>>> participava da fecundação. Qdo ele não sabia disso, a vida de todos era bem
>>>> melhor rsrs. A finalidade foi a de "cercar" a mulher para garantir que os
>>>> bens não parassem nas mãos de filhos não legítimos. A idéia de que o prazer
>>>> sexual é pecado tb teve conveniências econômicas. Então estabeleceram que
>>>> tal prazer só poderia existir dentro do casamento e inventaram a 
>>>> fidelidade.
>>>> A natureza do ser humano contraria as convenções sociais, nos conformemos 
>>>> ou
>>>> não com isso. E a maioria de tais convenções tiveram objetivos
>>>> econômicos/religiosos.
>>>> Não acho q seja melhor ser solteiro do que casado, ou vice-versa. Tem
>>>> gente pra tudo.... rsrs Temporariamente, tudo é bom e tb ruim. Pena que a
>>>> satisfação das duas situações não é eterna. Se assim fosse, as pessoas
>>>> seriam muito mais felizes.
>>>>
>>>>  ----- Original Message -----
>>>> *From:* Elaine Oliveira <elainerodriguesdeoliveira@xxxxxxxxx>
>>>> *To:* analistas2002@xxxxxxxxxxxxx
>>>>   *Sent:* Friday, September 11, 2009 11:06 AM
>>>> *Subject:* [Camaradas/Unalegis] Re: Meu assunto predileto....
>>>>
>>>> O que mais me deixa intrigada nessas discussões sobre casamento é o fato
>>>> das pessoas não analisarem a outra opção. Sim, porque casamento tem um 
>>>> monte
>>>> de defeito, mas ser solteiro tem tantos outros e até mais. Ou seja, os
>>>> probleas não estão ligados à nossa situação conjugal, mas sim ao fato de
>>>> sermos adultos e temos todas as questões não resolvidas para enfrentar. E
>>>> isso às vêzes é muito pesado, então o casamento leva a vantagem de nos
>>>> permitir dividir o peso com outra pessoa: cúmplice, companheiro, culpado, a
>>>> escolha é sua!
>>>> Outro ponto importante: o casamento é uma das três datas que
>>>> são celebradas em TODAS as culturas, de qualquer época - nascimento,
>>>> casamento e morte. Então deve ser intrínseco à natureza humana.
>>>> Eu mesma sou uma "convertida", sempre pensei em nunca me casar, pois
>>>> via os exemplos dos mais velhos. E nem sei bem em qual desvio do caminho me
>>>> vi casada, e lá se vão 26 anos. E pensando bem, acho que saí lucrando. Mas
>>>> não foi fácil, muitos acertos tiveram que ser feitos, muita 
>>>> "reprogramação",
>>>> mas sempre achei que se a pessoa valia a pena, as tentativas também 
>>>> deveriam
>>>> valer. E para os iniciantes, uma boa notícia: vai  ficando mais fácil e
>>>> melhor, com o passar do tempo (se vocês tiverem o propósito de continuarem
>>>> e serem felizas - veja bem, isso É UMA OPÇÂO!).
>>>> Boa sorte para os que vão continuar a viagem,
>>>> Elaine
>>>>
>>>>
>>>>
>>>> 2009/9/11 Paula Santos <paulabozzer@xxxxxxxxx>
>>>>
>>>>> Luís,
>>>>> Acho que se só parássemos de preparar as crianças para serem
>>>>> completamente opostos já seria o suficiente. Não é uma contradição
>>>>> treinarmos a infância inteira para agirmos de formas tão diferentes e
>>>>> depois sermos "obrigados" a conviver com isso? É claro que as mulheres vão
>>>>> reclamar do futebol, assim como os homens vão reclamar das compras.
>>>>> Infelizmente somos criados para sermos opostos, mas não complementares.
>>>>> []s,
>>>>> Paula
>>>>>
>>>>>  2009/9/10 Luís Nobre <luis.cnobre@xxxxxxxxx>
>>>>>
>>>>>> Concordo parcialmente. Tudo muda, as pessoas mudam. O homem muda, a
>>>>>> mulher muda, o meio que os cerca muda, para um ou outro ou para ambos.
>>>>>> Ganha-se experiência, você adquire outros prismas, joga outros fora. Prá 
>>>>>> mim
>>>>>> esse texto me lembrou aquela piada que diz que casamento é como o 
>>>>>> submarino:
>>>>>> pode até flutuar, mas foi feito mesmo para afundar. Uma pergunta: supondo
>>>>>> que homens e mulheres fossem melhor instruídos/preparados para uma vida a
>>>>>> dois (isso incluiria terapia já na adolescência, leitura de livros e 
>>>>>> artigos
>>>>>> tratando do assunto, aprender com os erros dos já casados, etc), o 
>>>>>> número de
>>>>>> laços matrimoniais aumentaria ou diminuiria? E o número de divórcios
>>>>>> daqueles que mesmo sabendo dessa programação (porque é isso que o artigo
>>>>>> abaixo nos diz, ou seja, somos programados a procurar alguém para nos
>>>>>> livrarmos da culpa do fracasso) resolveram contrair (isso é uma doença?)
>>>>>> matrimônio?
>>>>>>
>>>>>> abç
>>>>>> Luís
>>>>>>
>>>>>>
>>>>>>
>>>>>> 2009/9/10 Patrícia Borges de Carvalho <pcborges@xxxxxxxxxxxx>
>>>>>>
>>>>>>> Casamentos possíveis
>>>>>>>
>>>>>>>
>>>>>>> Contardo Calligaris
>>>>>>>
>>>>>>> Em geral, a gente casa com a pessoa certa: com quem podemos culpar
>>>>>>> por nossos fracassos
>>>>>>>
>>>>>>>
>>>>>>> UMA DAS boas razões para se casar é a seguinte: uma vez casados,
>>>>>>> podemos culpar o casal por boa parte de nossas covardias e impotências.
>>>>>>> O marido, por exemplo, pode responsabilizar mulher, filhos e
>>>>>>> casamento por ele ter desistido de ser o aventureiro que ainda dorme,
>>>>>>> inquieto, em seu peito. A decepção consigo mesmo é menos amarga quando é
>>>>>>> transformada em acusação: "Você está me impedindo de alcançar o que eu 
>>>>>>> não
>>>>>>> tenho a coragem de querer".
>>>>>>> Essas recriminações, que disfarçam nossos fracassos, não são
>>>>>>> unicamente masculinas.
>>>>>>> Certo, os homens são quase sempre assombrados por impossíveis
>>>>>>> devaneios de grandeza -como se algum destino extraordinário e 
>>>>>>> inalcançável
>>>>>>> já tivesse sido sonhado para eles (e foi mesmo, geralmente pelas suas 
>>>>>>> mães).
>>>>>>> Diante de tamanha expectativa, é cômodo alegar que o casal foi o
>>>>>>> impedimento.
>>>>>>> As mulheres, inversamente, seriam mais pé-no-chão, capazes de achar
>>>>>>> graça nas serventias do cotidiano. Por isso mesmo, aliás, elas 
>>>>>>> encarnariam
>>>>>>> facilmente, para os homens, os limites que a realidade impõe aos sonhos 
>>>>>>> que
>>>>>>> eles não têm a ousadia de realizar.
>>>>>>> Agora, as mulheres também sonham. Há a dona de casa que acusa o
>>>>>>> marido, os filhos e o casamento por ela ter desistido de outra vida
>>>>>>> (eventualmente, profissional), que teria sido fonte de maiores 
>>>>>>> alegrias. E
>>>>>>> há, sobre tudo, para muitas mulheres, um sonho romântico de amor 
>>>>>>> avassalador
>>>>>>> e irresistível, do qual, justamente, elas desistem por causa de marido,
>>>>>>> filhos e casamento.
>>>>>>> Com isso, d. Quixote se queixa de que sua mulher esconde seus livros
>>>>>>> de cavalaria e o impede de sair à cata de moinhos de vento. E Madame 
>>>>>>> Bovary
>>>>>>> se queixa de que seu marido esconde seus livros de amor e a impede de 
>>>>>>> sair
>>>>>>> pelos bailes, à cata de paixões sublimes e elegantes.
>>>>>>> Pena que raramente eles consigam ter os mesmos sonhos. Um problema é
>>>>>>> que os sonhos dos homens podem ser de conquista, mas dificilmente de 
>>>>>>> amor,
>>>>>>> pois eles derivam diretamente das esperanças que as mães depositam em 
>>>>>>> seus
>>>>>>> filhos, e, claro, uma mãe pode esperar que seu rebento varão seja um
>>>>>>> dom-juan, mas raramente esperará ser substituída por outra mulher no 
>>>>>>> coração
>>>>>>> do filho.
>>>>>>> Não pense que esse fogo cruzado de acusações seja causa recorrente de
>>>>>>> divórcio. Ao contrário, ele faz a força do casamento, pois, atrás da
>>>>>>> acusação ("É por sua causa que deixei de realizar meus sonhos"), 
>>>>>>> ouve-se:
>>>>>>> "Ainda bem que você está aqui, do meu lado, fornecendo-me assim uma 
>>>>>>> desculpa
>>>>>>> -sem você, eu teria de encarar a verdade, e a verdade é que eu mesmo não
>>>>>>> paro de trair meus próprios sonhos".
>>>>>>> Ou seja, em geral, a gente casa com a pessoa "certa": a que podemos
>>>>>>> culpar por nossos fracassos. E essa, repito, não é uma razão para
>>>>>>> separar-se. Ao contrário, seria uma boa razão para ficar juntos.
>>>>>>> Quando a coisa aperta, não é porque sonhos e devaneios teriam sido
>>>>>>> frustrados "por causa do outro", mas pelas "cobranças", que, elas sim, 
>>>>>>> podem
>>>>>>> se revelar insuportáveis.
>>>>>>> Um exemplo masculino. Uma mulher me permite acreditar que é por causa
>>>>>>> dela que eu não consigo ser o que quero: graças a Deus, não posso mais
>>>>>>> tentar minha sorte no garimpo agora que tenho esposa, filhos e tal. Até
>>>>>>> aqui, tudo bem. Como compensação pelos sonhos dos quais eu desisti, 
>>>>>>> passo as
>>>>>>> tardes de domingo afogando num sofá e soltando foguetes quando meu time
>>>>>>> marca um gol, mas eis que, no meio do jogo, minha mulher me pede para
>>>>>>> brincar com as crianças ou para ir até à padaria e comprar o necessário 
>>>>>>> para
>>>>>>> o café - logo a mim, que deveria estar explorando as fontes do Nilo ou
>>>>>>> negociando a paz entre os senhores da guerra da Somália.
>>>>>>> Essa cobrança, aparentemente chata, poderia salvar-me da morosa
>>>>>>> constatação do fracasso de meus sonhos e das ninharias com as quais me
>>>>>>> consolo. Talvez, aliás, ela me ajudasse a encontrar prazer e satisfação 
>>>>>>> na
>>>>>>> vida concreta, nos afetos cotidianos. Mas não é o que acontece: o que 
>>>>>>> ouço é
>>>>>>> mais uma voz que confirma minha insuficiência.
>>>>>>> À cobrança dos sonhos dos quais desisti acrescenta-se a cobrança de
>>>>>>> quem foi (ou é) "causa" de minha desistência e razão de meu 
>>>>>>> "sacrifício":
>>>>>>> "Olhe só, mesmo assim, ela não está satisfeita comigo." Em suma, não 
>>>>>>> presto,
>>>>>>> nunca, para mulher alguma -nem para a mãe que queria que eu fosse herói 
>>>>>>> nem
>>>>>>> para a esposa para quem renunciei a ser herói. E a corda arrebenta.
>>>>>>> O ideal seria aceitar que nosso par nos acuse de seus fracassos e,
>>>>>>> além disso, não lhe pedir nada. Difícil.
>>>>>>>
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